5 dias pela costa do sal: Onde o sertão vira mar – Parte I

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Longe da muvuca dos arredores de Natal (RN), bem + ao norte existem quase 250km de praias c/ características bem diferentes de Genipabu, Pta Negra ou Pipa. É a chamada “Costa do Sal“ (ou Costa Branca), em alusão às salinas de seu trecho final. Lá, dunas alvas e falésias coloridas se derramam sobre praias desertas banhadas pelo mar turquesa ou por eventuais mangues, sítios arqueológicos, bodes ou jegues aparecem subitamente pela areia, e vilas de pescadores perdidas seguem tranqüilamente sua rotina s/ fila alguma de ônibus de excursão, bugueiros, lixo na orla ou resort próximo. Emoldurado nesta exótica paisagem é possível uma pernada de 5 dias puxados, indo de Touros ate Areia Branca, quase divisa c/ Ceará. Só assim, caminhando sob sol forte este selvagem e menos conhecido do litoral potiguar, entende-se pq ali é o único pto do mapa no qual a caatinga retorce seus galhos à beira-mar c/ rara beleza.

DO SERTÃO ATÉ NATAL

Sai bem cedo de Currais Novos, pacata cidade localizada no interior do Sertão do Seridó, as 6hrs, rumo à capital potiguar, distante quase 200 km dali. O dia estava nublado, algo raro em se tratando destes lados do nordeste, mas eu estava resoluto: mesmo gripado e indisposto, tinha q começar a pernada de litoral q me propusera por razões de cronograma apertado. Assim, tentei me distrair apreciando a paisagem emoldurada na janela. Esta, por sua vez, mostrava-se não mto diferente do q vira nas ultimas semanas de trip: o ótimo estado da BR-111 contrastava c/ o cenário q a cercava, marcado pelo sertão cinza ressequido, arbustos e arvores q não passam de um emaranhado de galhos secos, pequenas casas c/ captadores de água, açudes secos, povoados ermos c/ “açougues” a céu aberto, rústicas plantações de palmas, gado esquálido se misturando à bodes e jegues errantes, e uma ou outra serra destoando da horizontalidade da paisagem.

Após passar pelos povoados (e não cidades) de Sta Cruz, Tangará e Bom Jesus, a proximidade do litoral mostra uma mudança significativa na paisagem. O verde começa a aparecer de forma discreta na vegetação à margem da estrada p/ depois se materializar c/ força total na forma de vistosas palmeiras, belos cajueiros, frondosos pés-de-manga e muitas cajazeiras. E assim, quase as 9hrs, chego finalmente em Natal, sob forte sol matinal. A pequena rodoviária fica fora dos limites do centrão da cidade, mas a&nbsp, muvuca em seu interior é intensa. Garanto já minha passagem p/ Touros (Expresso Cabral), quase 65 km dali, e vou comer algum salgado p/ complementar meu mirrado ou quase-inexistente desjejum.

TOUROS, A ESQUINA DO BRASIL

Parto de Natal 45min após ter nela chegado. Passamos pelo trevo q leva à “Rota do Sol”, q por sua vez leva ao litoral sul do RN, incluindo a farofada Pta Negra. C/ algum esforço, é possível avistar as dunas douradas de Genipabu, ao longe, assim como a de algumas praias urbanas q o busão vai costeando. Após um vasto manguezal, cruzamos por uma ponte interminável, as águas escuras e calmas do Rio Potengui, p/ em seguida tomar rumo em definitivo p/ norte, costeando o litoral ao longe.
Após entrar na pacata Ceará-Mirim, o busão toma uma estrada q passa pelo “Roteiro dos Engenhos”, onde ruínas dos mesmos são avistadas em meio ao pasto, palmeiras e arbustos q forram a paisagem. Sempre costeando o litoral, e após as bifurcações q nos levariam às praias de Muriú, Jacumã e Pitininga, nos afastarmos um pouco do mesmo em direção ao interior, p/ atravessar uma vasta planície cercada de areia de tonalidade avermelhada e alguns arbustos. Dunas douradas são avistadas ao longe, assim como enormes “ventiladores” p/ captação de energia eólica.

A proximidade do litoral novamente é anunciada pelo aparecimento de bananeiras e palmeiras em profusão. Assim ao meio-dia, sob um sol brilhando c/ td sua forca lá no alto, salto no centrão da vila de Touros. Por ruas de paralelepípedos vou costurando a vila ate finalmente pisar nas areias fofas e claras da Praia de Touros, q contrastam maravilhosamente c/ as águas calmas de um mar verde claro! Claro q esta é uma praia bonita, turística e, portanto, bem farofada. Banhistas se misturam aos ambulantes às pencas, garantindo uma muvuca típica destes locais mais visados pelo turismo convencional. Mas aqui não é meu destino. Dou de costas às praias da direita (Carnaubinhas e Perobas) e, c/ pé na areia num chão duro e plano, começo a pernada sentido contrario, isto é, rumo as praias do oeste! No caminho à beira-mar, observo perplexo as ruínas de casas q foram engolidas pela maré alta, mostrando q a natureza tem vezes de reivindicar seu espaço legitimo.

Após um tempão alcanço a ponta no final da praia. A brisa suave se mistura à maresia e refresca o calor daquele inicio de tarde. Olho pros lados e me vejo só, deixando a farofa lá atrás. Um enorme farol listrado de 62m parece ser o sentinela desta praia deserta, c/ mtos recifes emergindo do mar esmeralda. É o Farol do Calcanhar, o maior das Américas, cercado por uma grade onde uma placa indica o local pertencer à União. Aqui cruzo c/ um casal norueguês q fazia o percurso inverso ao meu, de bike. Aproveito a deixa p/ baterem uma foto c/ minha maquina, já vacinado pela experiência noutras travessias de litoral pelo país de q apenas os gringos sabem bater fotos decentes, pois brazucas costuma não saber operar a maquina ou a batem td tremida.

A enseada sgte descortina lentamente a enorme Praia do Cajueiro. Costeada por algumas palmeiras perfiladas, suas areias douradas são banhadas por um mar de tonalidade esmeralda intensa. Mtos recifes despontam na maré baixa daquele horário, salpicando de tons escuros aquele belo cenário. São quase 14hrs e o sol esta rijo lá no alto. C/ fome, estaciono num quiosquinho simples da única vila à beira-mar, onde mando ver uma breja, um pf e um descanso vespertino básico. Diferente de Touros, o Cajueiro tem bem menos gente. Praticamente são tds daqui, o q se constata na penca de pequenas embarcações pesqueiras “estacionadas” no mar, balançando ao sabor do vento. A paisagem por si já dá uma preguiça enorme, no entanto um radinho tocando ruidosamente “Aviões do Forró” me enxota na seqüência, lembrando q ainda tenho pernada pela frente.

Novamente descalço na areia, tomo rumo à enseada sgte q me leva à Lagoa do Sol, as 16hrs, uma bela praia deserta cercada de dunas. Aqui a faixa de praia parece se estreitar e me leva a costear pequenas falésias, recifes e alguns rochedos, ate finalmente dar na praia sgte, a Praia de São José. Esta seria + uma praia deserta não fossem algumas poucas casas surgindo em meio às palmeiras q se esparrama por td sua extensão. Aqui só vi uma meia dúzia de surfistas, confirmando a fama de deserto ao local. A praia deserta sgte, Cadeiro, é enorme em extensão, mas parece perfeita p/ pernoitar. Não demora e, as 17hrs, monto acampamento na larga faixa de restinga arbustiva q separa o vasto coqueiral da areia e do mar. Enqto coloco minha blusa p/ secar do suor num xique-xique, descanso na areia apreciando o mar se tingindo de varias tonalidades c/ a luminosidade se esvaindo a medida q o sol pousa à oeste, no horizonte. A noite trouxe junto zilhões de estrelas q forraram o firmamento, belisquei um lanche e cai no sono. Não devo ter andado nem 15km naquela tarde, mas devia descansar pq os próximos dias seriam bem mais exigentes. A partir dali o litoral será voltado pro norte e não pro leste, motivo pelo qual a região é chamada de “Esquina do Brasil”. De resto, o tempo estava bem agradável, tanto é q dispensei o saco-de-dormir e passei a noite mto bem apenas esparramado sobre o isolante!

S. MIGUEL DO GOSTOSO, BOSQUES PETRIFICADOS, MARCO E EXU-QUEIMADO

Levanto qdo a luminosidade matinal toca a barraca, as 5hrs. Arrumo minhas coisas, tomo um breve café e zarpo meia hora depois. Dou as costas ao sol, q nasce lentamente no horizonte, ganhar a areia e tomar rumo ate o final daquela enorme praia. Desta vez evito andar descalço, pq a areia dura e plana permite caminhar perfeitamente de bota. No caminho, contar os elétricos siris, baiacus mortos e águas-vivas na areia são minha diversão naquele inicio de dia. No céu, um gavião plana buscando algum peixe deixado pela maré, enqto jangadas começam a surgir no mar p/ mais um dia de pesca.

A enseada sgte me leva, as 6:30, à famosa São Miguel do Gostoso (na verdade, S. Miguel de Touros), cuja enorme praia é cercada de um vasto e belo coqueiral. Uma vez na praça principal da simpática vila de ruas de areia à beira-mar, na Praia da Xêpa, coleto infos pescadores locais a respeito das condições e distancias as praias sgtes, assim como bons ptos de água confiável. “A próxima praia ta uma légua e meia!”, me diz um tiozinho, esquecendo de apertar a tecla SAP. Só depois saquei q uma légua equivale a 6km. Aproveito tb a parada p/ me presentear c/ uma chuveirada num dos poucos quiosques dali, fechados naquele horário.

Pé-na-areia novamente, a pernada me leva à enorme Praia de Maceió, totalmente deserta e me toma um tempão p/ percorrer seus 9 km de extensão. A praia divide o mar de uma enorme e extensa faixa de restinga desertificada, tomada por vegetação rala arbustiva, cactos e muitas dunas, alem de curiosas placas de vendas de lotes “For Sale” em inglês são parte recorrente da paisagem. Mais adiante, o sumiço abrupto da praia e o surgimento de recifes me obrigam a subir a encosta de restinga e a andar por uma estrada de areia q acompanha a praia. Contudo, este trecho é de areia fofa e, portanto, demanda de mais esforço e fôlego p/ percorrer.

O sol inclemente e a ausência total de sombra apenas tornam + penoso este trecho, q só não é 100% pela presença de curiosos paredões rochosos escuros q destoam da areia clara, despertando interesse. Lapidados e polidos pela chuva e vento, estas formações rochosas nada mais são q dunas petrificadas a milhões de anos! Da mesma forma, quem não tocar não percebe q os troncos secos q eventualmente brotam dos areais são pedras, ou seja, aquilo é um bosque petrificado!

Após andar – quase me arrastando – por uma pequena praia inclinada de areia fofa avermelhada, as 9hrs, dou na enseada de bela e deserta Praia de Tourinhos, cujas areias brancas reluzem e destoam do mar esverdeado! No meio da restinga tem o único morador dali, c/ o qual abasteço meu cantil, p/ depois ficar de bobeira na areia descansando, na sombra fresca de um toldo improvisado c/ folhas de palmeiras. Um bugueiro surge de uma estrada próxima (q vem da vila de Reduto, 6 km p/ continente) trazendo um jovem casal de Nápoles. Enqto o italiano vai surfar eu tenho uma breve prosa c/ sua companheira, q faz um descontraído topless na areia.

Uma hora depois, descansado e satisfeito da “paisagem”, retomo a pernada percorrendo td aquela enorme enseada, p/ em seguida tomar a Praia do Varame, no final da ponta. Longa e quase reta, esta faixa de areia é totalmente deserta, e termina me levando à bonita, porem perrengueira Praia dos Morros. Como não dá pra ir pela praia por estar coberta de recifes e pedras irregulares, o jeito é acompanhar a estrada de areia fofa rente a orla, q segue sinuosa em meio a pequenas dunas, o q a pé torna-se extremamente desgastante. Por sorte, consigo carona c/ um improvável motoqueiro, q economiza 5 valiosos kms e me deixa na praia sgte, a Praia do Marco, as 11:30. Cercada de uma vasta área de restinga rala desertificada, esta praia tem mais infra e turistas. Aqui foi fixado o 1º marco do descobrimento português no Brasil, simbolizado por um totem a beira-mar, do lado da Capela de Nsa Sra dos Navegantes. O calor e o sol forte me obrigam a dar uma parada aqui, onde descanso tomando um refri (sim, isso mesmo!) num quiosque.

A pernada prossegue por 5km costeando um litoral mais deserto e árido da trip, onde cactos de caatinga surgem c/ mais freqüência em meio à ondulação de dunas douradas e a horizontalidade da escassa restinga. O sol frita os miolos e o cansaço não tarda em aparecer. O final daquela enorme enseada é marcado pela verdejante vegetação da próxima praia q já era visível e q, tal qual um bem-vindo oásis em meio ao deserto, atende pelo nome de Exu-Queimado. São 13:30 e termino caindo numa pequena vila c/ som de forró saindo de suas poucas casas. Lá, alem de um descanso e banho merecidos, me regozijo c/ um suculento pf e um caldo de cação!

Mas ainda tem luz de sobra e a caminhada deve render + alguns bons kms. Pelo menos ate a metade da próxima praia, Caiçara, distante 23 km dali. E lá vou eu palmilhando outra enseada deserta interminável, cuja faixa de areia se espreme cada vez mais contra pequenas falésias e dunas por conta da maré cheia. Busco me distrair cantando em voz alta, andando de costas ou ate conversando c/ a bicharada q encontro no caminho, mas logo minha preocupação de arrumar um bom local de pernoite toma meus pensamentos. Olhando ate onde a vista alcançava, a paisagem não sugeria nenhum espaço plano p/ acampar. Pelo menos não rente à praia, onde o mar em breve arrebentaria diretamente na encosta arenosa de restinga alta e íngreme. O jeito era passar p/ outro lado da pequena falésia. Após escalaminhar a mesma, termino caindo num vasto areal de restinga rala, bem mais difícil de andar q na praia. E agora? Se correr o bicho pega se ficar o bicho come. Optei por ficar onde estava, caminhando trôpega e exaustivamente pela areia fofa, com sol castigando diretamente meu rosto!

Qdo pensava em retornar à praia, eis q encontro um vão entre a falésia espaçoso o suficiente p/ acomodar uma barraca, as 17:15. Mas o melhor era q ali bem perto havia uma palhoça abandonada, provavelmente de pescadores, q veio de encontro as minhas necessidades. Montei meu acampamento ao lado dela, já q ali, naquela planície ondulada de dunas e restingas, ventava consideravelmente. Jantei um pouco antes do céu se encher de estrelas e, exausto, desfaleci sobre o isolante p/ dormir uma noite inteira de ótimo sono. De madrugada ventou bastante, mas nem a trepidação da armação ou do sobreteto da barraca me furtaram do meu descanso merecido.

PTA DOS 3 IRMÃOS, CAIÇARA, GALOS E GALINHOS

Desperto todo moído no mesmo instante em q o sol se eleva sobre a costa potiguar, as 5hrs. Meia hr depois já estou de saída, obedecendo c/ rigorosa disciplina meu cronograma diário. A maré vazante facilita andar num chão plano, largo e duro, entretanto aqui isso não ajuda mto pq a praia é levemente inclinada, e assim o é ate o final de sua extensa enseada. Mas após uma hora de árdua caminhada, as falésias e dunas q nos acompanhavam bem próximos à esquerda reduzem seu tamanho ate se tornar uma vasta planície de restinga rala. Melhor assim, pq a praia tb dá lugar a recifes e rochas entremeados de areia fofa.

Dessa forma passo acompanhando os rastros de pneus na areia q costeiam a orla pela restinga plana, e após um tempão alcanço a chamada Pta dos 3 Irmãos, q é uma pta recortada em pequenas praias internas. Prosseguir pela areia é de fato impossível, pois o mar avança diretamente sobre as falésias. Mantenho-me, então, pela estrada de areia q sobe lenta e imperceptivelmente ao alto da falésia p/ chegar ao outro lado, e dali o processo se repetir em vários sobe-desce desgastantes, q me obrigam a varias paradas p/ retomada de fôlego! Subir e descer estradas de areia fofa não é nada fácil! Assim, percorri o alto da falésia passando por 3 ou 4 belas praias desertas, enfiadas em pequenas enseadas cercadas de altos muros coloridos de areia ou rocha. Do alto, a visão de td extensão do mar esmeralda leva a reflexão, ainda mais qdo vigiado por enormes mandacarus e facheiros do alto das dunas.

Depois de prosseguir duramente nesse árduo sobe-desce, agora em meio a belas dunas e rochedos escuros erodidos, a estrada parece nivelar numa extensa restinga c/ chão forrado de conchinhas. O solo, por sua vez, esconde varias pedras lascadas, resultando noutro enorme e improvável sitio arqueológico! Mas eu tô nem ai c/ esses achados. To bem cansado e não vejo a hora de chgar numa vila qq. Costeio duas outras gdes praias desertas em linha reta, ate já conseguir avistar um farol ao longe, q é o sinal de q estou próximo da Praia de Caiçara.

Deixo a praia em favor de uma estrada de chão e, num piscar de olhos alcanço a base do Farol Sto Humberto, as 9hrs. Localizado no alto de um morro, q tb serve de mirante p/ enseada sgte, aprecio a Praia de Caiçara esparramando sua faixa areia fina e dourada, enqto barcos pesqueiros balançam ao mar. Aos pés do farol, me dou um tempo de descanso (e remover a areia de dentro da bota) a pto de apreciar as ruínas próximas do q pareceu ser um vilarejo engolido pelas dunas e pelo mar. Por isso q a vila de Caiçara migrou + p/ continente.

Desço à praia e procuro alguma vendinha/quiosque p/ descansar e tomar algo, mas a enorme praia encontro c/ meia dúzia de turistas. Pergunta aqui e ali, vou de encontro a&nbsp, um barzinho, as 9:30, onde o cara resolve abrir justamente p/ me atender. Ainda bem. Tomando 2 brejas ao som do forró “Sacaniar” e “Desejo de Menina”, pergunto do pq daquela bela praia estar vazia em pleno verão, e a resposta q tenho é q a vila anda reivindicando faz tempo a vinda de asfalto e eletricidade ate ali, pois as condições precárias e rústicas desestimulam qq forma de turismo convencional no local. E por conta disso tds vivem da pesca. O sol lá fora tava de rachar cuca, razão pela qual ali foi o maior pit-stop q tive de td trip.

Descansado e bem mais disposto, parti p/ dar continuidade à pernada 12:00, baixo de sol escaldante. Por sorte estava ventando, o q abrandou o calor do horário. Percorro s/ pressa a enseada de Caiçara, apreciando boa parte de suas construções a beira-mar engolida pelas águas, em ruínas. Por isso q na praia esta repleto de blocos enormes de pedras p/ conter a força das arrebentações, sem sucesso.

Após a enseada, surge outra ainda mto maior, totalmente deserta e ladeada de dunas ate onde a vista alcança. O visual é tão bonito qto desolador, mas é p/ lá q vou por quase 20kms. Estou agora num trecho mto + próximo do Equador, onde o sol é + forte, a água + salgada e o vento + seco. Estou agora, sim, efetivamente na Costa do Sal! A pernada solitária deste trecho parece surreal: uma bela, reta e extensa faixa de areia dourada e limpa q parece não ter fim, acompanhado de um lado o oceano verde-claro e do outro dunas brilhantes q se esparrama continente adentro!

No caminho, procuro me distrair do jeito q posso, como cantando, falando em voz alta ou andando de costas. Outra forma de passar o tempo é apreciar detalhes q podem passar despercebidos: atentar p/ garças e maçaricos de pernas ligeiras beliscando o chão, caranguejos correndo em direção ao mar, escondendo-se na água rasa e lá permanecendo c/ seus periscópios a tona ate minha passada, ou ate atrapalhar deliberadamente a refeição de um bando de urubus nalguma tartaruga morta diante a minha passagem. Faço varias paradas devido ao cansaço, mas principalmente a uma pontada atrás do pescoço, quiçá devido a mochila mal regulada. O sol brilha forte, incessante, favorecido por um céu quase sempre azul. Por isso a sede tb pega forte, mas felizmente tenho quase 3L na mochila q me garantem a hidratação devida.

Continua….
Texto e fotos de Jorge Soto


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Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

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