Urubuzando pela Serra de Itapety

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&ldquo,Nem só de pão vive o homem&ldquo, diz um velho ditado, q igualmente se aplica ao trilheiro. Seja pela curiosidade como falta do q fazer, pela logística fácil e escassez de boas idéias &ldquo,montanheiras&ldquo,. Ou até mesmo tds esses motivos agregados – principalmente qdo a grana ta curta – às vezes tb movem este q vos escreve a programas tradicionais mais batidos e sossegados. Programas como o Pico do Urubu, situado na Serra de Itapety e pto culminante de Mogi das Cruzes, de onde se tem magnífica visão das cidades do Alto-Tietê, Vale do Paraíba, Mantiqueira, São Paulo e da Serra do Mar. Através de caminhada sussa de menos de 2hrs e cerca de 350m de desnível, o Pico do Urubu tanto proporciona um bate-volta ideal pra matar o tempo a tiros de &ldquo,trinta e oitão&ldquo, como pra iniciação de novatos na salutar arte das pernadas.


Fazia tempo q o bom tempo não dava às caras aos finais de semana, razão pela qual não pensamos duas vezes num bate-volta nas proximidades da urbe mogiana, mesmo q fosse numa serra doméstica das redondezas. O sol já estralava forte num céu azul sem ser corrompido por nenhuma nuvem qdo eu, Laureci, Vivi e Fabio saltamos na Estação Estudantes, em Mogi das Cruzes, as 9:30. Após mastigar uns pães-de-queijo entre goles de café encontramos a Lucilene e a Suelen, e imediatamente pusemos pé-no-asfalto na seqüência. Deixando a estação vamos de encontro à rotatória q tem logo atrás da rodoviária da cidade, onde tomamos a enorme avenida (Yoshiteru Onidi) à frente do Habib´s q vai em direção à Serra do Itapety, q já avistamos erguendo-se em suaves escarpas no horizonte antes mesmo de desembarcar do trem, à noroeste.

A conversa ta animada o suficiente pra fazer este tedioso trecho de asfalto passar despercebido, qdo então a avenida descreve uma curva p/ esquerda, deixando o Córrego Lavapés pra trás. Passamos por uma segunda rotatória ignorando suas travessas, seguindo sempre pela mesma avenida do inicio, agora correndo paralelamente à cadeia de morros q visamos, à nossa direita. Percebemos então q vamos nos aproximando de um espigão serrano q deriva da cadeia principal e se debruça suavemente nalgum pto na avenida q percorremos, bem mais adiante. Contudo, minha tentativa de navegação visual logo mostra-se desnecessária pois não demora a surgirem placas indicando o sentido correto a tomar pro nosso destino.

Após dar no final da avenida, noutra rotatória, tomamos à direita (Av. José Meloti) onde cruzamos uma ponte sobre uma das nascentes do Rio Tietê e damos noutra rotatória, na esquina de um posto de gasolina. Seguindo a sinalização obvia tomamos então à esquerda, ou seja, a Av. Waldemar Lothar Hoene (Via Perimetral) por um curto trecho ate q finalmente adentramos à direita, sentido serra, agora começando de fato a subida ao pico, as 10hrs. Estamos na Estrada Cruz do Século e andaremos por ela praticamente ate o nosso destino final.

A subida pela mesma já começa íngreme e atravessa um primeiro trecho bem residencial e o odor característico de lixo depositado nalgum aterro invade nossas narinas em mais de uma ocasião. Mas logo as casas começam a rarear, principalmente depois q passamos sobre uns dutos enterrados da Petrobrás, onde o asfalto dá lugar a uma poeirenta estrada de terra. A pernada então arrefece em declividade no momento em q a vegetação toma conta das laterais, principalmente mata arbustiva e emaranhados de samambaias. Ainda assim, o sol castiga a cachola neste trecho bem aberto onde nosso consolo é ver a montanha cada vez mais próxima, da qual destoa uma seqüência de antenas da Embratel, no alto. No caminho, uma picada bem visível saindo pela esquerda nos leva a um degradante campo de futebol, onde ao menos o primeiro visu da cidade justifica uma rápida exploração.

Logo adiante a vegetação aumenta de tamanho e paineiras, pinheiros, araucárias e eucaliptos passam a nos proporcionar uma bem-vinda e refrescante sombra. Alguns sítios e chácaras pipocam de ambos lados, num dos quais uma casa de madeira no alto de uma arvore chama nossa atenção. Mas após 4km de pernada surge uma bifurcação (sinalizada) significativa, onde ignoramos o ramo da direita q nos levaria ao Parque Natural Municipal da Serra do Itapety, um lugar pra visitar noutra ocasião já q é necessário pré-agendamento pro mesmo.

Na seqüência, a precária estrada alterna-se entre terra batida e calçamento de pedras em meio à farta vegetação. A forte declividade é compensada felizmente pela sombra fresca q cai sobre a gente, sem maior prejuízo ao ritmo da caminhada. Mas logo começa uma forte e sinuosa subida em largos ziguezagues, encosta acima ate desembocar finalmente na crista da serra, onde é intuitivo o caminho a seguir. Ignorando o caminho às Torres da Embratel e o q dá acesso ao outro lado da serra, tomamos a estrada de terra à esquerda q em menos de 10min emerge da mata e nos leva, finalmente, ao nosso tão almejado destino.

As 11:20 e vencidos algo em torno de 400m de desnível, nos vimos no largo topo dos 1166m Pico do Urubu. O cume, por sua vez, é bem amplo e aberto, com varios descampados de capim pipocados de pequenas rochas aqui e ali. No alto já havia um pessoal pronto pra saltar de asa-delta e paraglider (R$ 100 o vôo duplo!!!), característica q guarda semelhanças com a Pedra Grande de Atibaia e com o Pico do Lopo, em Extrema. Mas as similaridades param por ai, já q o local pode decepcionar quem busca um enorme e selvagem domo rochoso como mirante. Pela facilidade de acesso -já q é possível ir de carro/moto – existe algum lixo e algumas pichações (“Jesus obrigado pelo milagre recebido”) aqui e ali, mas há vários bons locais de acampamento, embora sem disponibilidade de água. Em contrapartida, o visual realmente é mto bonito: naquele excepcional dia limpo era possível uma vista panorâmica de 360 graus ate onde o horizonte alcançava! Desde td Mogi das Cruzes esparramada lá embaixo ate a Serra do Mar, Mantiqueira, Vale do Paraiba e até a pontinha do Pico do Jaraguá era possível avistar! Incrivelmente, não vimos planando a ave q nomina o pico.

Com o sol a pino não nos fizemos de rogados e encostamos o esqueleto na sombra de uma enorme pedra, onde descansamos um tempão, fizemos uma boquinha (com direito a breja e petiscos de lula e polvo!) e inclusive cochilamos. Q o digam a Suelen e Lu, q vieram direto de uma balada pra pernada. Dose foi ter de ouvir a cantoria de uns crentes q deram as caras por lá pra louvar sei-lá-o-que. Divertido foi a Vivi levar uns olés de um lavrador com quem queria brincar..

Refeitos e pra não dar margem a mais preguiça, tomamos o caminho de volta lá pelas 14:30, onde o sol já parecia estar mais ameno. Durante a descida, pra retornar afirmando pelo menos ter feito alguma “trilha”, tomamos alguns “atalhos” discretos em meio à mata q abreviavam a descida durante os ziguezagues montanha abaixo. Algumas infos davam conta de q existe uma picada pra pedestres, mas eu pelo menos não encontrei nada nesse sentido, embora visse varias trilhas partindo da estrada nas mais diversas direções. Motivo pra lá retornar e explorar futuramente, assim como palmilhar a continuação da crista da Serra do Itapety, sentido nordeste, além das torres da Embratel.

Quem sabe noutra ocasião alguma “Travessia pelo Itapety”… fica então a dica.

Como sempre pra descer td santo ajuda, naturalmente q a volta foi bem mais rápida q a ida. Ao chegar na Av. Perimetral, as 15:40, apressamos o passo pois a fome por algo mais consistente apertava e provavelmente os “quilos” próximos já estivessem prontos pra fechar. E estavam. Pra não ter de retornar à Estação Estudantes, onde não havia mta opção de refeição, resolvemos seguir pro centrão de Mogi, o q se mostrou bem mais acertado. Portanto, bastou chegar na Av. José Meloti (aquela da ponte sobre o Tietê) e seguir direto por ela ate o centrão, onde ganha o nome de Rua Doutor Deodato Wertheimer.

As 16:30 chegamos na Pça do Coreto, no Largo Bom Jesus, onde tava rolando a animada programação do “Festival de Inverno da Serra do Itapety”, q celebra os 450 anos de Mogi, com direito a musica, artesanato e, principalmente, mtas barraquinhas de comida!! E tome breja, refri, suco, dogão, pastel, bolo, fogazza e até empanadas chilenas descendo sem dó goela abaixo!!&nbsp, Após terminar o dia dessa forma gastronômica bem farta, despedimo-nos embarcando em nossos respectivos transportes embalados no mundo dos sonhos, pra chegar em casa somente lá pelas 20hrs.

Recapitulando, o Pico do Urubu fatalmente irá desapontar quem busca um programa 100% selvagem, porém é altamente recomendável a quem estiver pelos arredores de Mogi de bike, pois é possível emendar o pico com outros esquemas da regiao, por exemplo, a travessia Mogi-Guararema. Contudo, se a idéia é apenas anuviar a cachola e sair de casa, ou iniciar alguém em caminhadas com visual inspirador numa serra doméstica, o Pico do Urubu é boa pedida. Mas assim como a Pedra Grande de Atibaia e o Pico do Lopo, cujas possibilidades não se limitam a seus respectivos atrativos, quem busca “algo mais” tb pode levar a bússola e a carta topográfica (de Santa Isabel 1:50mil) p/ passar o dia explorando outras estradinhas, cristas e recantos da Serra de Itapety. Assim, esta bela serra situada a apenas 50km de SP deve agradar tanto a gregos como troianos, montanhisticamente falando.

Texto e fotos de Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
http://jorgebeer.multiply.com/photos

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Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

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