Mundo animal e escalada

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Quando fui a Bugaboo em 2003 tentar escalar, um americano me alertou que os porco-espinhos (ouriços) gostavam de roer os pneus dos carros no estacionamento do parque, inclusive conseguiam furar alguns!!

Vi que alguns carros tinham umas cerquinhas em volta, mas não sabia o por quê. Quando fui alertado eu tive a seguinte solução…

Desci para uma cidadezinha próxima e comprei uma pimenta fortíssima. Lambuzei os pneus e subi para as montanhas, fiquei 3 dias e desci, porque não consegui ninguém para escalar. No estacionamento um canadense curioso me perguntou: “O que você colocou nos pneus?” E eu lhe contei…

Ele começou a gargalhar porque viu um ouriço sair correndo e parava de vez em quando para cuspir e esfregar o focinho, que devia estar ardendo muito…

É claro que eu fiquei com pena do bicho, mas ter pneus furados no meio do nada, inclusive um carro alugado… Até gostaria de saber se a minha idéia pegou, ou mesmo se é legal, porque é área de proteção… Mas pimenta é natural, não é?! Hahaha…

Aliás esta é uma ótima idéia para usar no Acapamento 4 do Yosemite, para sacanear aqueles ursos encrenqueiros… 🙂

Seguindo com aventuras do mundo animal na escalada… Eu tive vários problemas com chipmonkeys, aqueles esquilinhos bonitinhos, amarelo com listras negras e brancas, mas que são pestinhas. Certa vez, logo depois de comer muitas tortilhas com molho salgado, fui escalar. Usualmente colocamos o primeiro metro
de corda na boca antes de costurar. Nesse dia, como a via era difícil, fiz este procedimento por várias vezes.

Desci da escalada e fui descançar na sombra por meia hora. Quando voltei para escalar novamente e fui costurar (clipar) uma protenção, a corda estava poída, quase cortada. Um desses pestinhas roeu a corda por causa do sal. Isso foi em City of Rocks, Idaho.

A mesma coisa aconteceu comigo no Mt. Athabasca, no Canada. O mesmo tipo de esquilo cortou a alça da minha câmera fotográfica, que caiu e foi parar longe. Mas dessa vez o sal veio do suor.

A minha vingança aconteceu no Yosemite, no Camp 4. Passarinhos e esquilos ficam sempre a procura de migalhas e entram na porrada por elas. Lá tem um passarinho grande e agressivo, e eu sempre jogava as migalhas no meio da distância entre esses pássaros e os esquilos. Os passarinhos sempre ganhavam e
às vezes enfiavam a porrada naqueles pestinhas roedores (Tico e Teco). Outra vez, em outro lugar, um corvo “roubou” uma fita longa petzl, junto com um mosquetão e um stopper. A fita estava com gosto de salame!! O bicho voou com tudo.

É verdade, acho que os ursos vão até gostar da pimenta. Ser comido sem pimenta já deve ser foda, com pimenta, além disso, deve arder muito… Hahaha…Devemos perguntar isso para quem entende do assunto… (os veadinhos)

Abraços para todos e boas escaladas.

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Sobre o autor

Antonio Paulo escala há tanto tempo que parece que já nasceu escalando... 30 anos. Até o presente, abriu mais de 200 vias no Brasil e em alguns outros países. Ele gosta de escalar de tudo: blocos, vias esportivas, vias longas em montanhas, vias alpinas... Mas não gosta de artificiais, segundo ele "me parecem mais engenharia que escalar propriamente". Além disso, ele também gosta de esquiar, principalmente esqui alpino no qual pratica desde 1996. A escalada influenciou tanto sua minha vida que resolveu estudar geografia e geologia. Antonio Paulo se tornou doutor em 1996 e ensina em universidades desde 1992. Ele escreveu sobre escalada para muitas revistas nacionais e internacionais, capítulos de livros e inclusive um livro. Ou seja, ele vive a escalada.

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