Os Vulcões do Equador

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Visitei numa rápida viagem alguns dos muitos vulcões do Equador. Espero que este resumo possa estimulá-lo a conhecer este país de paisagens tão bonitas e variadas. Em especial, os vulcões nevados são impressionantes por seu tamanho e beleza – e subir pela neve nas noites frias, sentir o lento nascer do dia nos glaciares brancos ou avistar de cima a natureza andina são experiências muito especiais.

Chimborazo

Equador é atravessado por duas cadeias paralelas da Cordilheira dos Andes. Divide-se de leste para oeste em quatro regiões: a amazônica, a andina, a litorânea e a insular, que inclui Galápagos. Quase metade do Equador está contido nos vales altos entre as Cordilheiras Ocidental e Oriental.

Localização dos principais vulcões do Equador.

Estas Cordilheiras são ígneas, abrigando nada menos do que 84 vulcões (segundo outras fontes, 64), dos quais um terço potencialmente ativos. A Avenida dos Vulcões é o espaço compreendido entre estas formações, ao longo de 300 km, desde o Sangay ao sul até o Chiles-Cerro Negro na fronteira com a Colômbia. Consulte o quadro ao lado para os principais vulcões.

É teoricamente proibido subir nos picos nevados do Equador sem a presença de um guia. A melhor época para tentar os vulcões é nos meses secos do inverno, apesar dos ventos. Ainda que mais úmido, o início do verão apresenta menos frio e vento. O período fev-mai deve ser evitado devido ao mau tempo.
O maior vulcão equatoriano é o Chimborazo, uma montanha gigantesca, com um diâmetro de 50 km. Foi considerada por muito tempo como o ponto culminante do planeta. Ele é um estrato vulcão, ou seja, uma montanha com o modelo de um cone, formado pelo magma extravasado. Possui dois refúgios altos, quatro cumes e sete vias, graduadas de II a V. Sua escalada é perigosa, por diversas razões: presença de fendas, risco de avalanches, paredes íngremes e trechos desorientadores.

Vista do Cotopaxi no Equador

Também o Cotopaxi é impressionante, seu corpo sendo visível desde Quito, com um diâmetro de 20 km. Devido a seu perfil simétrico de um enorme cone nevado, à relativa simplicidade de sua ascensão e à proximidade com Quito, o Cotopaxi é o mais popular vulcão do Equador. Ele ainda é ativo, com fumarolas ocasionais – só dois vulcões ativos são mais altos, o Ojos del Salado e o Tupungato. Ao longo da história, as erupções do Cotopaxi já destruíram algumas vezes as vilas próximas. A rota normal é grau II e sobe à direita do abrigo, por uma via sinuosa rumo à aresta da montanha.

Alberto Otenblad no Vulcão Cotopaxi no Equador

Assim como em Quito e em Galápagos, a linha do Equador passa pelo Cayambe. Apresenta um amplo perfil abaulado, com uma corcova no cume. Possui um abrigo, um tanto baixo. Sua ascensão não é considerada complicada – embora perigosa devido aos glaciares móveis, com eventuais gretas, avalanches e tempestades. Talvez por isso ele seja às vezes considerado grau III. Existe um cume principal e dois outros, a norte e oeste. O vulcão é extinto e faz parte de uma enorme reserva, rica em vida animal e em flora nativa.

Vulcão Antisana, Equador

Antisana é formado por duas gerações de vulcões, o primeiro tendo sido erodido pelos glaciares e recoberto pelo novo cone do segundo. É impressionante avistar o seu enorme corpo com a forma de um platô elevado. Existem quatro cumes ao longo de sua cratera. É pouco visitado devido à ausência de refúgio e à dificuldade de acesso e de escalada, apesar de ser apenas grau II. Havia no passado o Condor Trek, uma travessia deslumbrante do Antisana ao Cotopaxi, num ambiente selvagem e preservado.
Altar é a escalada com maior dificuldade técnica do Equador, por mesclar rocha e gelo em grau V (como no Chimborazo). Além disto, este estrato vulcão fica numa área remota da Cordilheira Oriental, contida dentro de um parque. Sua caldeira extinta é aberta para o lado oeste e circundada por nada menos do que nove picos – ela abriga uma lagoa em seu interior. Os picos parecem um conjunto de padres num altar, reverenciando a figura mais alta de um bispo, que é o ponto culminante. Existe abrigo para a lagoa, mas não para os picos.

Vista do El Altar no Equador

Illinizas é um conjunto de duas montanhas, chamadas de sul e norte, com altitudes parecidas e com um sugestivo perfil recortado que fica mais bonito quando nevadas. Você pode escalá-las por seu próprio mérito ou como aclimatação. Ficam relativamente próximas de Quito, com vários acessos fáceis. Os Illinizas fazem também parte de uma reserva. As montanhas eram um só estrato vulcão mas acabaram divididas em dois cumes. Elas podem eventualmente estar cobertas por neve, o que torna mais complexa a sua escalada. Embora de grau I, são escalaminhadas exigentes através de pedras instáveis e espaços exíguos

No Rumo do Illinizas, Equador – Autor: Alberto Ortenblad

Talvez você esteja cansado de ler sobre erupções antigas e vulcões extintos – e descrente do seu poder de destruição. Pois o Tungurahua é um estrato vulcão enorme que se tornou ativo mais recentemente em 2010-2012, expelindo cinzas e rochas, fazendo com que as populações fossem evacuadas e as escaladas fossem suspensas. Ele resultou de uma sequência de três vulcões, os mais recentes depositando-se sobre as bases colapsadas dos anteriores. Existem dois refúgios, lado a lado. O vulcão é provavelmente grau I, embora não seja em geral considerado muito fácil.
Ao focar nos vulcões, esqueci-me de explorar a magnífica natureza à volta – existem algo como 15 mil km² de parques no seu entorno. São reservas relativamente próximas, com uma disposição compacta ao redor da Avenida dos Vulcões. Fica aqui este comentário para que você evite repetir o meu erro.

Campos Nevados do Cotopaxi, Equador – Autor: Alberto Ortenblad


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Sobre o autor

Nasci no Rio, vivo em São Paulo, mas meu lugar é em Minas. Fui casado algumas vezes e quase nunca fiquei solteiro. Meus três filhos vieram do primeiro casamento. Estudei engenharia e depois administração, e percebi que nenhuma delas seria o meu destino. Mas esta segunda carreira trouxe boa recompensa, então não a abandonei. Até que um dia, resultado do acaso e da curiosidade, encontrei na natureza a minha vocação. E, nela, de início principalmente as montanhas. Hoje, elas são acompanhadas por um grande interesse pelos ambientes naturais. Então, acho que me transformei naquela figura antiga e genérica do naturalista.

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