Valle de Cochamó ameaçado ficar submerso

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O Valle Cochamó é um vale localizado em forma de U nos Andes, na Região de Los Lagos Chile, ao sul do Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, a leste do estuário Reloncaví. O vale tem uma notável semelhança com Yosemite Valley. Tal como em Yosemite, montanhistas de todo o mundo já escalaram as enormes paredes graníticas.

O Valle de Cochamó
No Valle de Cochamó, ou Cochamó Valley, a cordilheira andina patagônica sobe abruptamente a partir de ambos os lados do rio Cochamó e forma grandes paredes e cúpulas de puro granito. Suas paredes de granito, são chamadas pelos escaladores norte americanos de “Yosemite da América do Sul”, em referência ao Parque Nacional Yosemite na Califórnia, por suas incríveis semelhanças.

A constante queda das cachoeiras próximas sussurra através das árvores Alerce. Em uma campina próxima ao rio, tendas coloridas, um refúgio e um velho celeiro são os abrigos aos amantes da natureza que se reúnem para explorar as maravilhas do vale.

Sem estradas e apenas trilhas penetrando o vale, Valle Cochamó tornou-se um paraíso dos trekker´s e escaladores, uma verdadeira meca dos amantes da natureza e ainda não possui nenhum parque com taxas ou regulamentos. É um local para escapar dos caminhos mais conhecidos e ingressar em uma área de enorme beleza natural. O vale é recheado com atividades ao ar livre, como trekking, escalada, espeleologia, mergulho, natação, caminhadas.

O vale está localizado no sul do Chile, província de Llanquihue, Região dos Lagos, a leste da cidade de Puerto Montt, no coração da Patagónia Andina. A temporada começa em novembro e dura até o final de março. O tempo é mais ensolarado e seco a partir de meados de janeiro a março.

Mas este maravilhoso lugar está agora correndo um grande risco de desaparecer. No mês de dezembro de 2008, a empresa Endesa Eco solicitou autorização para a construção de 4 represas sobre a integridade do curso do Rio Cochamó.

Las 4 solicitações da Endesa Eco, estão distribuídas ao longo do Rio Cochamó até 6,9 kilômetros antes de sua desembocadura no Estuário Reloncaví, e sobre os afluentes Rio Valverde e Rio La Junta.

Devido a existência de solicitações anteriores, desde o ano de 1989 e por teram sido reivindicadas, segundo o Código de Águas chileno, ao existir mais de um solicitante, este rio deverá passar por processo de leilão em um prazo não superior a 6 meses. Isto significa que conforme ocorrido anteriormente com outro rio, o Rio Manso em um leilão realizado no ano de 2008, o valor alcançado paderá ser novamente de vários milhões de dólares.

Estas 4 represas destruirão a totalidade da bcia do Rio Cochamó, que está protegida pelas declarações de Zona de Interesse Turístico e Reserva Mundial da Biosfera em conjunto com os rios Puelo e Manso respectivamente.

Mais de uma dezena de empresas já solicitaram reivindicações dos direitos de 100 por cento da água do vale do Rio principal, o Cochamó, e os seus maiores afluentes.

Localizada na comunidade de Cochamó, província de Llanquihue, Região de Los Lagos na porção chilena, e nas províncias de Río Negro e Chubut na Argentina, representa uma das bacias hifrográficas binacionais mais importantes da Patagônia Norte. Desde seu nascimento no Lago Puelo (Argentina), e com um percurso de mais de 70 kilômetros, este rio cruza a cordilheira dos Andes através do Paso El Bolsón (220 m), para posteriormente desembocar no Estuário do Reloncavi.

Com uma superfície de 880 mil hectáres, aonde 70% se localiza na Argentina, e os restantes 30% no território do Chile, esta bacia é o centro da maior Reserva Mundial da Biosfera Binacional.

Importância Biológica
Durante décadas esta importante bacia binacional, se manteve livre de uma intervenção humana intensiva, o que possibilitou que ainda se encontrem ao longo de seus vales, lagos ultra oligotróficos, milenares bosques sempre verdes, e importantes formações de Ciprés da Cordilheira (Austrocedrus chilensis) e Guaitecas (Pilgerodendron uviferum), além da presença de valiosos bosques de Lenga (Nothofagus pumilio) e Alerce (Fitzroya cupressoides), em setores altos dos vales perpendiculares ao Rio Puelo. Devido a este isolamento geográfico, puderam se manter em excelentes condições, uma das populações de Huemules, o cervo endêmico chileno, mais importantes da região dos lagos (Chile) e Província de Chubut e Rio Negro na Argentina, e dos mais próximos centros urbanos desenvolvidos (El Bolsón – Argentina) e Puerto Montt (Chile).

Devido a estas características biológicas especiais, esta bacia se tornou por petição especial dos governos da Argentina e Chile, na Primeira Reserva Mundial da Biosfera (MAB), com características Binacionais, e foi oficializada pela UNESCO em Setembro de 2007. Também tem certo alcance de proteção no Chile, por ser uma Zona de Interesse Turístico por Decreto supremo no Chile, e na República da Argentina esta protegida pelo Parque Nacional Lago Puelo.

Várias frentes estão trabalhando em defesa deste magnífico patrimônio natural, como a comunidade de Cochamó, o Conselho de Defesa da Patagônia, através de sua campanha “Patagonia Chilena Sin Represas”, e fundações internacionais, como por exemplo a Ancient Forest International (AFI).

De acordo com texto de Daniel Seeliger, do Refúgio Cochamó, divulgado no fórum da Access Pan América, está sendo formada uma fundação, a Fundación Cochamó, para ajudar a recolher dinheiro para pagar trâmites legais e outras despesas. A ajuda de alguns grupos legais no Chile está sendo fundamental em alguns procedimentos que são demasiadamente onerosos. Também estão trabalhando no momento para unir os líderes da comunidade para ajudar na luta contra as hidrelétricas.

De acordo com ele, estão necessitando de todo o apoio que for possível, “Sim, precisamos de ajuda. Acima de tudo dinheiro e atenção. É verdade que muito poucas pessoas sabem sobre o que estas empresas estão a planejar. Nós só tinhamos alguns fotógrafos e repórter lá para ajudar a dar mais alguma atenção nacional. Mas precisamos de mais. Juntamente com os meus colegas da fundação, nós estamos abertos a todas as sugestões (especialmente para a procura de doações), você pode ter. Nós estaremos em contato para unir todos aqueles que estão preocupados com a perda da Yosemite da América do Sul.” disse Seeliger.


Outras Ameaças

A pouco tempo, o Valle de Cochamó estava a ponto de ser perfurado por uma estrada e explorado por uma empresa madeireira, quando uma coalizão formada para combater a ameaça, por líderes comunitários, entidades sem fins lucrativos, e financiadores do Chile e de outros países se reuniram com AFI (Ancient Forest International), e com os principais elementos da comunidade de Cochamó que favorecem a conservação e o desenvolvimento de uma economia baseada no ecoturismo.

Uma coligação com o objetivo de adquirir duas parcelas estratégicas que são fundamentais para a conservação desta magnífica floresta e antiga bacia. Financiadoras chilenas estão demonstrando um grande interesse nas parcelas, AFI ainda está buscando aquisição de financiamento com base nos EUA, filantrópos e fundações. A coligação também está empenhada em garantir a continuidade ecológica de um espaço muito maior, onde se encontram o lago e o fiorde.

Desde 1989, a Ancient Forest International (AFI) tem sido uma entidade fundamental para a proteção das florestas primárias em todo o mundo. Com a ajuda de sua rede internacional, a AFI desenvolve oportunidades para filantrópos protetores da vida selvagem e para as comunidades trabalharem em conjunto para adquirir e proteger florestas estratégicas e inestimáveis. A AFI tem ajudado a coordenar a compra de cerca de um milhão de hectares de terras florestais, principalmente ao longo da costa do Pacífico da América do Norte e Sul.

O Valle de Cochamó tem sido comparado ao Yosemite, na sua grandeza e valor. Tal como o seu paralelo californiano, Cochamó tem cúpulas, cachoeiras deslumbrantes, rios de água cristalina. Uma antiga floresta com árvores de Alerce e uma infinidade de plantas. As aquisições potenciais incluem essa floresta e uma porção do vale, o portal para as paredes de granito.

Se a terra puder ser comprada, a coligação irá ajudar a fortalecer um projeto educacional e de ecoturismo local que deverá integrar a gestão sustentável das florestas primárias com iniciativas de defesa e respeito. A AFI pretende continuar a levantar fundos, coordenar os parceiros e ajudar o projeto a longo prazo.

Patagonia Chilena Sin Represas
“Patagonia Chilena Sin Represas” é uma campanha de oposição aos mega projetos hidroelétricos que são planejados na Patagônia Chilena, ignorando que uma parte considerável de seus ecossistemas mais espetaculares e extraordinários se encontram no seu setor ocidental.

Os projetos hidroelétricos das empresas Endesa/Colbún, que com suas inundações e obras anexas, destruiriam bacias de valor ambiental incalculável, contribuiriam para a extinção de espécies como o Huemul, emblema do escudo nacional chileno, afetariam uma das reservas de água doce mais importantes do mundo, afetariam o clima, acelerando o derretimento de glaciares, ventisqueros, comprometendo recursos hídricos compartilhados com a República Argentina.

Também são descritas simulações dos enormes impactos que poderia ter a construção da linha de transmissão mais longa do mundo, que pretendem construir no caso de se concretizar os projetos hidroelétricos em Aysén. As gigantescas torres e seus cabos perturbariam severamente as paisagens e ecossistemas, não só da Patagônia, mas também de oito regiões do país, mais de duzentas comunidades, milhares de prédios e dezenas de áreas protegidas em seu percurso desde a Região de Aysén até Santiago.

Quem desejar ajudar nesta campanha “Patagonia Chilena Sin Represas”, pode entrar no site (http://www.patagoniasinrepresas.cl/final/) e se cadastrar.


A Patagônia Chilena

A Patagônia Chilena representa hoje no mundo uma das regiões mais importantes do planeta, pois possui características únicas em relação a seus ecossistemas, o que a torna objeto de grande interesse de conservação, científico e turístico.

Os glaciares, montanhas, rios, lagos, fiordes, ilhas, bosques, estepes e alagadiços que a formam, constituem uma das reservas de água doce mais importantes do planeta e um patrimônio natural não só do Chile, mas de toda humanidade.

É um local de grande biodiversidade, que abriga ecossistemas e numerosas espécies de plantas e animais, incluindo aves, mamíferos, répteis e anfíbios, alguns ainda desconhecidos. É o último refúgio do Huemul, cervo endêmico do Chile, e emblema do escudo nacional que se encontra em perigo de extinção.

A Patagônia chilena tem numerosas Áreas Silvestres Protegidas, algumas inscritas como Reservas da Biosfera e grande parte de seu território se postula para ser declarado como Patrimônio da Humanidade na UNESCO.

Mais sobre Cochamó
Mais informações sobre Cochamó podem ser conseguidas no site: www.cochamo.com/cochamo/

Aqui neste link um vídeo muito legal do Maurício Clauzet “ToNTo”, que conforme descrição: Filme sobre uma expedição a Cochamó no Chile, com uma paradinha antes no Cerro Catedral (Argentina). Participam desta expedição o Dalinho Zippin, a Roberta Nunes, Karina Filgueiras e Maurício Clauzet “ToNTo”. Cochamo é lindo, grandes paredes, “mucho granito arriba”, e na época do filme era ainda praticamente selvagem e muito pouco explorado.

http://video.google.com/videoplay?docid=-2922006379192804771

Por Beto Joly com fontes:
Blog de Puerto Montt: puertomontt.blogspot.com/
Texto “CRISIS GEOPOLÍTICA Y LADRONES DE AGUA”
por Mauricio Fierro – Geoaustral

Fórum da Access Pan América:&nbsp, www.accesspanamerica.com

Site da AFI: www.ancientforests.org/chile.htm

Site da Campanha Patagonia Chilena Sin Represas do Conselho de Defesa da Patagônia: www.patagoniasinrepresas.cl/final/

Site da comunidade de Cochamó: www.cochamo.com/cochamo/

Sites e blogs de notícias sobre as represas: http://argentina.indymedia.org, http://bloglemu.blogspot.com/

Sites relacionados com Cochamó: www.escalando.cl, www.magney.org/

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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