A Amazônia é aqui!

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Na década de 1940, o geógrafo alemão radicado em Curitiba e precursor dos conhecimentos geocientíficos do Paraná, Reinhard Maack, já chamava atenção da ação de madeireiros que começava a pôr em risco a existência de Florestas no Estado. De prontidão Maack percorreu o Paraná e fez o Mapa fitogeográfico do Estado, o único documento que nos permite saber qual era a vegetação original do Paraná, pois a previsão de Maack estava certa: As Florestas não mais estão lá!


Passado mais de 60 anos, há apenas dois locais onde as florestas estão preservadas. Uma é o Parque Nacional do Iguaçu, no Sudoeste do Estado e a outra é na Serra do Mar, que por seu relevo escarpado foi poupado pelas dificuldades na extração da madeira, na verdade as estradas necessárias para esta atividade eram mais caras do que o valor que poderia ser obtido com a venda da madeira.

A Serra do Mar está dividida em diversas Unidades de Conservação, tanto estaduais como nacionais, são elas:&nbsp, Parque Estadual do Pico Paraná, P. E. da Serra da Baitaca, P.E. do Marumbi e Parque Nacional Saint Hilaire Lange, mais conhecido como o P.N. da Serra da Prata, uma das mais impressionantes formações montanhosas do Brasil, pois eleva-se do nível do mar, no município de Matinhos, até&nbsp, cerca de 1600 metros em seu ponto culminante, que é a Torre da Prata.

Obviamente que por conta deste impressionante relevo, o Parque da Serra da Prata abriga uma grande diversidade de paisagens, como Florestas Ombrófilas Densas Sub-Montana, Montana, Alto Montana e campos de altitude. Estas paisagens são extremamente biodiversas, pois é comprovado que durante fases de climas distintos dos atuais, atuou ali refúgios de florestas provocando endemismos e especiações.

Problemas ambientais na Serra do Mar paranaenses não são novidades, afinal desde a época em que o caminho do Itupava era a principal ligação entre o Planalto e o litoral, o Palmito já era bem apreciado. Aliás, digno de nota, esta pequena palmeira, o Euterpe edulis, era o elemento mais abundante da Floresta Submontana. Tão comum ao ponto de que alguns exploradores costumavam chamar estas matas de Florestas de Palmitos, dentre eles até mesmo o célebre Maack.

Encontrar Palmito na Serra do Mar só é possível nas localidades adjacentes onde o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) tem uma sede, que é onde seus olhos alcançam, como no Parque do Marumbi, ou melhor, nas imediações da Estação de Trem. Parques de Papel como Saint Hilaire que não tem estrutura alguma, o Euterpe edulis já está praticamente extinto, tamanho a voracidade da atividade extrativista, digno de nota, pra lá de ilegal!

Com o Palmito praticamente extinto, ao que parece, os ex. palmiteiros estão mudando de profissão. Foi através da denuncia de uma montanhista, cuja identidade iremos manter em sigilo, devido a gravidade da situação, chegou a nós a noticia que os extrativistas estão agora explorando madeira de lei em pleno Parque Nacional Saint Hilaire. São elas Imbuias, Canelas e Perobas, todas árvores de crescimento lento que são as maiores das florestas, se despontando sobre as demais. Estas são árvores de valor paisagístico e ecológico inestimadas e sem dúvida sua derrubada põe em risco o equilíbrio das Matas e a variabilidade genética delas.

A pessoa que nos fez esta denuncia encontrou o grupo de extrativistas nas proximidades da trilha que leva ao cume da Serra da Prata. Os madeireiros fugiram e retornaram mais tarde para afugentar o curioso montanhista, que correu antes mesmo de apurar se eles estavam ou não armados e mal teve tempo de fotografar melhor o crime que ele presenciou.

No instituto Chico Mendes de Matinhos – PR, os funcionários só se deslocam até as terras do Parque Nacional acompanhados dos policiais da Força Verde, pois suas cabeças valem ouro, ou melhor, valem uma tora da melhor Imbuia da região! Já é sabido que os contraventores brigam eles mesmos por território e três já perderam a vida na disputa.

Passado menos de um mês da grande operação da Polícia Federal que desmantelou e prendeu diversos políticos envolvidos em um esquema de desmatamento ilegal de Araucárias, árvore símbolo do Paraná, nos vêm esta nova denuncia envolvendo outras espécies arbóreas em região fitogeográfica diferentes.

Este é um trágico capítulo da história ambiental do Estado do Paraná, que pouco valoriza o resto de sua cobertura vegetal original, abandonando parques que só existem no papel e esquecendo-se de seu patrimônio paisagístico e colocando em risco de desaparecimento importantes parcelas das florestas tropicais e subtropicais brasileiras.

Para quem está perguntando: E os Palmitos? Pois bem, os extrativistas não deixaram a velha profissão, apenas se diversificaram na contravenção. A palavra “Lei” no interior do Parque Nacional Saint Hilaire serve apenas para diversificar a madeira que dá e a que não dá dinheiro. Infelizmente!

Veja mais:

:: Força Verde Mira nos estrativistas da Serra do Mar

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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