Conquistador da Falésia Paraíso comenta o fechamento do local

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Inacio Bianchi, um dos escaladores que mais colaborou com a conquista de vias na Falésia Paraíso, fechada desde o final de semana, concedeu entrevista à Luciano Fernandes do Blog de Escalada. Ele comentou como foi que aconteceu o fechamento e os problemas de comportamento que já estavam acontecendo e que culminou com a proibição de um dos principais locais de escalada de São Paulo.


Entrevista por Luciano Fernandes

A Falésia Paraíso, mesmo com mais de 80 vias, era o mais novo local de escalada do Estado de São Paulo. Com uma potencialidade de receber ainda mais linhas, o local foi fechado precocemente, porém não deixou ninguém na surpresa. A quantidade de incidentes de mau comportamento de várias pessoas que visitavam o local acabou minando a credibilidade dos escaladores e minando a paciência dos moradores locais.

Para obter mais informações sobre o ocorrido, o escalador Luciano Fernandes procurou Inácio Bianchi, que foi um dos conquistadores e descobridores do local. Veja que Bianchi falou sobre o fechamento da Falésia Paraíso:
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Luciano Fernandes: Poderia nos dizer como foi o acidente que foi a gota de água para o fechando da falésia paraíso?

Inácio Bianchi: Eu não presenciei o que aconteceu. Mas pelo que ouvi pude apurar que, sendo a estradinha muito apertada, o escalador retornava da Falésia, e por estar com velocidade acima da segura para o local, chocou-se com o veículo do Sr. Cota.

Simplesmente o morador que mais temia acidentes e vivia pedindo para dirigirmos em baixa velocidade.

Em minha opinião foi a gota d´água em um balde muito raso, pois havia o interesse, não dos donos da Falésia.

Mas dos demais moradores locais em fechar a falésia por acharem que para eles o ônus era maior que o bônus.

Ou seja era um sistema em que não poderíamos ter falhado!

O Sr. Renato, principal dono, havia nos alertado.

LF: Após o incidente o escalador responsável procurou você para relatar o acidente?

IB: Sim ele nos procurou, e deu total assistência ao Sr. Cota.

Ele tem nos informando o tempo todo de como está sendo dada a assistência e do seu andamento.

LF Você sabe de qual cidade é o responsável pelo incidente?

IB: Sim, todos já sabem : São José dos Campos.

LF: Dos incidentes quais eram os mais comuns relatados pelos proprietários?

IB: Reclamações da comunidade:

Excesso de velocidade, diga-se mais de 30 km/h, parece muito baixa, mas para aquela estrada é a máxima.

Gritaria e palavrões no ambiente de escalada.

Reclamações dos donos:

As duas acima e de que haviam pessoas que se esqueciam de contribuir com a taxa de R$ 3,00.

Nós havíamos feito uma campanha intensa de cobrança ao respeito às regras e as reclamações estavam diminuindo.

LF:&nbsp, Após algum tempo (daqui a um ano por exemplo) há alguma possibilidade da falésia paraíso ser reaberta?

IB: O Sr Renato não deu nenhuma perspectiva, mas acreditamos que podemos achar alguma forma de convencê-lo.
6 – Em termos monetários, qual foi o montante do prejuízo dos conquistatores?

Não contando com o valor dos homens/hora, pois, trabalhávamos à lazer, alí foram investidos aproximadamente R$ 10.000,00.

Investidos porque ainda podem ser recuperados caso seja reaberta a falésia.

LF:&nbsp, Além de mau comportamento, haviam escaladores que não estavam pagando a taxa de entrada para escalar?

IB: Poucos, mas havia.

LF: Qual era a média de frequencia de escaladores no local?

IB: É difícil responder a esta pergunta.

Sendo o primeiro ano de funcionamento a coisa estava ainda crescendo, pelo que era informado pelo Marcão mediante contagem do arrecadamento, estimo em uma média entre 100 a 150 visitas por mês.

LF: Você acredita que a falta de apoio de patrocinadores para a conquista de vias estar ligada ao fato deste comportamento inadequado dos escaladores?

IB: Acredito que falta apoio por parte de patrocinadores sim.

Mais ainda dos órgãos oficiais como prefeituras, secretarias de esporte, meio ambiente, cultura etc, os canais da Mídia, que poderiam tornar o esporte algo menos marginalizado.

Oferecer alguma coisa que convencesse às comunidades locais a enxergar este esporte como algo positivo.

Não apenas como perturbação ao sossego.

LF:&nbsp, Após este incidente, acredita que a fama que correra no “boca a boca” dos moradores locais de Pindamonhangaba poderá fechar outros locais da região (como a Falésia do Zé Vermelho)?

IB: A falésia do Zé Vermelho desde que ninguém faça nenhuma travessura dentro do terreno em quer ela se encontra, é difícil fechar.

O local fica próximo ao Balneário do Piracuama e a comunidade vizinha praticamente convive com os turistas que por lá estão sempre presentes.

Quanto aos outros picos, eles são mais sensíveis que o Zé Vermelho, mas o fato da Falésia Paraíso ter sido fechada em nada influenciará o funcionamento dos demais.

Essa repercussão observada só acontece entre os escaladores.

A mídia da massa não está nem aí.

Fonte: Blog de Escalada

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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