Alpinistas espanhóis denunciam tratamento humilhante no Refúgio Gouter

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Battitte Martiarena, Ucar e Kaskibar Eduardo Aguirre, três alpinistas que encararam a escalada do Mont Blanc no mês de junho, informam o desrespeito em uma carta pública enviada a redação do desnivel.com. Na carta, denunciam o tratamento abusivo e até mesmo agressivo que receberam no abrigo Aiguille de Goûter. Na época dos acontecimentos, acontecia a realização da transferência de equipamentos para o novo abrigo Goûter construído a poucas centenas de metros do antigo, em que estavam.

A carta dos espanhóis:
 
"Em 18 de junho, às 17 h. aproximadamente, nós três, montanhistas federados de Iruña, e de posse do cartão FEDME, nos aparecemos no abrigo Aiguile de Goûter para descansar e recuperar forças.
 
Gastamos alguma importância com alimentos e bebidas com a intenção de recuperar forças e de sair às 12 horas (meia noite) até o cume do Mont Blanc (4.808 m). Não tínhamos nenhuma intenção de reservar meia pensão, porque você mal consegue dormir e o preço é muito caro.
 
Por volta das 20:30h nos disseram em voz alta, e com má atitude, que ou nós pagaríamos pela cama ou teríamos que deixar o abrigo. Exigimos que nos mostrassem as regras por escrito e pedimos a entrega do livro de registro do refúgio para registramos nossa insatisfação.
 
Diante de nossa solicitação a atitude de alguns gestores ou administradores do abrigo (um homem chamado Batis e um moreno de cavanhaque) foi muito pior, empurraram um de nós e começaram a xingar e nos tratar com palavras de baixo escalão, nos sentimos extremamente ofendidos. Usaram de argumentos como: "todos os espanhóis, porta, porta" (ameaça aberta de expulsão do abrigo, carregada de gestos obscenos e de pé sobre a mesa)".
 
Tudo isso aconteceu na frente de todas as pessoas que estavam no refeitório. Muitos eram guias, que observaram uma atitude hostil em relação a nós e em conformidade com o tratamento humilhante que estávamos sofrendo.
 
No final, nos cobraram €35 de cada. A próxima surpresa foi que não tínhamos cama, e a solução foi ficar sentado ou deitado nas banquetas ou no chão, incrível! Nunca pensamos que neste abrigo iríamos encontrar com estes irresponsáveis, quando tanto a fama quanto o bom trabalho precedeu a ação francesa na história do montanhismo e tem sido nossa referência como montanhistas também, sem dúvida.
 
Eles até mesmo nos disseram que nos mandariam pra polícia, o que aliás não foram capazes de fazer, e nós fazemos isso, entramos em contato com a polícia para explicar o nosso lado da história. A própria polícia entrou em contato com a gerência do refúgio e, posteriormente, nos deixaram em paz.
 
No dia seguinte, fomos ao clube alpino francês de Chamonix para registrar nossa reclamação, e não foi possível porque o abrigo Aiguile du Goûter não é de sua competência e pertence à delegação de St Gervais. Pelo menos nos deram o endereço em Paris para darmos cabo de nossa reclamação no local correto.
 
Pouco depois, fomos na polícia de Chamonix para registrar por escrito o tratamento degradante, e a falta do direito de fazer uma reclamação no próprio refúgio, no livro de reclamações (que por sinal alegaram não ter um). Parece incrível que isso possa ter acontecido no Refúgio Gouter!
 
Não foi possível registrar nossa queixa na polícia porque não suportam tais alegações, a menos que você tenha sofrido lesões corporais. Nossa intenção é relatar o caso por escrito às autoridades francesas para que tomem as rédias da situação e coloquem um pouco de civilização neste refúgio da Aiguile du Goûter".
 
 
 
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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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