AltaMontanha: Como surgiu a ideia de fazer uma publicação impressa de montanhismo e quais foram as pessoas envolvidas.
Victor Beal: Eu tinha essa vontade faz um bom tempo, logo depois que a HeadWall parou de ser publicada fiquei com vontade de fazer uma revista, mas obviamente não era um bom momento para isso, tanto que, queria entender porque estávamos perdendo um ótimo e importantíssimo veículo de comunicação, a revista era realmente muito boa. Diante disso, resolvi realizar o CENSO 2003 de Escalada e Montanhismo, o segundo realizado até então, o qual tivemos uma grande participação da comunidade, mas os dados mostraram claramente que o montanhismo e a escalada brasileira precisavam amadurecer muito ainda, mas a ideia de fazer uma revista nacional focada em escalada e montanhismo continuava e a cada ano que passava tinha outros projetos profissionais, pois sabia que teria que me dedicar bastante para colocar em pratica essa ideia, idealizei outros projetos, alguns voltados ao montanhismo e outras áreas, mas sabia que o momento certo iria acontecer naturalmente, com o meu amadurecimento enquanto montanhista e do esporte no Brasil como um todo.
Em meados de fevereiro de 2012 coloquei no papel o projeto novamente, esbocei ideias, pensei em nomes, fiz cotações e comecei a analisar o mercado online e as dificuldades de se fazer um veículo impresso nos dias de hoje e estabeleci que em 2013 iria colocar em prática e buscar viabilizar a revista. Em janeiro desse ano, e comecei a desenvolver a marca, o boneco da revista, pensando no seu conteúdo… A cada mês trabalhava no projeto, fazendo pesquisas, analisando as revistas que existem no exterior e falando com algumas pessoas se havia interesse em investir no projeto e botar para rodar a revista, não obtive sucesso, mas tinha tudo muito elaborado e iria colocar em prática. Diante disso, chamei dois grandes amigos e parceiros de escalada de longa data para colocarmos em pratica o projeto, Daniel Amorim
(Xambrê) e o Alexandre Citon (Kapaxo), que de pronto toparam, mesmo sabendo dos riscos e dos custos envolvido, pois o projeto abrangeria inicialmente seis edições que teriam 48 páginas cada edição. Como sou proprietário de uma agência de publicidade há 18 anos, e também de outra empresa que é especializada em comunicação e editoração de revistas empresariais já tínhamos algumas facilidades, a diagramação e impressão não seriam
problemas, mas ainda assim o custo alto do projeto sem ter nenhum anunciante era realmente um investimento de risco, além disso, o que buscava como diferencial era uma revista 100% feita por praticantes do esporte, algo novo e diferente. Mesmo dispondo de gente altamente qualificada para executar o projeto, ainda assim queria pessoas que soubessem exatamente o que é o esporte, a ética, conhecedores dos termos e que fossem montanhistas.
Devidamente programados e com data lançar a revista venho se juntar a nós jornalista Cinthia Hillmann. Hoje somos em seis pessoas diretamente envolvidos na Revista, entre jornalistas, comercial e departamento de assinaturas e vendas, fora a diagramação que ficou a cargo da agência, mas ainda assim é feita por quem pratica escalada e montanhismo. Nessa caminhada, várias pessoas foram somando ao projeto, participando com dicas, indicando, escrevendo e por ai vai, o fato é que o projeto tomou forma, e estamos realmente muito contentes com todo o apoio que tivemos para lançar a primeira edição, e por isso, resolvi contar para vocês passo a passo dessa caminhada, para principalmente agradecer todo o apoio que estamos tendo da comunidade das montanhas, dos praticantes e apaixonados pelo esporte. Me estender na resposta dessa pergunta, é um pequeno, mas sincero agradecimento, é a certeza que estamos firmes no propósito de dar continuidade a Revista, de melhorarmos ela a cada edição.
AM: Qual será o formato da revista e qual periodicidade
VB: Essa primeira edição saiu com 64 páginas, bem mais do que imaginávamos, a ideia é ir aumentando ela. O tamanho atual é de 200x265mm, mas já fechamos para a segunda edição um tamanho maior, 205x280mm. Quanto a periodicidade, inicialmente será bimestral até a sexta edição, lá pretendemos rever se vamos ter edições mensais ou não.
AM: A revista Montanhas focará em alguma modalidade específica do montanhismo/escalada ou pretende ser mais eclética?
VB: Todas as modalidades, tudo que envolve o universo do montanhismo e da escalada.
AM: Todos sabem da dificuldade que é o meio editorial do montanhismo no Brasil. Mesmo sem ter publicado a primeira edição, quais são as maiores dificuldades que vc's estão enfrentando?
VB: Quando entramos em uma via difícil sabemos que temos que estar prontos para tudo, a meta é chegar ao cume, com a gente não foi diferente, nos preparamos para todas as enfiadas dessa longa e difícil via que era fazer uma revista, acho que isso é meio instintivo de quem já escala há um bom tempo… Nossa preocupação era realmente com o conteúdo, e acredito que realmente conseguimos fazer uma primeira edição muito boa e verdadeiramente voltada para a comunidade das Montanhas. É claro que sabemos que, a cada edição temos uma nova a via e novas dificuldades, e para isso, temos que melhorar sempre, evoluir. O importante é fazermos uma revista de qualidade, assim o esporte evolui como um todo, as empresas investem mais, os iniciantes tem mais referencias, queremos somar, e o legal é que tem muita gente no montanhismo com a mesma vontade.
AM: Como podemos fazer para contribuir com matérias e relatos?
VB: No site da Revista Montanhas (www.montanhas.net) estamos colocando no ar um sistema exclusivo para isso, onde, de maneira simples e fácil é possível enviar matérias, artigos, fotos. É só clicar no link "Participar" no nosso site, preencher os campos e enviar.
Apenas para lembrar, a revista é vendida online também pelo site e interessados em anunciar [email protected]
O site da revista montanha é www.montanhas.net, acesse para conhecer a nova edição e fazer sua assinatura.
2 Comentários
Bom dia,
Sou Michel Cipolatti, moro em Niterói, sou escalador desde 1993 e bombeiro militar.
Estou fazendo parte da conquista de uma nova via de escalada na Pedra de Inoã (Maricá-RJ). Já estamos no final da conquista, aguardando o término do isolamento social, e a parede (de cerca de 200m) está superando nossas expectativas. O resultado será uma via diferenciada, com o uso de proteções fixas e móveis, e uma das mais belas da região de Niterói e Maricá. O nome da via será em homenagem ao amigo escalador Bernardo Collares Arantes, falecido há cerca de 10 anos na Patagônia.
Gostaria de saber qual o procedimento para se fazer uma matéria para a revista, e se há interesse na publicação, tendo em vista a beleza do local, a história dos conquistadores, o resultado que estamos obtendo e a referida homenagem.
No aguardo,
Michel Camacho Cipolatti
Caso queiram imagens do local, podem entrar em contato via whatsapp no número (21) 997291055