Qual é a montanha mais alta dos Andes ainda não escalada por brasileiros?

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O ineditismo e pioneirismo são sempre valorizados em todos os esportes e no montanhismo não é diferente. O ineditismo é sempre um feito notável, ainda mais quando a montanha é a mais alta de uma cadeia montanha tão extensa como os Andes. Estas conquistas, no entanto, foram raras até hoje. Conheça a história das ascensões das montanhas mais altas dos Andes, que eram inéditas a brasileiros e saiba qual é a montanha mais alta da cordilheira que ainda permanece intocada por montanhistas de nosso país.

A cordilheira dos Andes, com seus mais de 10 mil quilômetros de extensão e milhares de montanhas é a cadeia de montanha mais próxima dos brasileiros. Todos os anos centenas de montanhistas de nosso país tem como destino as montanhas desta grande cordilheira, mas são poucos os que procuram destinos alternativos e diversas montanhas que figuram entre as mais altas da cordilheira permanecem intocadas por brasileiros.
 
Este fato se reflete na própria história do andinismo brasileiro. O Aconcágua, montanha mais alta dos Andes, foi até 1953 a montanha mais alta da cordilheira inédita para nós. Os cariocas Ricardo Menescal e Orlando Lacorte foram os pioneiros em ascender o gigante e após este feito, o Ojos del Salado, um enorme vulcão de 6893 metros na fronteira do Chile com a Argentina passou a ser a mais alta da cordilheira sem ascensões brasileiras.
 
Foram necessários 36 anos após a escalada do Aconcagua para que a então montanha mais alta dos Andes inédita para brasileiros fosse ascendida por um montanhista de nosso país e isso aconteceu em 1989 por Waldemar Niclevicz que fez o cume sozinho e ainda de quebra escalou mais um 6 mil andino que ainda hoje é pouco frequentado, o El Muerto, de 6500 metros de altitude.
 
A terceira montanha mais alta dos Andes, o Pissis de 6795 metros, foi escalado pela primeira vez por um brasileiro somente no ano de 2001 pelo paulista Angelo Geron Neto, portanto 13 anos depois da ascensão do Ojos. Angelo em 1990 realizou uma expedição exploratória na Puna do Atacama, região no Norte da Argentina e Chile que concentra as maiores montanhas da cadeia montanhosa. No entanto foi somente 11 anos depois daquele reconhecimento que ele chegou no cume do Pissis, fato que realizou sozinho.
 
A quarta vez que um brasileiro quebrou o tabu de ascender a montanha mais alta dos Andes inédita para montanhistas de seu país foi muito recente. Isso aconteceu neste ano quando Pedro Hauck, Paula Kapp, Vinicius Vieira e Greissy Caminski escalaram o Bonete Chico, que é a quarta mais alta dos Andes com 6759 metros de altitude, 15 anos depois da ascensão de Angelo Neto ao Pissis.
 
O Bonete Chico, é muito confundindo com o Cerro Bonete, um cume subsidiário que fica perto do Aconcágua, mas são montanhas muito diferentes. O Bonete Chico fica na província de La Rioja no Norte argentino e é uma das montanhas mais proeminentes dos Andes, com mais de 3 mil metros de desnível topográfico e seu acesso é bastante remoto e difícil.
 
E agora, qual é a montanha mais alta dos Andes ainda não escalada por brasileiros?
 
A quinta, sexta, sétima e oitava montanha mais alta dos Andes, respectivamente Três Cruces Sur (6748m, Chile), Huascarán Sur (6746m, Peru), Llullallaico (6739m, Chile/Arg), Mercedario (6720m, Argentina) já foram escaladas por brasileiros, mas a nona, o Cazadero Grande, também conhecida como “Walther Penck” de 6658 nunca foi tocada por um andinista de nosso país. 
 
A tarefa de escalar esta montanha, no entanto, não é tão simples. O Walther Penck fica numa região muito remota e para chegar na base dela é necessária uma aproximação em veículo 4×4 longa e perigosa. São cerca de 250 km de trilha off road passando por desertos de areia, campos de rochas afiadas e rios caudalosos com vales cheio de lama. Por isso, o Walther Penck deve ter sido alcançado por menos de 10 expedições na história.
 
Um dos raros montanhistas que já fez cume neste gigante andino é o argentino radicado no Brasil Maximo Kausch, que fez cume junto com o também argentino Angel Armesto em 2013. Naquela ocasião a dupla optou por não cruzar o rio e fazer uma aproximação longa de cerca de 20 km pelo meio do deserto a pé. O ataque ao cume foi longo, com mais de 2 mil metros de desnível, uma escalada muito desgastante, apesar de pouco técnica.
 
Se algum brasileiro decidir encarar este desafio que é praticamente um desafio de montanhismo exploratório, a montanha mais alta dos andes que ainda não foi escalada por brasileiros passa a ser um desafio ainda maior, o Huascarán Norte, a segunda montanha mais alta do Peru e décima mais alta da cordilheira com 6655 metros que apresenta trechos técnicos de escalada em gelo e perigo de avalanches. 
 
Após esta montanha, a próxima mais alta ainda inédita por brasileiros é o Yerupaja, a terceira montanha mais alta do Peru com 6600 metros e décima segunda dos Andes que é simplesmente a mais difícil alta montanha da cordilheira. Depois dela, as próximas da lista são montanhas da Puna do Atacama, todas montanhas de difícil acesso, sem rotas definidas e pouquíssimas ascensões. 
 
Vai encarar?
 
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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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