A ESCALADA E AS MONTANHAS: ISTO É POP!

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Vários meses atrás publiquei em meu blog um pequeno texto que exemplificava a popularidade da escalada e das montanhas como um todo ao redor do mundo e principalmente no Brasil, agora complemento o texto com alguns exemplos mais específicos.

De um tempo pra cá, e não acho que seja muito, cinco anos apenas, a escalada de um modo geral (tanto faz em gelo, rocha, trekking de altitude andino, oitomilismo, etc) vem ganhando espaço na mídia cada vez mais. Vejo posts nos blogs noticiando isso, principalmente o Blog de Escalada do Luciano assim como tantos outros. Volta e meia a rocha aparece na globo, alguma reportagem sobre alguma escalada popular. Até eu mesmo coloquei no meu blog um vídeo de uma escalada na Pedra do Picú, que foi liderada por um guia do Itatiaia que eu conheci ano passado lá no Itatiaia.


O fato é que, acho que a escalada está sendo mais um pouco rotulada como moda. Constatei mais um pouquinho disso de uma forma inesperada, explico:


Antes de ser montanhista, sou mochileiro. Antes de ser mochileiro sou fã de quebra-cabeças. Pra quem não sabe até um site eu tenho sobre isso que aliás não atualizo faz anos: http://www.parofespuzzles.xpg.com.br. Uma das imagens mais comuns nos quebra-cabeças europeus é a montanha. Como o europeu se fascina com montanhas, há séculos, sabemos bem. Quem não sabia, perdeu uma grande oportunidade de ficar sabendo assistindo à palestra do Pedro na Adventure Sports Fair 2010. A EDUCA, um dos maiores e mais tradicionais fabricantes de quebra-cabeças do mundo, tem modelos belíssimos com fotos de montanhas alpinas, veja fotos ao lado.


São motivos belíssimos, dificultam a montagem já que acontece muita repetição de peças de mesma cor e, quando prontos, dão um belo quadro…


Antes de ser viciado em quebra-cabeças ha nada mais nada menos que vinte anos (comecei aos 13), gosto de jogos. Mas nunca me iludi com play station, xbox, nada disso, sempre no pc. Sempre, desde moleque. Com tempo sobrando no final de março pude baixar jogos novos pra testar a goribada que dei no pc antes de viajar pros Andes no meu último projeto “Quanto mais melhor”, trocando placa mãe, fonte e processador. Mantive minha placa de vídeo porquê quando comprei me custou uns R$ 800,00 e ainda roda qualquer jogo, então…


Na ocasião levei dois dias pra baixar a última versão de uma série que curto muito, o “call of duty 6: modern warfare II” (11GB de download). Nossa mãe, o jogo é sensacionalmente animal. Ficava vibrando sozinho feito um louco dentro de casa dando tiro pra todo lado com minha placa de som ligada a um aiwa bem grande, o que causa até bala perdida nos vizinhos que cordialmente brincavam comigo he he he. Sério, ninguém reclamava!


Enfim, jogando este supra-sumo da programação moderna para jogos de pc (tudo bem, e também playstation, xbox e essas porcarias aí) dei de cara com uma fase com escalada em gelo! Isso mesmo, o início da fase é no Cazaquistão, no meio de uma tempestade de neve nas montanhas. Pra chegar ao inimigo eu preciso escalar duas paredes de gelo, ambas com cerca de 20 metros de altura, verticais, no meio da tempestade, além disso encarando más condições de gelo que se quebra facilmente quando o deslocamento do ar é forte por causa dos caças que sobrevoam a área.


Nem preciso dizer como é animal…O capitão que eu sigo vai na frente de cadeirinha, com umas 3 ou 4 costuras presas e mais uns 3 friends, piqueta técnica e até corda. Entretanto, pra escalada, solamos he he he.


A questão é, a popularidade da escalada está tão grande que está entrando em investimentos milionários de grandes desenvolvedores de jogos como a activision, dona da série Call Of Duty.


Mas não é privilégio deles. Antes de viajar estava jogando o outro excelente jogo cuja série também vem de longa data e é ótima: “Tom Clancy´s Rainbow Six: Vegas 2”. Para minha surpresa jogando antes da viagem, havia uma fase em que durante cerca de dez minutos fiquei dentro de um enorme ginásio de escalada trocando tiros com os terroristas. Paredes repletas de vias de uns quinze metros de altura, um ginásio bem grande. Já fiquei surpreso naquela época, depois quando joguei pela primeira vez o Modern Warfare II, resolvi postar no meu blog a tendência e agora, meses depois, aqui. Acredito que seja evidente sobretudo porquê trata-se de outro grande desenvolvedor de jogos, Ubisoft.


A preocupação das empresas é claro, ganhar dinheiro. Meios de comunicação de massa como a TV atingem aos que assistem, lá está a escalada. O maior meio de comunicação de massa do mundo, internet, veicula os lançamentos de jogos. O jovem (ou não ahahahah) está lá vendo os lançamentos, fazendo o download via torrent e jogando. Está lá a escalada também!


Além do mais, o cinema também está eternizando a vida de muitas lendas do montanhismo pelo mundo. Acabou de sair o filme sobre o Messner e seu irmão em janeiro na Alemanha, “Nanga Parbat” (que ainda não consegui assistir, mas foi exibido no RJ esta semana e lendo a resenha do Luciano, fiquei mais curioso ainda pra ver!), pouco tempo atrás, baixei e vi o “North Face” (Nordwand) sobre uma das tentativas de primeira escalada da temida face norte do Eiger (Filme de primeira, produção maravilhosa, vibrei vendo o filme e torci pra que a História mudasse e que ninguém morresse. Infelizmente todos que estavam na parede naquele ano de 1936 morreram.), baixei mês passado o “The Sharp end” (a-ni-mal, recomendo!), e muitos outros estão pintando aí na área…


A popularidade também se manifesta através de outros meios na telinha, em novelas de vez em quando pinta um personagem que escala, programas reality show tipo o hipertensão com participantes de renome da escalada, como a Janine na última edição do programa.


Em livros também! O Renato do blog “Escalar é preciso, viver não”, deixou o seguinte comentário no meu blog quando publiquei a primeira versão deste pequeno texto: “Opa, só para acrescentar à lista, nos livros da série de Percy Jackson (E o Ladrão de Raios, por exemplo) sempre há referencias a escalada, seja em rocha, quando os personagens têm de escalar uma montanha escarpada para atingir um objetivo, ou em academia, quando eles encontram amigos e outros personagens do livro simplesmente escalando e se divertido. Em todos os 4 livros da série há referências dessas o que me leva a crer que o autor seguramente é escalador”.


A escalada cai na mídia através de notícias, leis, medidas proibitivas, luta contra estas mesmas medidas, etc etc, quanto mais preciso citar?


Afinal de contas, quando os cabeças vão perceber que proibir não é a solução? O fascínio do montanhista ou até mesmo do turista que vai lá escalar ou fotografar já instiga a preservação, porquê não queremos ver só uma vez, queremos ver de novo, fotografar de novo, fotografar com pôr do sol, com nascer do sol, isso dá pano pra manga…


O Papa? Que nada! As montanhas e a escalada: Isto é POP!

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Sobre o autor

Parofes, Paulo Roberto Felipe Schmidt (In Memorian) era nascido no Rio, mas morava em São Paulo desde 2007, Historiador por formação. Praticava montanhismo há 8 anos e sua predileção é por montanhas nacionais e montanhas de altitude pouco visitadas, remotas e de difícil acesso. A maior experiência é em montanhas de 5000 metros a 6000 metros nos andes atacameños, norte do Chile, cuja ascensão é realizada por trekking de altitude. Dentre as conquistas pessoais se destaca a primeira escalada brasileira ao vulcão Aucanquilcha de 6.176 metros e a primeira escalada brasileira em solitário do vulcão ativo San Pedro de 6.145 metros, próximo a vila de Ollague. Também se destaca a escalada do vulcão Licancabur de 5.920 metros e vulcão Sairecabur de 6000 metros. Parofes nos deixou no dia 10 de maio de 2014.

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