A união faz a força e não açúcar…

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Em 2007 estive na região de Pucón, no Chile. A cidade, muito bonita por sinal, é marcada pelo vulcão ativo Villarrica, que representa o principal atrativo da cidade. No inverno as pistas de esqui tomam conta, porém é no verão que as escaladas são mais acessíveis na região.

Contudo, como em qualquer lugar de fácil acesso e grande fluxo de visitação, os problemas ambientais e de segurança são muito debatidos. Por conseqüência, regras são formalizadas, e entre elas, a do acesso permitido apenas àqueles que estiverem acompanhados de guias.

Obviamente que procurei o órgão responsável, no caso a CONAF, para tentar alternativas para não precisar pagar o guia, principalmente após saber do preço de 120 dólares cobrado num sistema de cartel pelas agências.

Argumentei de tudo, que eu havia acabado de subir alta montanha, que eu possuía todos os equipamentos e a resposta era sempre negativa. Até que, por sorte, acabei mostrando a minha carteirinha do CPM (Clube Paranaense de Montanhismo). O funcionário vendo a referida carteirinha falou que era apenas aquilo que ele precisava para me dar o aval de escalar a montanha sem a necessidade de guia. Procurei saber o porquê, e ele me esclareceu que há algum tempo, os clubes de montanha do Chile conseguiram junto a CONAF esta liberação.

Não muito distante dalí, e ainda nos Andes, o Perú estabeleceu novas regras para acesso em suas principais montanhas, e assim como no Chile, a exigência de guia passou a ser cobrada na entrada dos parques. A UIAA, numa intervenção histórica, conseguiu a liberação para seus membros, incluindo aí, os sócios dos clubes pertencentes as federações ligadas a CBME.

Esta semana, a Fazenda Pico Paraná, visando acabar com problemas causados durante os dias de semana, resolveu fechar suas portas, liberando o principal acesso às montanhas daquela região apenas aos finais de semana. A FEPAM (Federação Paranaense de Montanhismo) está negociando o acesso nos dias úteis aos seus federados.

Porém ao saberem desta notícia, os “revolucionários de plantão” já resolveram contestar, como se o fechamento das montanhas em todo o mundo, incluindo as paranaenses, fosse desejo das federações e da UIAA.

O que até agora eles não entenderam é que a união faz a força. Para lutar contra estes fechamentos, assim como contra as leis absurdas que querem exigir guias de montanhistas muitas vezes mais capacitados que os próprios guias regionais, contra a poluição e a desordem nas montanhas, contra os desmandos políticas e etc., somente unindo as forças é que se conseguirá algo relevante.

Entendam que as federações em nada têm haver com estes fechamentos. Elas apenas buscam aberturas e facilidades aos seus sócios, membros ou federados. E assim como a UIAA conseguiu o acesso aos seus membros nas montanhas chilenas e peruanas, acredito que a FEPAM também conseguirá garantir mais este direito aos seus membros.

A todos os outros que, ao invés de apoiarem as federações e clubes, preferem galgar sozinhos os desatinos da liberdade, deixo meus votos de força, pois a luta será muito mais árdua.

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Sobre o autor

Hilton Benke é um dos idealizadores do AltaMontanha.com. Dono de uma personalidade muito forte, é hoje praticante assíduo do voo livre, principalmente da modalidade "hike and fly", que une o voo com o montanhismo. Como montanhista e escalador, gastou seu tempo galgando montanhas brasileiras e andinas, além de ter prestado alguns serviços como instrutor de escalada junto ao CPM. Deixá-lo feliz é fácil: só marcar um bom pernoite em um cume da Serra do Mar Paranaense, com um bom menu para o jantar e uma condição de tempo boa para que possa decolar com seu parapente dia seguinte e realizar uma das muitas travessias sobre a Serra do Mar.

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