Como seria se a escalada fosse esporte olímpico?

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Com a proximidade dos jogos olímpicos de Londres, reacende o questionamento sobre como seria a escalada esportiva e a organização do montanhismo se este esporte fosse olímpico.

O sonho da escalada se tornar um esporte olímpico é antigo e isso pode se tornar uma realidade a qualquer momento, uma vez que o Comitê Olímpico Internacional (COI), já reconhece a escalada com esporte.

Para quem é leigo e vê um escalador desafiando uma parede rochosa não entende como seria uma competição de escalada. A fim de esclarecer esta dúvida, o AltaMontanha irá esclarecer como são as competições.

Competições de escalada

Há três categorias de escalada de competição: Dificuldade, velocidade e boulder. Todas estas categorias são realizadas em paredes com agarras artificiais em ambientes controlados (seja, nunca são realizadas na rocha). Vejamos as regras e como são realizadas as competições em cada categoria.

Dificuldade: O desafio da escalada de dificuldade é chegar ao topo da via sem cair. Para que esta competição seja interessante para o público e que os atletas não fiquem empatados, há grande desafio para as pessoas que montam as vias de escalada, pois estas não podem ter um “crux”, ou seja, um ponto de dificuldade, que derrube todos os competidores no mesmo lugar, provocando um empate com vários atletas. Para tanto, os “route setters” como são chamadas as pessoas que montam as vias, precisam fazer rotas que começam difíceis e vão gradativamente ficando ainda mais complicadas, misturando dificuldades técnicas com dificuldades físicas. A idéia é que os atletas vão ficando pelo caminho e só chegue ao topo aquele que tiver talento e preparo físico e psicológico. Se dois atletas chegarem ao topo, o critério de desempate é o tempo e quem finalizar mais rápido é campeão. Detalhe, as vias de escalada são inéditas para os atletas, que ficam numa concentração e não vê seus oponentes escalar. Assim ninguém é privilegiado por ter escalado depois de seu oponente.

Boulder: No boulder as regras são as mesmas para a escalada de dificuldade. O que muda é o tamanho do desafio. Diferente da escalada de dificuldade, que é feita em uma parede grande com uso de corda, o boulder é realizado num bloco pequeno e sem corda. Como o desafio é menor, os lances são muito mais difíceis e atléticos. Ao contrário da escalada guiada, onde prevalece a resistência dos atletas, no boulder prevalesce a explosão. A comparação é a mesma entre uma maratona e uma corrida de 100 metros. Não falta emoção para os torcedores.

Velocidade: Nesta categoria são montadas duas vias idênticas lado a lado. Vence quem chegar ao topo primeiro. Tecnicamente estas vias são muito mais fáceis do que as da escalada de dificuldade e boulder.

Como seria a escalada se fosse um esporte olímpico?

A escalada de competição é organizada mundialmente pela IFSC (Federação Internacional de Escalada esportiva, da sigla em inglês), desde 2007. No Brasil, quem organiza os campeonatos oficiais é a CBME (Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada). Os europeus são quem tem mais tradição no esporte. Países como a França, Espanha, Áustria e Suíça ensinam escalada na escola. Outros países pequenos são grandes potencias no esporte, como Eslovênia e Republica Tcheca. Até países que não tem montanhas, como a Holanda e Bélgica, têm atletas de ponta e se destacam nas competições.

Até a década de 1990, os Estados Unidos tinham os melhores atletas, hoje a Espanha é quem reúne os melhores nomes. No feminino a Eslovênia tem a melhor equipe.

No Brasil há campeonatos de escalada desde 1989. Os maiores campeões são Cesar Grosso, o “Cesinha” com 5 títulos nacionais e no feminino, Janine Cardoso, com 7.

Diferente dos países europeus, os campeonatos no Brasil são realizados de maneira amadora, com pouco ou nenhum recurso, dependendo do trabalho voluntário de organizadores e sem a promessa de que atletas possam ter algum patrocínio ou ao menos condições de pagar para competir.

Estas condições resultaram numa verdadeira crise na organização de campeonatos no país ao ponto de que campeonatos tradicionais, como o paulista, paranaense e fluminense deixaram de ser realizados. Mesmo assim, o Brasil é o país da America Latina com os melhores escaladores de competição, que mesmo com pouco apoio, já fizeram bonito lá fora.

Se a escalada de competição se tornasse um esporte olímpico, este cenário poderia mudar completamente, já que o Ministério dos Esportes destina parte dos lucros da loteria esportiva às confederações dos esportes olímpicos. Isso significaria profissionalização dos campeonatos e certeza da realização dos mesmos, sem falar no aumento da visibilidade dos atletas, que poderiam conseguir patrocínios e viver do esporte, o que daria condições que eles chegassem ao mesmo nível dos atletas estrangeiros.

No ano que vem, o COI irá se reunir para definir quais serão os esportes a serem inclusos nos jogos de 2020. Há grande expectativa para que a escalada seja incluída nesta lista. Vamos torcer para que isso aconteça.

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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