Cotopaxi, o vulcão ativo mais alto do mundo

0

Cotopaxi, o vulcão ativo mais alto do mundo, reina em parque nacional com lagos e animais típicos dos Andes

Quem assistiu a filmes como Ginostra, O inferno de Dante ou mesmo o clássico Krakatoa – Inferno de Java pode pensar que esses gigantes adormecidos são uma das forças mais destrutivas da natureza, capazes de provocar devastação ao redor. E é verdade, caso algum deles desperte de forma mais violenta. Mas o fenômeno é raro – inclusive muito procurado por montanhistas em busca das sensacionais imagens do magma descendo em direção à água – e, na maior parte do tempo, o vulcões equatorianos são, em vez de causa de destruição, fonte de admiração, diversão e até reverência.

Um exemplo é o Cotopaxi, localizado no parque nacional de mesmo nome, na província de Pichincha, a cerca de 95 quilômetros de Quito. Não há como ficar indiferente diante da imponência da montanha, ainda mais se o turista contar com a colaboração de São Pedro para afastar um pouco as nuvens que cobrem os pontos mais altos do vulcão durante parte de ano.

Nesse caso, a vista do cume, a 5.897 metros de altitude e perenemente nevado, é de tirar o fôlego. Literalmente, já que até sua base está a mais de 3 mil metros de altitude. Onde, devido ao menor nível de oxigênio no ar, algumas pessoas podem sentir dores de cabeça ou náuseas, mas nada que uma aclimatação não resolva.

Parte dos turistas que procuram o Cotopaxi vai à montanha para atingir seu cume. Quem prefere evitar a adrenalina, o Parque Nacional Cotopaxi oferece outras atrações, como rios, lagos e descampados onde é possível ver uma fauna variada que inclui condores, cervos e cavalos selvagens, ente outros. Também há áreas em que é possível acampar, mas com a devida permissão da administração. No parque é cobrada uma entrada de US$ 10 por pessoa.

ERUPÇÕES

Apesar do deslumbramento que o Cotopaxi costuma causar em quem fica diante da montanha, ele ainda é um vulcão ativo e, de tempos em tempos, mostra sua força. Desde 1738, já foram registradas mais de 50 erupções no local, responsáveis por boa parte dos vales em torno da montanha, formados pela mistura de lama, magma e outros materiais expelidos durante as atividades vulcânicas. Essas atividades, inclusive, já foram responsáveis, duas vezes, pela completa destruição de Latacunga, cidade de pouco mais de 100 mil habitantes que fica próxima à montanha. As maiores erupções do Cotopaxi foram registradas em 1744, 1768 e 1877. A última grande erupção ocorreu em 1904 e, atualmente, as atividades do vulcão são monitoradas pelo governo e universidades equatorianas.

PASSEIO ENTRE GIGANTES

Com nove dos 10 picos mais altos do país, Avenida dos Vulcões inclui montanhas em constante atividade

Apesar de o Cotopaxi ser a mais conhecida e visitada montanha do Equador, o país tem 53 vulcões, sendo que pelo menos 10 deles ainda estão ativos. E todos compõem cenários de rara beleza. Um exemplo é o Arquipélago de Galápagos, com mais de 200 ilhas e ilhotas, todas formadas por atividades vulcânicas. Mas é na Avenida dos Vulcões que estão as montanhas mais altas e o roteiro inclui nove dos 10 maiores picos equatorianos.

Ao Sul de Quito e cercado por duas cordilheiras montanhosas, o vale foi batizado de Avenida dos Vulcões pelo explorador alemão Alexander von Humboldt, que percorreu a região em 1802. O roteiro sai da capital equatoriana em direção ao Sul, pela Rodovia Panamericana. A viagem já começa à sombra do Pichinha, vulcão com 4.784 metros de altitude, ao pé do qual está Quito. Seguindo o percurso, rapidamente sem impõe na paisagem a visão do Cotopaxi e pouco depois, a Oeste da Panamericana, do Chimborazo.

Chamado pelos incas de Taita – pai – Chimborazo é o mais alto vulcão do país. E, devido à sua posição próxima à linha do Equador, seu cume, a 6.310 metros de altitude, é também o ponto mais distante do núcleo do planeta, achatado nos pólos. O vulcão é considerado extinto e teve sua última erupção há cerca de 10 mil anos, mas ainda hoje atrai aventureiros em busca de sua conquista, que exige aclimatação e conhecimento em caminhada na neve.

AMANTES

Um “pai” tão imponente não poderia ficar sem parceira, papel que cabe à Mama – mãe – Tungurahua, com 5.016 metros de altitude e cerca de 135 quilômetros ao Sul de Quito. Mas Mama não é tão mansa quanto o “amante”. Pelo contrário. O vulcão continua em plena atividade e uma erupção em agosto do ano passado devastou cinco vilarejos na região. Quando está “calma”, no entanto, a montanha – monitorada diuturnamente pelo Instituto Geofísico do Equador – também oferece um cenário privilegiado aos visitantes.

Tungurahua fica dentro do Parque Nacional Sangay, considerado Patrimônio da Humanidade desde 1983. Localizado nas províncias de Tungurahua, Chimborazo e Morona Santiago, o parque é a porta de entrada para a Amazônia equatoriana e oferece paisagens que vão de geleiras a florestas tropicais, com as mesmas variedades de flora e fauna e exuberantes rios, lagos e cachoeiras. É lá que estão também os o vulcão El Altar, com 5.319 metros, que exige experiência em técnicas de escalada, e a montanha que dá nome ao parque.

Com seus 5.230 metros, o Sangay é um dos mais bonitos e perigosos vulcões do país. Devido à sua constante atividade, com a presença de fumarolas, erupções e fluxos de lava, é uma das montanhas de maior interesse para os geólogos. Mas não são apenas estudiosos que se interessam pelo gigante e os fenômenos também se transformaram em espetáculos para turistas, que têm pontos de observação seguros para admirá-los. Assim como outros vulcões equatorianos, o Sangay também atrai gente de todas as partes para escalá-lo. Mas essa parte é só para aqueles que têm boa experiência no esporte. Se não for o caso, o melhor é manter distância.

PRESERVAÇÃO

Outra área de rara beleza que parece estar sob a “guarda” de um vulcão é a Reserva Ecológica Cayambe-Coca, área de preservação com a maior diversidade vegetal e animal do Equador, localizada nas províncias de Pichincha, Imbabura, Napo e Sucumbíos. Incrustada na Cordilheira Central (ou Real) dos Andes, a reserva tem uma cadeia montanhosa de grande altitude, mas a que domina a área, sem dúvida, é o Cayambe, vulcão que deu origem ao nome da reserva. Ele é o terceiro pico mais alto do Equador, com 5.842 metros. Com o cume perenemente nevado, o vulcão é um importante hábitat de condores andinos e falcões. Investigações científicas feitas na área indicam que há cerca de 1,3 mil espécies de vertebrados na região, parte deles ainda não catalogada. (MP)

DIVERSÃO E CONFORTO NAS ALTURAS

Capital do país tem noite badalada e pode funcionar como espécie de base para diferentes roteiros diários

Apesar de ser, ao lado do Arquipélago de Galápagos, um dos roteiros mais procurados do país, os imponentes vulcões, com suas bases de florestas e glaciares, não são a única opção de passeio do Equador. Quem quiser um descanso dos ambientes selvagens tem boa opções de hospedagem e diversão em Quito, uma das capitais mais altas do mundo, a 2.850 metros de altitude. Próximo à cidade, ou mesmo no caminho entre uma montanha e outra, há também pequenos vilarejos indígenas que mantêm boa parte das tradições e forma de vida dos antepassados.

Em Quito, é possível encontrar as mais variadas opções de hospedagem e uma delas, para quem prefere um pouco mais de conforto, é ficar baseado na capital e sair diariamente para roteiros pelos Andes. Mesmo com a economia do país dolarizada, a capital tem um dos serviços de táxi mais barato das américas e uma corrida de 15 a 20 minutos sai por US$ 2,50, pouco mais de R$ 5. Quem gosta da noite pode pegar uma dessas corridas para o Bairro Mariscal, conhecido como Gringotown, onde gente bonita e turistas estrangeiros se encontram em variados bares e boates em busca de diversão.

A cidade também tem um dos maiores e mais charmosos centros históricos do mundo, onde estão uma variedade de museus, enormes igrejas barrocas ornadas a ouro e construídas pelos indígenas e os prédios do governo equatoriano, alguns deles também do período da colonização.

TRADIÇÃO

Próximo à capital, há várias pequenas cidades e vilas onde é possível encontrar desde artesanato até uma culinária tradicional indígena, a base de batatas, carnes, frutas e muito milho – há 28 espécies diferentes do grão no Equador. Uma dessas cidades é Cayambe, ao pé do vulcão de mesmo nome, famosa pelos biscoitos amanteigados acompanhados de um delicioso doce de leite.

Um das cidades que mais atrai turistas é Otavalo, na província de Imbabura, local onde a população de grande maioria indígena mantém fortes laços com a cultura dos antepassados. Esses laços são tão fortes que as crianças otavaleñas podem usar as roupas indígenas e não precisam usar uniforme nas escolas públicas do Equador. Os homens também são dispensados de cortar os cabelos nas forças armadas do país, já que, pela tradição da região, os longos rabos de cavalo são sinal de virilidade.

Mas a cidade também não parou no tempo é possível ver adolescentes com roupas típicas indígenas navegando na internet em um cyber café. É são as ruas de Otavalo que abrigam o que, segundo os equatorianos, é o maior mercado de artesanato indígena da América do Sul. Pode até ser exagero, mas são centenas de barracas com os mais variados produtos a preços bem acessíveis e, com certeza, é um passeio que vale a pena. (MP)

ONDE FICAR
 
Tierra Del Vocán – www.volcanoland.com
Hacienda San Agustin de Callo – www.incahacienda.com
La Cienega – www.hosterialacienega.com
 

Compartilhar

Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

Deixe seu comentário