Daniela Teixeira encontra problemas no GII

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O casal de portugueses, Daniela Teixeira e Paulo Roxo, encontraram problemas em sua tentativa de chegar ao cume do Gasherbrum II pela rota do Esporão dos franceses. Eles esperam o bom tempo agora para decidirem o futuro da expedição.


O casal de alpinistas portugueses encontraram problemas na subido do cume do Gasherbrum II, montanha de 8.035 metros de altitude, localizada no Karakouram, Paquistão.

Segundo o casal, o mal tempo tem castigado a todos na região e o gelo, por sua vez está muito duro e perigoso para a escalada. Depois da desistência, uma esperança: escalar o GI, ou como também é conhecido, Hidden Peak. Leiam na íntegra o relato de Daniela:

De inicio a coisa não parecia má, uma pequena travessia em neve conduziu-nos à base de um pilar de rocha. Contorna-lo pela esquerda pareceu-nos o mais lógico. Por alguns momentos, o Paulo desapareceu da minha vista. Pouco depois, o correr da corda que nos unia fez-me perceber que era a minha vez de avançar. Ao passar a esquina do pilar deparei-me com uma travessia a meia vertente, com rocha decomposta e gelo precário. Um verdadeiro horror (nem em baixa altitude e sem mochila algum dia fiz algo de semelhante)! O Paulo distava de mim cerca de 25 metros e entre nós haviam apenas 3 protecções intermédias…nos locais possiveis de proteger. Aqueles metros que nos separavam, para além do físico, consumiram muito da minha energia mental.

Depois daqueles longos minutos, pensávamos que a coisa ia melhorar…mais um engano! Uma nova travessia em gelo, finalizando com alguns passos em rocha, encaminhou-nos a uma pequena plataforma, unico local medianamente horizontal naquele terreno vertiginoso. Desta vez, as rampas que teriamos de escalar para atingir uma aresta eram evidentes, restava saber se seriam de neve aceitável ou de gelo. Novamente o azar mordeu-nos os crampons e o que encontramos foi gelo puro e duro, debaixo de uma fina camada de neve. Escalamos alguns metros, mas a conjugação entre a altitude, mochila pesada e botas inapropriadas para uma escalada tão técnica, obrigou-nos a progredir muito lentamente.

Literalmente, começamos a pensar na vida. Áquele ritmo, com as condições que estavamos a encontrar na via, nunca fariamos cume dia 17, tão pouco nos apetecia ser apanhados pelo mau tempo numa via com aquele grau de compromisso. Assim, foi com uma enorme tristeza que decidimos abandonar a escalada.

Mas a coisa não ficou por aqui, era impossivel regressar pela mesma linha. Por baixo dos nossos pés caía uma parede de gelo com mais de 500 metros. Era a nossa unica saida!

Para rapelar, o material disponivel era reduzido e eu, num descuido, ainda o reduzi mais, deixando cair 2 dos 5 parafusos de gelo de que dispunhamos.

Nesta fase, o gelo que tantas complicações nos tinha dado tornou-se um aliado, pois permitiu-nos realizar uma das mais preciosas manobras de fuga das montanhas: o abalakov.

O abalakov consiste em realizar dois furos no gelo de forma a criar uma pequena e resistente coluna de gelo abraçada por uma cordeleta onde se pendura a corda do rapel…a nossa só tinha 50m, pelo que a maioria dos rapeis foram de 25! Entre os detrepes e os intermináveis rapeis lá fomos vencendo o desnivel. Após cerca de 6 horas, atingimos a base da parede. Após 6 horas retomámos o modo normal de locumoção do homem: o caminhar!

E assim terminou o nosso épico no GII. Mas, ainda durante a descida fomos olhando para o lado direito, onde se erguia o Gasherbrum I. Quando chegamos à tendinha laranja do campo 1, ainda entristecidos, já tinhamos decidido que o GI era a montanha da próxima tentativa…na próxima janela de bom tempo.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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