Em busca do frio extremo brasileiro

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Afinal, quais são as condições ideais para queda de neve? De acordo com definições, as nuvens são formadas por vapor de água quase em estado de condensação nos momentos que antecedem a chuva. Caso o ar esteja, por alguma razão do clima local, mais frio que o ponto de congelamento da água (como quando há uma massa de ar polar na região), em vez de chover, neva. Se a inversão térmica for muito forte e a densidade das nuvens for muito alta (regiões tropicais), pode cair granizo em vez de flocos de neve. Depois de mais um mês parado fui correr atrás do frio extremo brasileiro, e com pensamento positivo de ter a sorte de ver neve brasileira.

As vezes comento com amigos que no Brasil o frio é pior do que nos Andes comparando a diferença absurda de altitude, principalmente Andes vulcânicos desérticos que é o caso do Atacama, minha região preferida para ascender grandes montanhas sul-americanas. Nos Andes atacameños a umidade é quase nula, a sensação térmica (que pode ser intensificada com umidade e vento) quase sempre é maior do que a temperatura real por causa do vento que lá, quase nunca para. Já peguei no vulcão Sairecabur temperatura&nbsp, absoluta&nbsp, de -12°C com muitos ventos o que deixava a sensação a -25°C. Já peguei escalando geleira na Bolivia -15°C absolutos com pouco vento e com isso sensação de cerca de -18°C. No Mont Blanc na França, a temperatura real no cume era de só -9,5°C, mas com o vento, até meus pensamentos pareciam congelar. No Brasil, sempre temos umidade alta salvo em algumas semanas consecutivas em que uma massa de ar seco insiste em pairar sobre nossas terras, mas no geral, temos sempre mais do que 90% de umidade relativa do ar.



Por causa disso podemos sentir regularmente frio tão forte na região da Mantiqueira (onde já registrei não oficiais -8°C no Vale do Ruah em 2007). Em um dos dias mais frios do final de julho, em Urupema, a umidade e o vento associados aos reais -7,8°C geraram uma sensação térmica calculada de incríveis -26°C! Nem parece terra do samba e do futebol.


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Depois de tanto tempo esperando por uma oportunidade, resolvi começar a monitorar a previsão do tempo e entrada de massa de ar polar vinda da Argentina, sujeito oculto da sentença “Frio abaixo de zero atinge sul do país”. Encontrei um blog muito legal de um xará meu que é meteorologista de Santa Catarina, e atualiza o blog a cada dois dias com tudo que pode, cheio de informações lapidadas, repletas de mapas especializados. Pronto! Só me faltava esperar.



Mas afinal, o que é “sensação térmica”,&nbsp, ela é mesmo somente sensação?



Não. Definitivamente sensação térmica não se limita ao significado literal de sensação (sentir porém não ter efeitos colaterais). O corpo sente o frio e reage a este frio. Assim sendo, os riscos eminentes apresentados ao corpo humano diante de uma temperatura de -5°C, sem umidade e sem vento, gerando uma sensação térmica dos mesmos -5°C, não são grandes. Entretanto, se a temperatura é de -5°C e o vento é de 100 km/h, e a umidade relativa do ar é maior que 90%, a sensação térmica é de -18°C. Isto é perigoso. Nosso corpo reage não a -5°C efetivos, mas a -18°C sensitivos, e assim sendo enfrenta os problemas e riscos desta temperatura baixíssima e não do frio mais ameno dos cinco negativos.



Eu já passei por isto uma vez, quando estava escalando o vulcão San Pedro no Atacama. Na ocasião, escalei o vulcão quase sem água (2l), tinha cinco garrafas de 500ml de isotônicos, não tinha fogareiro, não tinha barraca. Ou seja, bivaque nos Andes atacameños (a 4480m e a 5300m), sem comida ou bebida quente. Só tinha três latinhas de atum e um pote de pringles. A idéia era dificultar mesmo. E como dificultou…


&nbsp,Na noite que dormi a 5300m fez só -4°C quando acordei, e conforme foi amanhecendo (o horário mais frio em montanha é mesmo entre 04:00h e 06:00h) a temperatura foi caindo e chegou a -9°C efetivos. Por pura desidratação minhas mãos congelaram e precisei me proteger do vento que era até ameno (imagino algo em torno de 30-35 km/h), com as mãos dentro das calças por quarenta minutos, pra que eu conseguisse move-las de novo. Foram quarenta minutos de muita dor, quase insuportável o frio, já que fiquei parado todo esse tempo e estava desidratado. Somando todos os fatores climáticos à minha desidratação, mesmo que planejada, provavelmente meu corpo imaginava uma temperatura de quase trinta negativos e por isso sofri tanto neste horário gelado.


É assim que funciona a dita “sensação térmica”. Você sente, mas você sente porquê seu corpo enviou mensagens ao seu cérebro registrando o frio. Então seu corpo já sentiu e já reagiu. Resumidamente, uma sensação térmica pode ser classificada como temperatura real para o corpo humano. Então, entende-se o motivo pelo qual, por exemplo, aquele rapaz brasileiro morreu em baixa altitude na África por hipotermia. Estava desidratado, era inexperiente, e a sensação térmica pra ele com certeza foi muito fria. O corpo não agüentou e ele faleceu.


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Bem, vamos facilitar um pouco, deixo aqui um link muito legal que calcula de maneira bem simples (já que não envolve o terceiro fator, umidade relativa do ar) a sensação térmica, o que em inglês se chama “Windchill”.

Link da estação de monitoramento do Morro da Igreja:
http://www.morrodaigreja.com.br/clima.html


&nbsp,De olho nas previsões por 45 dias corridos, decidi ir à Serra Catarinense de Urubici, Serra Geral, na esperança de presenciar uma nevasca e sentir frio extremo. Tentei uma, duas, três vezes, mas o vento sempre soprou forte e a massa de ar polar ficou no meio da semana. Desta vez deu pra ir curtir, e contei com a companhia dos amigos Pedro, Camila, e até o Máximo nos acompanhou o que tornou a viagem super divertida com nós dois falando merda sobre merda o tempo todo. Claro, para quem pratica alta montanha não é nenhuma novidade ver nevascas e sentir bastante frio, mas no Brasil tem todo um gostinho especial, concordam?
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Aqui no Brasil não era muito comum o evento climático de nevadas, mas isto está mudando aos poucos. Por isso, para nós é muito excitante presenciar tal fenômeno se ele ocorre em nossas terras. Sempre que há previsão de frio mais intenso na Serra Catarinense como o que aconteceu no mês passado, que foram oito dias consecutivos de temperaturas que variaram entre 0°C e -7,8°C, existe uma chance, mesmo que pequena, de isto acontecer. Em um destes dias gélidos nevou por quarenta e cinco minutos em Urubici e em Urupema por horas a fio, dois dos municípios mais frios do nosso país, em Urupema mais ainda pois a cidade fica a&nbsp, 1.335 metros de altitude.


&nbsp,A intenção era de, além de presenciar uma nevasca ou uma boa geada, sentir um frio brasileiro verdadeiramente intenso, (mês passado, sem previsões para isso, a só 1.530 metros de altitude peguei uma geada boa quando fui caminhar pela Mantiqueira no Pico do itaguaré. A manhã foi bem fria, registrei não oficiais -5,3°C em uma manhã típica de barraca e mato brancos pelo acúmulo de gelo) acampar no topo do Morro da Igreja (o que não pudemos fazer por ser proibido!) e torcer pra nevar e ventar muito pra sentirmos o frio de um dos dois pontos mais gelados do Brasil, o topo do Morro da Igreja, segunda montanha do estado de Santa Catarina, e quarta mais alta da região sul do país perdendo pro Pico Paraná, Pico Caratuva e Morro da Boa Vista, esta sendo a mais alta de Santa Catarina.


Os dois pontos considerados mais frios do Brasil são o topo do Morro da Torre (ou Morro das Antenas) em Urupema, Santa Catarina, a 1.730 metros de altitude, e o próprio Morro da Igreja, com cume a 1.822 metros de altitude, também em Santa Catarina. Quanto mais forte o vento no Morro da Igreja, mais baixa é a sensação térmica, óbvio. Então, meu desejo era que a resistência de minha barraca fosse testada mesmo, mas nem deu pra testar já que não acampamos lá. O máximo de vento que peguei com ela foi no acampamento La Hoyada no Cordon Del plata, na época peguei algo entre 60 e 70km/h de vento e ela agüentou sem titubear. Sequer se mexia.


Na mesma região da Serra Catarinense, nos últimos anos, a ocorrência de neve está regular, anual. Com o advento do aquecimento global (questionado por muitos/ alguns até arriscam afirmar que não existe nada de aquecimento global causado por humanos. Vale lembrar também que estamos no final da última era glacial de nosso planeta, apenas 10.000 anos atrás. Em termos geológicos, isto é um piscar de olhos), os invernos estão ficando mais rigorosos, e os verões registram calor próximo do insuportável. É uma situação de extremos. As ocorrências de nevasca de grande porte aconteceram em 1985, em 1996 e em 2010. Isso mesmo, o ano de 2010 teve uma nevasca impressionante em Santa Catarina. O solo ficou branco, a mata ficou branca. Em alguns pontos a neve chegou a surreais 50 centímetros e os carros não conseguiram chegar ao Morro da Igreja.


&nbsp,Este ano de 2011, logo no dia 26 de junho nevou na Serra e nas cidades serranas. Era apenas o quarto dia do inverno do ano. Algumas semanas atrás uma cachoeira de 30 metros congelou e o pessoal de lá teve por algumas horas uma cachoeira congelada pra praticar escalada em gelo. É claro que o gelo não era de boa qualidade e provavelmente não teve repetições a via, mas gerou um vídeo legal que foi parar no blog http://montanhismogaucho.blogspot.com, depois sendo divulgado pela Go Outside também.


Um pouco depois uma nova massa de ar polar, terceira deste inverno, esfriou novamente diversas cidades catarinenses e gaúchas. Dezenas de cidades registraram mínimas negativas e uma delas, de novo Urupema, registrou oficiais -8°C.


&nbsp,A massa de ar polar não tem parado mais como a primeira que causou vários dias consecutivos de temperaturas negativas, ela está em constante movimento sendo empurrada por velozes ventos na alta troposfera. Lá, a 16km de altitude, a temperatura chega a -70°C. Não diferente das últimas três massas, esta veio rápida e a previsão era de apenas três dias com frio intenso no sul. Ao que parecia, desta vez não tinha como evitar, estava confirmado um sábado e domingo com amanhecer congelante. A previsão não era de só um site, acompanhei incessantemente via tempoagora, climatempo e mountain weather forecasts, que por sinal tem uma página específica pro Morro da Igreja. Neste site, o nível de congelamento (freezing level) que normalmente fica entre 4000m e 4500m de altitude, baixou para apenas 700m de altitude na manhã de sábado. “Putz, é agora!” pensei.

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Agora, uma quarta massa de ar polar avançou de novo vinda da Argentina e deixou as coisas geladas na nossa região sul. Eu não poderia perder de novo isto…E desta vez contava com meus amigos pra bate-papo e bate-queixo!


Bem, chega de informações chatas. Vamos à montanha!
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Mesmo não sendo um montanhismo de ascensão propriamente dita, já que o carro chega ao cume, montanha é montanha, e montanhismo significa também culto à montanha, não só a prática do esporte. Pedro, Camila Máximo e eu fomos a Urubici cultuar um dos lugares comprovadamente mais frios do Brasil, o Morro da Igreja. Chegamos na madrugada na esperança de ver uma nevasca brasileira, aguardamos pacientemente dentro do carro mesmo. Acordei diversas vezes durante a noite monitorando o céu, frio e chances de neve. Nada.


Mesmo assim o frio estava bom pela manhã. Meu relógio marcava -1,2°C quando acordamos e o vento estava relativamente fraco. Fomos até o cume passar frio e tomar café da manhã.


Começamos a fazer fotos e a babar na paisagem que realmente, me surpreendeu. Fotos não são nem de longe justas com a beleza da vista do Morro da Igreja. Posso afirmar, agora mesmo escrevendo este texto, que a região montanhosa de Urubici é, no meu ponto de vista, a paisagem de montanha mais bonita do Brasil. Ponto final!


Por volta de nove e meia da manhã o frio no cume estava muito forte, meu relógio marcava suaves -2°C, mas não sabíamos se estava correto. Chegava gente a todo tempo carregando até cobertor pra tirar foto na beira do cânion. Foi a primeira vez que escutei o Pedro reclamar de frio: “Nossa, nunca senti tanto frio em solo brasileiro!” ele disse. A Camila mau agüentava ficar fora do carro tadinha, eu estava de bermuda (só vesti a calça quando parei de sentir os joelhos 40 minutos depois que chegamos ali – afinal a minha intenção era pegar o frio mesmo) e o Max, bem, estava cagando e andando fazendo o mate dele kkkkkk…


Nota: Na segunda-feira dia 22.08.2011 descobri que segundo informações do INMET, fazia de fato no horário que estávamos no cume -2°C, e o vento era de cerca de 56km/h, fazendo com que a sensação térmica fosse de -15°C. Sucesso! Sentimos o frio extremo brasileiro!




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&nbsp,Tomamos café da manhã preguiçosamente. Passando frio mesmo. Depois de sei lá, umas duas horas, desistimos de lutar contra o frio e entramos no carro onde ficamos mais meia hora só conversando e bebendo mate. Arrumamos tudo e fomos pra trilha da Pedra Furada. Um local onde infelizmente montanhista não vai. Só turista e farofeiro que vandaliza a rocha com pichações. A trilha é extremamente batida já que agências locais levam pessoas lá toda semana (NOTA: A realização desta trilha tem obrigatoriedade de utilização de guia local autorizado pela ICMBio e agendamento prévio), e levamos cerca de uma hora e meia pra chegar lá porque fomos curtindo e fotografando sem parar. Dá pra fazer a trilha em vinte e cinco minutos só. Que lugar fantástico!!!


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Nesta hora a Camila me disse que eu tinha razão, que a escolha do lugar pra irmos foi muito bem sucedida. Fiquei realizado. Olho fotos da região há anos, nas duas noites antes de viajar, já com vôo pra Curitiba agendado, mau conseguia dormir excitado querendo ir logo. Mas não tinha idéia de que o lugar era muito mais belo do que eu imaginava ou observava nos registros fotográficos.
Pedro e Max também piraram na rocha, idéias mil, dezenas de fotos, meia hora só apreciando a vista que, com classificação mínima e até injusta, seria “esculpida”. Nosso presente não parava por aí…


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Começamos a voltar. Já fazia um pouco de calor por causa da atividade física, mas quando chegamos ao carro e paramos o frio pegou de novo associado ao suor das roupas. Entramos no carro e fomos comer ao lado da Cachoeira Véu da Noiva, uma belíssima queda de cerca de 60 metros de altura. Depois da refeição seguimos direto pra outro ponto onde pretendíamos chegar ao topo de um cânion pra acampar e pegar o frio que seria mais forte.

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Acontece que a natureza nos seduziu por completo quando passamos entre algumas propriedades privadas cortadas por um rio no centro que era absolutamente espetacular. Que lugar incrivelmente bonito. Na hora decidimos parar o carro e acampar ali mesmo ao lado do rio. Encontramos alguns locais e pedimos permissão, que foi concedida em um piscar de olhos. Atravessamos uma ponte que lembrava muito a gincana da TV “ponte do rio que cai”, chegando ao outro lado do rio, onde andando cerca de cem metros voltando e atravessando de novo o rio a pé sobre pedras encontramos uma pequena floresta de araucárias perfeita para passarmos a noite. Fizemos nosso acampamento.


Muito papo furado, piadas, e muita merda depois, cada um foi pra sua barraca e todos fomos dormir. Por volta de duas da manhã me bateu uma vontade de tirar água do joelho dos infernos, mas a preguiça foi ganhando. Uma hora depois não dava mais pra agüentar e não conseguia voltar a dormir. Não esperava que estivesse frio forte, pois apesar de aquela noite ter previsão de -5°C a -6°C de mínima para o amanhecer no Morro da Igreja e arredores, incluindo a cidade de Urubici a 900 metros de altitude, a nossa altitude era de 800 metros verticais abaixo. Estávamos acampados a só 980 metros de altitude. Quando saí da barraca senti o frio, estava frio pra cacete! Não sei a temperatura, mas não tinha vento algum ali. Resolvi meu assunto e voltei pra barraca, dormi.


Pela manhã o Max me acordou e depois foi falar com o Pedro, ponderamos e decidimos por ficar ali mais uma hora e depois vir embora, não daria tempo pra curtir o cânion sem me atrasar. Rápido o Pedro saiu e olhou ao lado de onde estávamos, onde havia um celeiro e um grande campo gramado sem araucárias, e gritou “Cara, ta uma geada linda aqui, ta tudo branco!”. Peguei a câmera e saí da barraca rapidinho e encontrei com o Pedro lá depois de atravessar o rio pro descampado. Nossa, que geada linda!


Depois de dezenas de fotos voltei, meu relógio marcava -2,7°C. Achei frio demais pro lugar e ajustei ele voltando manualmente a temperatura pra -1,4°C. O relógio continuou medindo e estacionou minutos depois em -2,2°C. Nesse meio tempo o Max continuou dormindo, a Camila também, eu e Pedro parecíamos crianças registrando tudo. A ponte que atravessamos estava com tanto gelo acumulado que deu pra marcar pegada e fotografar, show.


Com certeza, mesmo sem nevasca e sem frio mais extremo ainda, ganhamos um espetáculo inesperado em um lugar desconhecido pra nós. Foi um baita presente…


Depois de desmontarmos o acampamento e deixarmos a propriedade, seguimos para a Serra do Corvo Branco pra mais fotos, vimos o famoso passo que foi aberto para a construção da estrada, passamos por lá contemplando paredões surreais de bonitos logo após o passo. Descemos mil metros verticais em dez minutos de carro onde fiz uma panorâmica de tirar o fôlego voltando a vista para todo o complexo montanhoso dali. Quanta beleza…


Dali foi só voltar. Estrada e mais estrada. Chegamos a Floripa já depois de 14:00h, paramos em um restaurante de frutos do mar. Pedimos uma anchova pra quatro pessoas com batatas, camarões, batata frita e salada. Da refeição, tirando o tamanho ridículo da anchova (menor que já vi na minha vida sendo oferecida em um restaurante alegando servir 4 pessoas) e as batatas cruas, tudo estava gostoso. O camarão, muito bom. Esvaziamos as carteiras e voltamos pra estrada chegando a Curitiba quase 20:00h. Lá consegui uma passagem deixando Curitiba às 21:00h pra São Paulo onde cheguei surpreendentemente às 02:40h, mais rápido que o previsto mesmo com o problema da meia pista em Campina Grande do Sul, onde uma ponte caiu. Fazer o que, cheguei quatro horas antes do esperado, táxi pra casa onde me deitei na cama depois de um banho já era 03:15h de segunda-feira.


Pra mim, a viagem significou quase 2.000 quilômetros rodados e voados. Significou de novo um encontro de amigos, e além disso, deixei de privar meus olhos de uma vista tão fascinante quanto aquela da Serra Geral. Minha primeira visita e com certeza, só a primeira de muitas. Pudemos observar o que pro Parofes é o lugar mais belo do Brasil para paisagem de montanha, sentimos o frio extremo brasileiro com sensação térmica de quinze graus negativos no Morro da Igreja, visitamos a sensacional Pedra Furada, vimos uma geada espetacular a somente 980 metros de altitude, fiz quase vinte panorâmicas magníficas, fizemos fotos noturnas. Foi tudo muito divertido!


Pretendo voltar assim que possível e desta vez, como prometi pro Pedro e pra Camila, levar a Lili. Só não foi conosco desta vez por causa do trabalho na sexta-feira. Ela me disse que “está com medo de acharem que ela é uma lenda”, já que ninguém nunca a vê ahahahahah…Mas o Pedro e a Camila já conhecem a Primeira Dama, disso eu sei!


Abrazos a todos


Parofes

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Sobre o autor

Parofes, Paulo Roberto Felipe Schmidt (In Memorian) era nascido no Rio, mas morava em São Paulo desde 2007, Historiador por formação. Praticava montanhismo há 8 anos e sua predileção é por montanhas nacionais e montanhas de altitude pouco visitadas, remotas e de difícil acesso. A maior experiência é em montanhas de 5000 metros a 6000 metros nos andes atacameños, norte do Chile, cuja ascensão é realizada por trekking de altitude. Dentre as conquistas pessoais se destaca a primeira escalada brasileira ao vulcão Aucanquilcha de 6.176 metros e a primeira escalada brasileira em solitário do vulcão ativo San Pedro de 6.145 metros, próximo a vila de Ollague. Também se destaca a escalada do vulcão Licancabur de 5.920 metros e vulcão Sairecabur de 6000 metros. Parofes nos deixou no dia 10 de maio de 2014.

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