Em solitário, Joe Simpson abre nova rota no Mera Peak

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A maioria dos montanhistas que assistiram ao filme ou leram o livro Touching the Void devem pensar que Joe Simpson nunca mais escalaria. Estavam enganados…


Uma notícia recente abalou o mundo da escalada: Joe Simpson, aquele mesmo que havia passado por maus momentos no Siula Grande, abriu uma nova e difícil rota, em solitário, na face sudoeste do Mera Peak, após 2 dias e meio de escalada para vencer os 6.470 metros. Desceu, sem quedas, pela rota normal.

Provavelmente não seja a principal conquista ou a rota mais difícil desse ano, porém o sucesso dessa empreitada encantou a todos no mundo! Na realidade, este sucesso se iniciou há exatos 25 anos atrás, no Peru. Foi lá que em 1985, após escalar a inédita face oeste do Siula Grande, Simpson sofreu uma queda que mudaria sua vida.

A história trágica, relatada em livros e no cinema, começa durante a descida da montanha, num pequeno lance de gelo, porém próximo aos 6 mil metros, ele caiu, rompendo os ossos e os tendões do joelho esquerdo. Seu amigo e parceiro de escalada Simon Yates, num esforço sobre humano, consegue o descer utilizando as cordas até próximo ao início do glaciar baixo da montanha, porém, Simpson acaba sobre um negativo, dependurado por uma corda, sustentada apenas pelo corpo de Yates, que após agüentar algumas horas, acaba cortando a corda, soltando Simpson no vazio.

Yates desce ao acampamento e noticia a morte do amigo. Contudo, Simpson, acaba sobrevivendo a queda, ao joelho quebrado, a desidratação, a desorientação a dor e a angústia da solidão, e numa das histórias mais épicas de sobrevivência, consegue retornar ao acampamento base da montanha.

Simpson, contudo, carregava as marcas daquela queda, não tendo mais conseguido escalar montanhas de nível técnico superior. Porém, há 16 meses atrás, ele fez uma inovadora cirurgia, que pelo jeito, deu muito certo!

O Mera Peak é reconhecido como um bom destino de trekking, porém são poucos os escaladores no mundo que se atrevem a escalar suas paredes geladas. A face sudoeste desta montanha é ainda mais técnica, composta por lances de rocha quebradiça e muita pendente de até 90º em gelo. Tal face foi escalada pelos alpinistas Mal Duff e Ian Tattersall, amigos já falecidos de Simpson, no ano de 1986.

Simpson, ao escalar essa nova rota, 23 anos após a conquista da face sudoeste da montanha, resolveu homenagear seus amigos, nomeando a via conquista como “In Memoriam”. A via possui 1400 metros de desnível, iniciando numa parede rochosa aos 5.150 metros de altitude, vencida no primeiro dia pelo escalador, que bivacou aos 5.900 metros. No outro dia, Simpson teve que vencer 75 metros de parede com grau médio de 6ºSup e lances em VIIa (Lembre-se que a parede é virgem e ele estava em solitário!), que o levou até um conjunto de seracs.

Seracs são pedaços de gelo que se desprendem do glaciar, o que os transformam em perigosas armadilhas, pois podem se soltar ou rachar facilmente, além de constituírem um verdadeiro labirinto. Simpson, então, desistiu da idéia de escalá-los, e fez uma linha de rapel, que o levou a uma canaleta de 60º em rocha e gelo, perigosa devido a constante queda de pedras.. Após escalar a canaleta, ele dormiu próximo aos 6.200 metros.

No dia seguinte, ele alcançou o glaciar superior, onde teve apenas o trabalho de desviar de algumas gretas, para atingir o cume da montanha, de onde desceu pela rota normal. Simpson classificou a rota “In Memoriam” como D+ (TD+), com alto grau de exposição, devido as constantes quedas de gelo e rocha.

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Fonte de informação: www.wspinanie.pl

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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