Escalada natalina no Dedo de Deus

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Aventura em plena véspera de Natal marca fechamento do ano no Centro Excursionista Teresopolitano

Quem passou pela estrada Rio-Teresópolis por volta das 7h do último dia 24, nas proximidades da “Santinha”, se deparou com um “grupo de nóeis” descendo a serra. Com direito a gorrinho, o pessoal do Centro Excursionista Teresopolitano aproveitou o dia de sol para realizar uma brincadeira que já virou tradição no clube: A escalada natalina! Em plena véspera de Natal, escalamos o Dedo de Deus, montanha mais importante do país – visto que sua conquista é considerada o marco do esporte. A aventura que marca o fechamento do ano para o CET teve início há seis anos, justamente naquele cume da Serra dos Órgãos.

Além de mim, da primeira edição participaram Alexandre Formiga e Raul Marques. Aquela empreitada também aconteceu em pleno dia 24, quando pegamos um tremendo temporal nos últimos rapéis e chegamos à estrada bastante molhados. Apesar disso, como não pode haver melhor presente de Natal para um escalador, nos anos seguintes repetimos a brincadeira. Caixa de Fósforos, Parque do Imbuí, Pão de Açúcar… Outras vias foram escaladas sempre na véspera ou bem próximo, sempre sem esquecer o gorrinho de Papai Noel.

Como havia previsão de chuva para o sábado, e eu já havia passado um “perrengue” seis anos antes por causa de uma chuva com muitos raios, resolvemos entrar na estrada bem cedo, para voltar cedo e evitar surpresas. Dessa vez, a turma de “noéis escaladores” foi composta por mim, José Henrique Gomes, Leandro Nobre, Lédson Chaves, Marcelo Correia, Leonardo Magalhães e Fátima “Mudinha” Lemgruber.

Escalamos a montanha pela Face Leste, divididos entre a chaminé Black-Out e a sua variante Maria Cebola – que garante um pouco mais de adrenalina! Com um grupo grande e uma cordada com três pessoas, que se revezou durante a subida, a escalada acabou durando cerca de três horas (sem contar os lances em cabos de aço). Além disso, o calor acabou deixando a empreitada mais puxada. Porém, ter o privilégio de escalar o Dedo de Deus em plena véspera de Natal faz qualquer dificuldade parecer mínima!

Quem estava com um gorrinho um pouco mais largo, o fixou no capacete para caracterizar a brincadeira natalina. Geralmente escalada já significa diversão, mas, nesse dia, a alegria era ainda maior, o sorriso era bem maior no rosto de cada um de nós. “Poder estar nesse lugar para comemorar o Natal e, principalmente, ao lado de amigos… Isso é sensacional”, lembrou bem Zé Henrique, um dos que teve mais emoção na subida ao passar pela Maria Cebola.

Natal diferente

Chegamos ao cume por volta de 12h. Céu claro em direção a Teresópolis, mas algumas nuvens escuras na parte mais alta da Serra dos Órgãos. Hora de comemorar mais uma escalada vitoriosa, mais uma empreitada de sucesso e, além disso, por estar mais uma vez no cume do marco do montanhismo nacional. Foi ali, 99 anos atrás, que pisaram José Teixeira Guimarães, Raul Carneiro, Alexandre, Américo e Acácio de Oliveira. Eles deram o pontapé inicial para a escalada brasileira, nos permitindo hoje comemorar nossa véspera de Natal em grande estilo. E, como lembrou Zé, ao lado de amigos!

Depois da confraternização e da tradicional foto de cume, agora todos com seus gorrinhos vermelhos, iniciamos os rapéis. Afinal de contas, apesar de já ter recebido o presente de poder escalar o Dedo de Deus mais uma vez, ninguém queria chegar embaixo molhado! Por volta das 16h já estávamos de volta ao Paraíso das Plantas, bem sequinhos.

Para nossa sorte, o temporal que alagou todo o Centro e causou estragos em bairros como o Vale do Paraíso não passou do Alto! É… Papai Noel estava mesmo do nosso lado!

 

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Sobre o autor

Marcello Medeiros é Biólogo e Jornalista, escrevendo sobre montanhismo e escalada desde 2003. Praticante de montanhismo desde 1998, foi Presidente do Centro Excursionista Teresopolitano (CET) entre 2007 e 2013.

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