Especial aniversário de 1 ano da travessia Alpha Crucis

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Entre os dias 28/06 e 07/07 de 2012, Elcio Douglas Ferreira e Jurandir Constantino encararam o maior desafio de suas vidas e certamente entraram na história do montanhismo brasileiro, realizando a maior travessia entre montanhas do país: 44 cumes e 100 km de trilhas na Serra do Mar paranaense.

Nas palavras de nosso colunista Pedro Hauck:

A travessia Alfa Crucis é, no entanto, uma união de travessias que já foram antes realizadas: As travessias da Serra do Ibitiraquire, Farinha Seca e Alfa Omega, que percorre os cumes dos três principais blocos montanhosos da Serra do Mar do Paraná. No começo de Junho, escrevi um artigo para a revista Go Outside falando da história destas travessias e neste texto, previ que a tendência da evolução do montanhismo de caminhada no país seria fazer travessias cada vez maiores e englobando mais e mais cumes.

Esta tendência já foi observada na realização da Trans Mantiqueira, uma travessia que envolve outras travessias já consolidadas na Serra da Mantiqueira entre São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, primeiramente realizada pela equipe do Antonio Calvo, o “Tonhão” e já repetida algumas vezes, inclusive em solitário, feita pelo gaúcho Thiago Korb. A Trans Mantiqueira, no meu conceito, é menor que a Alfa Crucis, pois a soma do trecho de trilhas é inferior aos 100 km da travessia paranaense. Isso porque no meio desta também famosa caminhada há trechos de estrada rural e até BR´s, ou seja, ela não é inteiramente realizada em ambientes naturais, como a travessia recentemente feita pelo Elcio e Jurandir.
 A Alfa Crucis também não é 100% no meio do mato. Ela tangencia a civilização em dois trechos. O primeiro é na Estrada da Graciosa, que é o elo entre o trecho da Serra do Ibitiraquire e a Serra da Farinha Seca e depois entre a Usina Hidrelétrica do Marumbi e a estação de trem do mesmo nome, entre a Farinha Seca e a Serra do Marumbi. Estes trechos, no entanto, são relativamente curtos e como falei, as trilhas apenas tangenciam estes caminhos não naturais.
 A realização desta travessia advém de uma longa história e ela começa na década de 1960 com um grupo de marumbinistas chamados de Bandeirantes da Serra, que se colocaram na missão de explorar o “lado de lá” da Serra do Marumbi. Pois, bem, todos conhecem o conjunto do Marumbi, formado pelos cumes da Esfinge, Abrolhos, Ponta do Tigre, Gigante, Olimpo e Boa Vista. Então, estes cumes não são a totalidade dos cumes da Serra do Marumbi. Esta serra vai, na verdade, até o Oeste, indo terminar no Morro do Canal, no município de Piraquara. Além dos cumes já citados, existe também o Leão (ponto culminante do Marumbi, mais alto inclusive que o Olimpo), Ângelo, Bandeirantes, Pelado, Espinhento, Chapéu, Chapeuzinho, Alvorada 1, 2, 3 e 4, Mesa, Sem Nome, Carvalho, Ferradura, Torre do Vigia, Torre Amarela e enfim o Morro do Canal.
 Por isso, sem demoras, deixamos aqui links para o relato completo dividido em dez partes, para que nossos leitores apreciem este que, tornou-se o maior feito do montanhismo brasileiro em terras nacionais.
 Divirta-se com a leitura:
 Não pense que foi tudo um passeio e que foi fácil. Isolamento na montanha por muito tempo a fio tráz de tudo um pouco, até um singelo ronco dentro da barraca ou no saco de dormir ao lado que nos primeiros dias não gerava sequer um bate papo, depois da metade do caminho torna-se motivo de discussões fervorosas, mas que logo logo são apagadas com a sensação de felicidade após a chegada à civilização. Problemas acontecem, contratempos, e momentos dramáticos como este nas palavras de Élcio Douglas Ferreira:
 “Passamos uma noite terrível. Comemos o pão que o diabo amassou com a bunda, e depois recheou cagando dentro. Por várias vezes acordei duma espécie de delírio, tremendo convulsivamente. Noutras ouvia o Jurandir resmungando com voz tremula, coisas indecifráveis, aparentemente em árabe, ou mandarim. Porém neste momento, tudo parecia quieto, e até o frio havia desaparecido. Num estado latente de semi consciência, por vezes me vi em casa, bem e aquecido. Cheguei imaginar que estava tão bom e agradável, que poderia passar o resto da vida ali, o que não seria muito tempo. Mas em algum momento dessa insanidade, tive um lapso de consciência, e me dei por conta que algo sério estava acontecendo. Certamente estávamos com principio de hipotermia, e se algo não fosse feito rápido, certamente era por ali mesmo que íamos ficar.”
 Leia uma a uma as partes e divirta-se comemorando conosco o aniversário de um ano da travessia Alpha Crucis!
 Parabéns aos montanhistas!
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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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