Guias de montanha, instrutores de caminhada e professores de técnicas verticais.

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Com a divulgação do esporte de montanha por uma mídia desinformada, novos praticantes podem estar entrando em verdadeiras armadilhas.


Guias de montanha, instrutores de caminhada e professores de técnicas verticais estão se espalhando como carrapatos por todo Brasil, quem são estas pessoas e o que elas podem oferecer de segurança a um iniciante no esporte?

Por varias vazes fui abordado com a velha pergunta “Você é instrutor de escalada?” A resposta honesta é não, mas tem gente que não sabe ser assim. Foi esta a resposta que dei a um repórter da Faculdade Estácio de Sá, ficamos quase uma hora por telefone conversando sobre qual seria a melhor abordagem para o tema. Depois de passar o maximo de informação que pude e de por várias vezes afirmar o papel do guia responsável ainda encaminhei diversos texto sobre ética e a história do montanhismo. O resultado final desta conversa talvez não tenha agradado tanto, já que a imagem a ser passada pelo jornal era dos esportes radicais nas férias.
 
Grande é o numero de novos escaladores que saíram de cursos “básicos”, e já estão por ai levando amigos, e amigos dos amigos e o vizinho do amigo para rocha. Vale lembrar que estes tais cursos básicos não são homologados pelas federações, estes tais instrutores se quer passaram por um clube de montanhismo. É obviou que clubes e federações não levam ninguém a escalar 7a ou 8b, mas as experiências adquiridas ao longo dos anos em vias de diversas características vão formar um guia consciente e apto a resolver imprevistos em uma escalada ou caminhada.

A estatística para este comentário está à vista todos os finais de semana na Urca, Rio de Janeiro. Há pouco tempo foi assunto nas listas de e-mail dos escaladores. Quem frequenta a mais tempo as vias da Urca sabe que dá para conhecer os guias pelos nomes e contar nos dedos quantos são. Velhos conhecidos, sendo de vista ou amigos de cordada. Para se escalar no morro da Babilônia hoje tem que ter senha, e em maioria não são escaladores assíduos das vias da Urca, mas sim gente levando gente para apreender a escalar, resultando em vários Top Ropes, cordadas cacho de uva, acidentes e muita dor de cabeça para quem está tentando fazer do esporte um assunto sério. Quem perde com isso? Todos nós.

 As paredes que antes eram disputadas por amigos agora são preenchidas por ilustres desconhecidos e gente que pouco se importa com mínimo impacto ou ética de montanha.

Há espaço para todos, pedra para todos, melhor dizendo, mas quem esta levando toda esta gente pra montanha? Espero que o excelente trabalho que as federações realizam em todo Brasil assim como o trabalho da Aguiperj aqui no Rio de Janeiro venha conscientizar velhos e novos escaladores a rever seus conceitos deixando aos guias competentes e instrutores responsáveis à tarefa de levar essa gente para o lado bom da força.

 Força sempre e boas escaladas.

Atila Barros

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Sobre o autor

Atila Barros nasceu no Rio de Janeiro, e vive em Minas Gerais, cidade que adotou como sua casa. Escalador (Montanhista) há 12 anos, é apaixonado pelo esporte outdoor. Ele mantem o portal Rocha e Gelo (www.montanha.bio.br)

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