Kilimanjaro da idéia a realização – Parte 1

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Estou de volta para contar (em partes, como diria Jack) como foi colocar em prática a idéia de escalar a montanha mais alta da África e mais alta montanha isolada da terra: o Monte Kilimanjaro. Ele mesmo, o vulcão das neves eternas, imortalizado por Ernest Hemingway. Hoje, infelizmente, essas neves já não são tão eternas.


Por Fábio Fliess

A idéia de subir o Kili surgiu em 1998 em uma conversa de bar, para discutir os próximos projetos. Não sei bem porque, mas a coisa acabou vingando. E a idéia se espalhou como um rastilho de pólvora entre os nossos amigos de caminhada. Não demorou muito, e a equipe já estava fechada, contando comigo e os meus amigos Marcelo, Gilmar, Vítor e Amaral.

Desde o início, idealizamos que a data perfeita para essa viagem seria dezembro de 2000. Com isso, teríamos pouco mais de dois anos para angariar os fundos necessários. Não era uma viagem barata! O custo estimado era de 5 mil dólares por pessoa. Um valor que assustava qualquer um. Sabíamos disso, mas criamos esse sonho e não íamos desistir dele tão fácil.

Cabe o comentário que nenhum de nós havia nascido em berço esplêndido ou herdado uma bolada. Todos trabalhavam e/ou estudavam, e não tínhamos outra saída senão divulgar o projeto, tentar obter fundos e quem sabe buscar algum tipo de patrocínio.

Com essa necessidade, o Projeto Kilimanjaro 2000 atingiu a mídia regional. Sabíamos que isso era uma faca de dois gumes, que podia representar a certeza da viagem, como também dificuldades em aventuras futuras, caso não conseguíssemos levar à cabo nosso compromisso. Ou seja, tínhamos um grande peso nas costas.

Independente disso, a animação era constante e corríamos atrás do que era possível. Infelizmente, praticamente ao mesmo tempo, o Vítor e o Amaral tiveram que desistir da empreitada, por motivos de trabalho. Sobramos eu, Marcelo e Gilmar para continuar acalentando o sonho do Kilimanjaro.

Apesar do baque pela ausência dos amigos, nosso objetivo ficava mais perto conforme o tempo ia passando e íamos conquistando pequenas vitórias. De pequenas notas em jornais, já conseguíamos página inteira na edição dominical do principal jornal da região. Aos poucos, passamos também a fazer entrevistas na rádio. Ou seja, as coisas começavam a acontecer. Fizemos camisas para vender, rifas de eletrônicos, festas. Tudo que ganhávamos era investido. Era a melhor expressão do espírito “Do it yourself”.

Paralelamente, não podíamos esquecer da preparação física e dos preparativos para a viagem. Por conta disso, apareceu o nosso primeiro “patrocínio”, que foi de uma academia de Petrópolis. O dono, Ricardo, foi um dos primeiros a acreditar no nosso projeto e franqueou as dependências da sua academia para a nossa preparação. Menos uma coisa para preocupar nossas mentes.

Além de trabalhar, divulgar o projeto, juntar dinheiro, malhar, tínhamos que buscar informações e referências para a viagem. Equipamentos precisavam ser comprados e testados. Contatos precisavam ser feitos.

Através de Airton Ortiz, conhecido escritor de livros de viagem e aventura, conseguimos o contato do Silvano Hamisi, guia tanzaniano que o levou ao cume do Kilimanjaro em 1997. Graças a internet, rapidamente fizemos contato e fomos formatando a viagem. A idéia era subir a montanha e aproveitar a oportunidade de estar na África para fazer um sáfari.

Outros montanhistas e amigos contribuiam sempre que possível. Ajudas valiosas vieram de inúmeras pessoas. Foram tantas que nem me arrisco a citar seus nomes para não ser injusto ao esquecer de alguém. A verdade é que aos poucos criamos um círculo virtuoso, que ajudava a nos blindar dos comentários das pessoas que julgavam nossa idéia uma loucura.

O legal desses planejamentos é que você cria uma meta e batalha para chegar nessa meta. Na verdade, criamos várias pequenas metas, e conforme íamos vencendo essas etapas, ganhávamos força e ainda mais vontade.

Às vésperas da viagem, todo o nosso trabalho foi coroado com a divulgação na TV da nossa viagem. Uma reportagem de uns 3 minutos foi veiculada em todo o estado.

O fato é que esses dois anos se passaram e vencemos a primeira grande batalha: íamos embarcar para a África. Batalhamos por dois anos e conseguimos realizar uma idéia – extravagante para alguns, louca para outros – com muita força de vontade. Cada integrante da equipe contribuiu muito para o sucesso dela: o Marcelo com as suas idéias e sua animação contagiante, o Gilmar com o seu pragmatismo e controle e eu com a minha meticulosidade, que chega a ser chatice. ,)

O recado que queria passar com esse texto é que se você realmente quiser algo, tem que perseverar e acreditar para conseguir.

No meu próximo post, o segundo de três sobre o Kilimanjaro, vou falar dos nossos dias na montanha.

Continua…

Veja Mais:

Natureza adentro: Blog de
Fábio Fliess

Kilimanjaro no Google Earth através de Rumos: Navegação em Montanhas!

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