Nova Via nas Torres del Paine

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Os austriacos Hansjörg Auer e Much Mayr escalaram uma primeira na Torre Central del Paine, na Patagônia, uma via de 750 metros com dificuldade 7b.


Em janeiro de 2010, os austríacos Hansjörg Auer e Much Mayr escalaram a Waiting for Godot (750m, 7b), uma novíssima linha que sobe pela face leste da Torre Central Del Paine. A rota percorre uma linha que se inicia no selado entre as torres Norte e Central, que de acordo com o testemunho de Hansjörg Auer, foi sua mais intensa experiência vivida até os dias de hoje. A seguir alguns trechos do diário da escalada:

Waiting for Godot, Torres del Paine, Patagônia
Extraído do diário de&nbsp, Hansjörg Auer&nbsp, nos dias 5 e 6.

O despertador soa o alarme as 6.00 h. Uma perda de tempo. O som da chuva caindo já nos havia desperto uma hora antes. Temos que esperar mais tempo…Esperar a nossa última oportunidade. De repente, lá pelas 9:30 h, o sol entre as nuvens. Calçamos nossas frias e úmidas botas, e partimos. Precisamos ser rápidos.

Usamos as cordas fixas para chegar, as 11:00 h, sobre o ponto mais alto alcançado anteriormente. O lance seguinte parece bastante complicado. Much lidera este trecho. Desaparece atrás de um pequeno pilar, e depois ouço um grito. Um enorme bloco estala bem ao seu lado, e uma lasca lhe acerta o pulso. Estava com sorte, e supera o incidente apenas com contusões superficiais e um rasgo na calça.

Sigo guiando. Um sistema de fissuras off-width de 80 metros nos permite progredir para cima. Então, ouvimos um assobio, e vários metros cúbicos de gelo desabam sobre nossa última reunião.

Much lidera a última cordada. Luta com a exigente fissura tampada pelo gelo, e desaparece pela face oeste. Enfim alcançamos, são 18:30h, e saboreamos o momento. A tempestade e o vento que se aproximam já não nos afetam.
Rapelamos com as últimas luzes, e Much tenciona intalar um ponto roxo na cordada de 7b, que não pudemos previamente liberar. De volta as barracas, enchemos o bucho e jogamos cartas até bem tarde da noite. Nossa mente estava descontrolada, o que havíamos experimentado foi muito intenso…

As 24 horas seguintes exigiram o máximo de nossa capacidade. O tempo piorou rapidamente, e fomos surpreendidos por uma pequena queda d´água. Durante horas a água cavou sua passagem pela parede, passando entre nossas barracas…No início da tarde decidimos que precisávamos cair fora Dalí o mais rápido possível. As barracas literalmente boiavam na água. Ensacamos os apetrechos no meio da cascata e rapelamos. Finalmente alcançamos o glaciar e o nosso acampamento de altitude. Estávamos ocos, cansados e completamente desgastados.

No dia seguinte recomeçou a nevar. Continuamos descendo, cada um refez duas vezes o trajeto para baixo, e muito nos alegramos quando Hannes veio ao nosso encontro. Estava muito preocupado em El Chalten, onde nada se sabia sobre nós e todos pensavam que havíamos ido a Puerto Natales.

Fonte: http://www.landher.net/es&nbsp,

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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