Novamente o Degelo

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Constatações Científicas e Omissões Políticas acerca de um assunto muito sério


Por Luiz Prado

A semana passada foi marcada por notícias preocupantes sobre o degelo no Ártico e na Groenlândia, às quais acresceram-se as informações dos cientistas de que mudanças climáticas drásticas podem ocorrer em prazos muito inferiores àqueles constantes dos relatórios do Painel Intergovernamental da ONU, cujos relatórios são altamente influenciados pela política e pela diplomacia. Em lugar de “até 2.100&#8243,, pode-se ler, agora, algo como “entre 2.030 e 2.050&#8243,. E, também, que uma vez desencadeada a fase mais aguda do processo, todo o degelo pode ocorrer em apenas um ano.

A mídia, ávida por novidades que serão esquecidas nos dias seguintes, não tem mais tempo ou vontade de contar que as notícias não são tão novas assim. Já se vão alguns anos desde que o Centro Nacional de Informações Sobre a Neve e o Gelo dos EUA alerta para a rápida diminuição das geleiras, inclusive com fotos, para que as pessoas de outras áreas profissionais VEJAM o que já vem sendo observado há muito tempo. Afinal, uma imagem vale mais do que mil palavras.

Ao lado, fotos da Geleira Muir, situada no Alasca, no Parque Nacional dos Glaciais da Baía.

A primeira, tirada em agosto de 2001, pelo pesquisador William O. Field, e a segunda em agosto de 2004, pelo geólogo Bruce F. Molnia, do Serviço de Avaliações Geológicas dos EUA.

Molnia estima que nesse período essas geleiras recuaram em 12 quilômetros e tiveram a sua espessura reduzida em 800 metros. A água do mar encheu o vale e podem ser vistas árvores frondosas onde antes só existiam rochas.

E os países ditos do “primeiro mundo”, maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, metendo o bedelho na Amazônia. E ainda se preparando para a exploração de jazidas de petróleo em áreas até o presente totalmente protegidas, e outras, onde o degelo começa a permitir os avanços sobre a extração – e a queima, é claro – de mais combustíveis fósseis.

Essa é mais uma oportunidade para o governo brasileiro sair da defensiva nessas questões e cobrar seriedade dos países ricos, que prometem doações de trocados para a proteção das florestas amazônicas. Bush, criminoso de guerra, não têm políticas para energias renováveis, Gordon Brown, o anêmico primeiro-ministro da Inglaterra só pensa em mais petróleo barato, a Noruega compra caças militares para assegurar a proteção das novas áreas do Ártico onde quer explorar petróleo (e doa menos do que isso para a Amazônia), Sarkozy só se preocupa com a mídia e a Carla Bruni, e por aí afora, com a honrosa excessão da Alemanha. Esse é um retrato em 3 X 4 das chamadas “lideranças políticas”.

Uma bela galeria de fotos de geleiras pode ser encontrada na página do National Snow and Ice Data Center, no endereço http://nsidc.org/gallery/

Fonte: Luiz Prado Blog

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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