Prata da casa. Quem quer faz. Quem não quer, arruma uma desculpa

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É comum termos na ponta da língua um motivo chave que esclareça as dificuldades que nos levaram a não realizar nossos projetos. Normalmente, o item mais comum da lista que contém milhares de desculpas possíveis é a falta de tempo.


Os tempos modernos estão abarrotados de pessoas que carregam consigo inúmeras respostas para explicar os motivos pelo qual deixaram de concluir determinados projetos e realizações pessoais. É comum termos na ponta da língua um motivo chave que esclareça as dificuldades que nos levaram a não realizar aquela atividade. Normalmente, o item mais comum da lista que contém milhares de desculpas possíveis é a falta de tempo e recursos para realização dos planejamentos. Às vezes, estes projetos (planejamentos) perduram por uma vida e acabam esquecidos em uma mesa lotada de papéis que se misturam as contas de casa e o imposto de renda. Logo, este projeto só é lembrado quando alguém realiza algo parecido e pinta a dor de cotovelo. E neste caso surge à velha frase: “Eu quase fiz, faltou tempo e dinheiro”.

Dando uma olhada na prata da casa, nestes últimos meses entre 2010 e 2011 já da para perceber como este conceito de tempo e verba ficou com quem tem falta de iniciativa e muita garganta para dizer que não é possível.

Nos meses que se passaram, estrelas como David Lama e equipe voltaram para casa de mochila vazia e cheios de problemas a resolver. Enquanto nós, tupiniquins, lotamos a cargueira de conquistas e boas novas.

Entre os dias 28 e 31 de dezembro de 2010, os escaladores Sérgio Tartari (Brasil), Luciano Fiorenza (Argentina) e Jimmy Heredia (Argentina) abriram uma nova via no Pilar Cassarotto, que está situado na face norte do Fitz Roy. Depois, Julio Campanella e Ricardo Baltazar escalam o Fitz Roy. A dupla ascendeu juntos a Agulha Media Luna pela via Rubio e Azul 400 m 6c (A1), O El Mocho, pela via Salvaterra 400 m 6c e também o Fitz Roy pela via Franco Argentina 6c (A1).

E as conquistas continuam: a equipe formada por alguns dos melhores escaladores brasileiros, que inclui Waldemar Niclevicz, Sérgio Tartari, José Luiz Hartmann, Edmilson Padilha, Valdesir Machado e Orlei Junior, finalizaram a escalada no Salto Angel.

Somando a estes, temos a presença de brazucas pelas mais diversas modalidades do montanhismo: Janine Cardoso comanda nos Psicoblocos, Manoel Morgado no topo do mundo e em novos projetos, Parofes caminhando sabe-se lá Deus por onde, Pedro Hauck na Amazônia, Daniel Fernandes e João Casol em Los Arenales. Eliseu Frechou, Marcio Bruno e Fernando Leal escalam a proa do Monte Roraima. Arraial do Cabo vira Mallorca brasileira, com Felipe Dallorto e Flavia dos Anjos. Maximo Kausch e Fabio Dellalio, cinco montanhas de 6.000MT em 12 dias, e por ai vai. Como diria a torcida de um timinho do Rio de Janeiro: “o bonde dos montanhistas brasileiros está sem freio” (rs).

Se esquecer de alguém, por favor, me perdoem, mas são tantas as conquistas e projetos que fica difícil de relatar em poucas linhas as vitórias brasileiras em montanhas nestes últimos meses, e isso é ótimo. Se não fosse a tristeza pelo acidente com Kika Bradford (mandando super bem no projeto Acesso às Montanhas) e Bernardo Collares, estes últimos meses seriam 100% perfeitos para nós brasileiros e amantes do esporte de montanha. E com certeza, o eterno presidente ficaria feliz em ver a quantidade de conquistas e projetos sendo tocados com tanto ânimo.

Tantos sucessos em conquistas e projetos bem sucedidos, que nos fazem pensar em porque não colocar nossas metas em dia e realizar aquela Trip que sempre quis fazer, mas ainda esta só no papel?

Todos os nomes dos esportistas que foram citados nas conquistas e projetos neste texto, em sua maioria são engenheiros, médicos, empresários, professores, geólogos, analistas, estudantes e etc. Todos dedicados as suas profissões e projetos, a maioria divide seu tempo entre o trabalho e o esporte. Para este tipo de pessoa, a idéia de não conseguir é remota. Quem quer faz. Quem não quer, arruma uma desculpa. Não importa quanto tempo leve, eles vão fazer.

Já pensou nos pretextos e motivos aos quais deixamos de cumprir determinado projeto ou atividade: você não leu aquele livro, porque teve preguiça. Não retornou aquela ligação, porque o tom da conversa não lhe agradava. Não concluiu todas as atividades agendadas para o seu dia, porque priorizou outras tarefas. Deixou de ir à academia, porque estava sem motivação. Você não termina de escrever seu livro, porque precisa revisar outras vezes. E, com essas explicações para suas não realizações, a vida passa. Logo, você passa a viver a vida de terceiros, criticando e fazendo pouco dos seus planos e dos demais. A vida é feita de conquistas, faça a diferença e não reclame de sua falta de oportunidades, não culpe a falta de tempo e de capital para não colocar o pé na estrada.

Chegar a seus objetivos só depende de você, e não do seu parceiro de cordada que não acordou cedo e te deixou na mão em um dia de sol.

Quem quer faz. Quem não quer, arruma uma desculpa… E se o assunto principal é falar mal da vida alheia, mas isso é. Coisa feia…

Força sempre e boas escaladas.
Atila Barros

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Sobre o autor

Atila Barros nasceu no Rio de Janeiro, e vive em Minas Gerais, cidade que adotou como sua casa. Escalador (Montanhista) há 12 anos, é apaixonado pelo esporte outdoor. Ele mantem o portal Rocha e Gelo (www.montanha.bio.br)

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