Preview da temporada de primavera do Nepal

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Baseado nos anúncios preliminares, é possível antever uma temporada de escaladas interessantes na primavera do Nepal.

a) Everest

O Everest deve ser, novamente, o ponto focal da temporada.

Uma das expedições mais relevantes é a dos top climbers Denis Urubko (Kazaquistão) e Alexey Bolotov (Rússia). Eles possuem, na somatória, 32 cumes 8000, muitos dos quais por rotas novas e/ou dificílimas. Para este ano, eles se propuseram a abrir uma nova via na colossal Face Sudoeste do Everest, uma muralha íngreme e tecnicamente muito exigente. A idéia é desenhar uma linha na parte direita, entre a Rota Britânica de 1975 e a Rota Pilar Sul de 1980. Essa rota já fora tentada, mais ou menos, por equipes japonesas em 1969 e 1970. A dupla já aportou na montanha, e já escalou até 7100 metros. A primeira impressão da nova rota? “Assustadora”, segundo Bolotov.

Também tentarão abrir uma nova rota, as lendas-vivas Simone Moro (Itália) e Ueli Steck (Suíça), juntamente com Jonathan Griffith (Suíça). O traçado não foi, ainda, divulgado em detalhes, e vai depender das condições de neve e rocha. Inobstante, Moro segue outro objetivo: culminar sem oxigênio suplementar (ele já escalou 4x o Everest, mas sempre com o gás).

Outra expedição incrível é dos renomados alpinistas sul-coreanos Kim Chang-Ho e Seo Sung-Ho. Assim como a dupla do leste europeu acima citada, eles também possuem grande quantidade de cumes 8000: 28. A idéia é remar de caiaque de Bakkhali até a Baía de Bengala (Calcutá), pedalar dali até a cidade de Kakarbhitta, caminhar dela até o campo-base do Everest, e, então, escalar a montanha, pelo flanco nepalês, sem utilizar oxigênio engarrafado, em aventura que já está em pleno vapor e vai consumir três meses. Esse desafio magistral, se for concretizado, será o último 8000 de Kim Chang-Ho, que entrará para o hall da fama daqueles poucos alpinistas com todos os 14.

Nunca um alpinista octogenário subiu um cume 8000. Mudar essa história é a proposta do veterano japonês Yuichiro Miura, que já escalou o Everest aos 70 anos de idade (em 2003) e aos 75 (em 2007). Este ano, ele retorna, aos 80 anos, para tentar escrever seu nome nos anais como o primeiro oitentão a ascender a montanha das montanhas.

Vão tentar speed ascents (ascensões em menos de um dia) no Everest o equatoriano Patrício (Pato) Tisalema e o suíço Ueli Steck.

O espanhol Carlos Pauner vai tentar completar os 14 oitomil.

Alguns top climbers retornam ao Everest em 2013, caso do italiano Silvio Mondinelli (17 cumes 8000 no currículo) e o equatoriano Ivan Vallejo (15 oitomil).

O conhecido David Liaño Gonzalez (México, três cumes no Everest) vai em busca da dupla travessia em uma só temporada. Essa tarefa consiste em culminar o Everest pelo flanco nepalês e, dias após, culmina-lo também pelo flanco chinês, com duas travessias, pelas duas rotas regulares da montanha.

Por fim, outro dos pontos altos deve ser Phurba Tashi Sherpa, o super-guia da Himalayan Experience, que deve ser a segunda pessoa a quebrar a marca de 20 êxitos no Everest, após o lendário lendário Apa Sherpa.

b) Outros 8000

O veterano espanhol Carlos Soria possui projeto para completar todos os 14 cumes 8000 até 2015. Com 74 anos, ele pretende escalar o Kangchenjunga – que será sua 11ª – para quebrar o recorde de idade nesta montanha.

Ferrán Latorre, alpinista espanhol, está de volta após um breve hiato e, depois de ascender o Gasherbrum II em 2012, tentará o Lhotse, na sua busca por angariar todos os 14 cumes 8000.

Outro retorno é o do italiano Marco Confortola, que teve congelações horríveis em 2008, no K2, e acabou sofrendo amputações. Recuperado, ele escalou o Manaslu em 2012, e agora vai tentar seu 8º oitomil: Lhotse.

O exímio alpinista catalão Oscar Cadiach, que teve um 2012 estupendo, onde culminou três montanhas dificílimas em apenas dois meses – Annapurna, Dhaulagiri e K2 –, vai rumar para o Kangchenjunga, em busca de seu 12º oitomil.

Em 2011, Mingma Sherpa sagrou-se o primeiro alpinista nepalês a completar o circuito das 14 montanhas de 8000 metros. Seguindo seus passos, o irmão caçula Chhang Dawa Sherpa vai rumar ao Shishapangma, última etapa que lhe falta. Se conseguir concluir a jornada, serão os primeiros irmãos a terem concluído os 14.

No Makalu, dois alpinistas irão buscar subir solo. Um, o canadense Don Bowie; outro, o finlandês Samuli Mansikka. Os dois são bem conhecidos e com muita habilidade, e tentarão o feito sem oxigênio engarrafado e pela rota tradicional. Observação: uma subida verdadeiramente “solo” importa em o escalador ascender sem ajuda de qualquer pessoa acima do BC, e sem se aproveitar de cordas instaladas por outras equipes ou por trilhas abertas por sherpas ou outros escaladores.

c) Expedições Brasileiras

Comemorando os 60 anos do Everest, a badalada empresa de montanhismo Grade VI, capitaneada por Rodrigo Raineri, um dos montanhistas brasileiros com mais experiência naquela montanha, organizou expedição da qual fazem parte, segundo informes preliminares, Carlos Eduardo Canellas, Carlos Eduardo Santalena, Joel Kriger e Karina Oliani.

Rodrigo Raineri tentará fazer a terceira decolagem bem sucedida do cume do Everest, após as aventuras dos irmãos Roche (França), em 2001, e dos nepalis Babu Sunuwar e Lhakpa Tshering Sherpa, em 2011. Se fizer cume, Rodrigo será o brasileiro com mais êxitos no Everest: três ascensões.

Além disso, Joel busca ser o alpinista mais idoso (61 anos) a fazer cume e Karina Oliani a mulher mais jovem (30 ou 31 anos, dependendo de quando for o cume, já que ela faz aniversário em 14 de maio).

Ao Everest também irá a pastora evangélica catarinense Ana Lúcia Berndt da Luz, participando de expedição internacional que busca chamar a atenção para o problema do tráfico internacional de pessoas.

Por fim, Cleonice Weidlich anunciou mais um de seus famosos double-headers (dobradinhas). Tentará o Shishapangma e o Lhotse na sequência, se tudo der certo.

d) Outras Expedições Sulamericanas:

Ivan Vallejo liderará expedição à Face Norte do Everest, equipe integrada por Carla Perez, Esteban Mena, Oswaldo Freire e Rafael Cáceres.

Além deles, outros equatorianos irão ao Big E. O já citado Ramiro Tisalema vai tentar escalar a montanha em menos de 24 horas, sem usar oxigênio engarrafado. Paulina Aulestia tentará ser a primeira equatoriana a escala-la. Por fim, Santiago Quintero irá para um double-header: Shishapangma + Everest.

O venezuelano José Luis Davila vai integrar a expedição da Adventure Consultants; os argentinos Horacio Luis Cunietti e Natalia Paola Garcia vão pela Eco Everest; o equatoriano Joshua Jarrin vai guiar para a Peak Freaks; o colombiano Juan Fernando Carlos se dirige ao Makalu, mesmo destino da expedição colombiana de Fernando González-Rubio, retornando aos 8000 após vários anos afastados (ele possui 7 cumes 8000).

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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