Relâmpagos

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Aproveitando que o verão está chegando e com ele as condições propícias para a formação de tempestades, que maioria das vezes trazem consigo descargas elétricas, os chamados relâmpagos; apresento agora um apanhado geral sobre estes fenômenos meteorológicos que podem surpreendê-lo em suas andanças pelas montanhas.


É interessante saber
que os relâmpagos matam mais pessoas no Brasil do que qualquer outro evento
meteorológico, vitimando em torno de 150 pessoas por ano. Mas não se alarme,
pois as estatísticas dizem também que somente 25 % das pessoas atingidas por
raios chegam a morrer, sendo a parada cardíaca imediata a causa do óbito. O
restante sofre ferimentos dos mais diversos tipos e graus, mas sobrevivem.

Nós como montanhistas,
ao nos expor às mais diversas situações climáticas, estamos sujeitos a passar
por esse tipo de enfrentamento, principalmente porque os cumes de montanhas são
nossos locais prediletos para armar acampamento. Uma tempestade durante a noite
com descargas elétricas, acampado no alto de uma montanha, certamente não é uma
situação agradável.
Primeiro é preciso
entender como funciona a dinâmica de um relâmpago. Ele nada mais é que uma
corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera. Trata-se de um rápido
movimento de elétrons de um lugar para outro. Esse movimento de elétrons é
causado por que dentro das nuvens de tempestades diferentes partículas de gelo
tornam-se carregadas através de colisões. Esse movimento, por ser de grande
rapidez provoca um clarão, o relâmpago, resultando em um estrondo, o trovão.

Estudiosos acreditam
que as partículas pequenas adquirem carga positiva, enquanto as partículas
maiores adquirem carga negativa. Estas partículas têm tendência a se separar
sobre a influência de correntes de ar descendentes e ascendentes e pela força
da gravidade, de tal modo que a parte superior da nuvem adquire uma carga
positiva e a parte inferior uma carga negativa. Essa separação de carga produz
um enorme campo elétrico tanto dentro da nuvem como entre a nuvem e o solo.
Quando este campo, por vezes, quebra a resistência elétrica do ar, tem início
um relâmpago.

O relâmpago está quase
sempre associado a nuvens de tempestade, como as cumulus-nimbus, embora possa
estar presente em algumas outras situações especiais. Tempestades de neve e de
poeira são um exemplo, mas não é o caso das montanhas aqui no Brasil.

Várias são as dicas do
que fazer em caso de relâmpagos caso você seja surpreendido em alguma andança.
A principal é evitar locais expostos diretamente ao mau tempo. Lugares
descampados, elevados devem ser abandonados, em busca de um abrigo, que pode
mesmo ser uma mata mais densa ou fundos de vale (que não sejam descampados),
por exemplo. Afaste-se também de árvores isoladas pois elas podem funcionar
como pára-raios. Ao montar sua barraca
você também deve levar em consideração a exposição da mesma às intempéries.
Sim, uma barraca pode se tornar um pára-raio se estiver montada em local alto e
exposto. Supondo que ela esteja resistindo às rajadas de vento, você deve
permanecer sobre seu isolante térmico que o irá proteger de qualquer descarga
que venha atingir alguma região próxima a você.
 
Muitas vezes o ruído
do trovão pode ser ensurdecedor, havendo já casos relatados de problemas no
aparelho auditivo em descargas elétricas muito próximas. Na verdade o ideal
mesmo é cair fora, vazar. Estar atento a previsão do tempo é muito bom também.
Havendo risco de temporais é melhor trocar o passeio na montanha por algo,
digamos, menos eletrizante.
 
O Brasil é o país com
maior incidência de raios no planeta, considerando suas dimensões colossais e a
abrangência da maior parte do seu território em região de clima tropical. E o
Estado do Paraná está entre os locais com maior concentração de raios de todo o
globo, sendo a sua região oeste e noroeste a que mais é submetida a essas
descargas.
 
Um site bastante
informativo e com muitas e detalhadas informações a respeito do assunto é do
Grupo de Eletricidade Atmosférica, do qual retirei a maior parte das explicações
que apresento aqui. Neste site se pode acompanhar quase que em tempo real, as
descargas atmosféricas que vêm acontecendo. Pode-se ler também um histórico
curioso de pessoas atingidas por raios. Afinal é mais fácil ser atingido por um
relâmpago do que acertar a Mega-Sena…
 
George Nas Nuvens, 31
anos, é montanhista e corredor de longa distância. Conta com o patrocínio de
Território Mountain Shop e o apoio de Deuter, Princeton Tec, Botas Nômade e
Trilhas e Rumos.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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