Sem esperanças de encontrar vivo o argentino no Himalaia

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Dario Bracali buscava o cume do Dhaulagiri, de 8.167 metros. O andinista tentou o ataque em solitário, quando se deparou com uma tormenta de neve e vento.


Depois de dez dias, as esperanças em encontrar
com vida o argentino Dario Bracali no Dhaulagiri (8.167 metros) são
muito poucas. O famoso alpinista argentino participava de uma expedição
que havia partido ao Himalaia em março e decidiu tentar o cume “em
solitário”, a partir do acampamento 3, a 7.400 metros, no dia 3 de
maio. Após isto, não foi mais visto.

Os alpinistas que
participavam do resgate já não mais acreditam ser possível encontrá-lo
com vida, apesar de toda a experiência que o argentino possuía, tendo
feito já dois cumes de oito mil metros e todas as montanhas andinas com
mais de 6.500 metros de altitude.

Bracali, que possuía 35 anos, era casado e tinha um filho. Viajou ao
Dhaulagiri com a companhia de Christian Vitry, Sebastián Cura y
Guillermo Glass, para tentar sua terceira montanha superior aos 8.000
metros e já havia pisado nos cumes do Cho Oyu (8.201) em 2002 e no
Gasherbrum II (8.035) em 2006.

Caso concluísse esta ascensão,
Dario estaria se tornando o argentino com maior quantidade de cumes no
Himalaia e era um sério aspirante aos 14 oito mil do mundo, fato
alcançado apenas por 15 pessoas no planeta.

Na quinta feira,
primeiro de maio, durante um período de bom tempo, Bracali e Vitry
iniciaram o ataque ao cume, a partir do acampamento 3. Quando estavam
próximos aos 7.800 metros, Dario se sentiu mal e optou por retornar ao
acampamento.

Seu companheiro Vitry conseguiu chegar ao cume, junto a vários
escaladores de outros países, entre eles o equatoriano Ivan Vallejo,
que com esta ascensão, completou as 14 montanhas com mais de oito mil
metros de altitude. Os outros integrantes também haviam desistido da
tentativa e desceram.

Bracali descansou durante toda a sexta
feira e no sábado, dia 3 de maior, partiu em solo para o cume. Vitry o
aguardou no acampamento durante todo o dia e ao final da tarde,
verificou que havia muito vento e muitas nuvens no topo da montanha. No
domingo, o mal tempo se acentuou e Vitry começava a apresentar
dificuldades com o desgaste por permanecer tanto tempo em grande
altitude.

Informou sobre a situação em que se encontrava através de um telefone
via satélite e até tentou caminhar um pouco em direção ao cume na
tentativa de encontrar o companheiro. Mais à tarde, vendo que estava
sem alimentos e o mal tempo aumentava, decidiu descer e procurar ajuda.

Não
eram os únicos que estavam com problemas. Rafael Guillén, da Espanha,
morreu congelado quando tentava descer da montanha. Foi avistado por
seus companheiros caído sobre a neve.

Sebástian Cura sofreu princípios de congelamento e foi retirado de
helicóptero. Vitry, ao limite se suas forças, dormiu uma noite no
interior de uma greta e foi resgatado por dois alpinistas, quando
tentava descer ao acampamento 2. Seus dedos da mão sofreram diversos
congelamentos.

Os alpinistas sustentam que nada consegue
sobreviver em más condições por mais de uma semana em altitudes acima
dos 8.000 metros. Também entendem que, como não haviam instalado cordas
fixas, Dario poderia também ter sido arremessado abaixo pelo vento, que
estava muito forte na ocasião.

Apesar de que as possibilidades
de resgatar uma pessoa acima dos 8 mil metros ser muito baixa, a
família contratou quatro sherpas para tentarem encontrar o argentino.
Até agora, não obtiveram nem sinais de Dario.

No Dhaulagiri, já morreram também dois argentinos: Francisco Ibañez em 1954 e Mario Serrano em 1981.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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