Teresópolis: A importância da criação dos parques municipais

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Além da Pedra da Tartaruga, Teresópolis possui várias áreas de grande potencial e que necessitam de atenção


Nos meses que antecederam a última eleição municipal, ouviu-se falar em muitas propostas para o crescimento de Teresópolis. Mas, somente uma delas em relação à preservação de um dos maiores tesouros que temos, o meio ambiente. Tratava-se da criação do Parque Municipal da Pedra da Tartaruga. À época, muitos duvidaram. Muitos acharam que seria somente mais uma promessa. Porém, depois do pleito e com o candidato que lançou tal idéia se saindo vitorioso, nós montanhistas começamos a perceber que, pelo que tudo indica, realmente o projeto vai sair do papel.

Conversamos com o prefeito eleito Jorge Mario, com o futuro Secretário de Meio Ambiente, Flavio Luz, e até com o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, todos se mostrando favoráveis a criação dessa área de preservação ambiental.

Para completar esse movimento em prol da nossa Pedra da Tartaruga, soubemos do interesse do presidente do Instituto Estadual de Florestas (IEF), o montanhista André Ilha. Grande conhecedor do assunto, tem vias de escalada em praticamente todo o Brasil e recentemente lançou documentário mostrando a destruição de áreas de montanha no Espírito Santo. Tudo isso dá um grande peso para o projeto da Tartaruga, localizada entre os bairros de Córrego dos Príncipes, Salaco e Granja Florestal.

Hoje, essa montanha sofre com o desmatamento, invasões, retirada de pedras, pichações e lixo, sem contar o quase que total desinteresse pelo seu uso para a prática de esportes de aventura, o que é altamente viável em conjunto com sua preservação. Em agosto último, pela passagem dos seus 10 anos, o Centro Excursionista Teresopolitano promoveu um mutirão ecológico no local, retirando grande quantidade de lixo do cume e de algumas trilhas de acesso, além de realizar trabalho de conscientização ambiental no seu entorno. Não fossem os montanhistas da cidade, que usam aquele local como um campo escola de escalada e técnicas de rapel, seria pouquíssimo visitado. Além dos escaladores, os poucos que procuram a Tartaruga como área de prática de esportes são os adeptos do mountain bike e motocross. Antes, havia uma trilha para os jeepeiros, atualmente interditada.

Em breve conversa com o futuro secretário de meio ambiente, na semana passada, soube que o projeto do parque municipal pretende encampar também áreas próximas, como a Pedra do Camelo. E isso é realmente de extrema importância. Vizinha a Tartaruga, essa montanha está longe das construções irregulares, mas tem grande depredação por conta da extração de pedras. São estradas que cortam o vale do Córrego dos Príncipes até a sua base. Não muito longe dali, também poderia entrar na área de preservação a Pedra do Arrieiro, que tem 1.790 metros de altitude!

Outras regiões

Para onde se olhe, Teresópolis tem montanhas. Felizmente, boa parte delas está dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos ou no Parque Estadual dos Três Picos. Mas existem aquelas nas áreas urbana e rural que estão totalmente desprotegidas e à mercê da ganância do homem. No Segundo Distrito, poderia ser criada uma espécie de corredor ecológico, difundindo o ecoturismo naquela região, com montanhas como Alpina, Timóteo, Santa Rita (também conhecida como Caxambú) e Pessegueiros, entre outras.

Na área urbana, temos a Pedra da Ermitage (de onde, no ano passado, também recolhemos grande quantidade de lixo), vizinha a Quinta-Lebrão, a Serra dos Cavalos, tomada em parte pelas comunidades do bairro de São Pedro, o Triunfo e a Pedra do Caleme (ambas neste local) e a Pedra dos Cadetes, a popular “Galinha” do Corta Vento. A última é vizinha ao PARNA-SO, que em meados deste ano quase foi atingido por um incêndio que começou em tal montanha. Do seu cume, se tem excelente vista para praticamente toda Teresópolis e algumas formações rochosas da nossa principal cadeia.

É claro que em locais como Ermitage e Serra dos Cavalos, sabemos que é mais difícil a criação de um parque, por exemplo, mas uma APA ou uma fiscalização maior por parte dos órgãos competentes, já ajudaria bastante. Fora todas essas idéias de criação de novas unidades de preservação, a parceria com as já existentes é de extrema importância. O povo teresopolitano precisa passar a valorizar mais o Parque Nacional ou Parque Estadual que, aliás, já foi dirigido pelo Flávio Luz. A Pedra do Elefante, próximo ao mirante do Soberbo e na área do PETP, é um desses locais onde uma parceria eficiente é de extrema importância.

Enfim, como diz o Vice-Presidente do CET, Alexandre Formiga, “a hora é essa”. Estamos confiantes que Teresópolis realmente está mudando. E que os responsáveis por toda essa mudança realmente vão trabalhar para tudo isso acontecer. Assim esperamos. Lembrando que, de qualquer maneira, estaremos sempre fazendo a nossa parte. Montanhistas de coração, queremos o melhor não só para as nossas montanhas. Todo esse trabalho reflete diretamente na qualidade de vida de nós teresopolitanos. Afinal de contas… Que mundo você quer deixar para seus filhos e netos?!?

Marcello Medeiros é presidente do Centro Excursionista Teresopolitano e, semanalmente, assina a coluna “Mochileiro”, no jornal O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS

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Sobre o autor

Marcello Medeiros é Biólogo e Jornalista, escrevendo sobre montanhismo e escalada desde 2003. Praticante de montanhismo desde 1998, foi Presidente do Centro Excursionista Teresopolitano (CET) entre 2007 e 2013.

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