Travessia Cashapampa – Llanganuco Parte II

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Parte II – A Escalada do Nevado Pisco

:: Leia a Primeira Parte

Chegamos ao base do Nevado Pisco a 4700m no dia 01/08, sexta feira, fazendo bastante frio e todos nós, Orlando,Octávio e eu com resfriado e com um pouco de dor de garganta. Mas nada que um chá de coca com limão e algumas doses homeopáticas de própolis não nos fizessem ficar melhor.

O acampamento base do Pisco é também base de outras grandes montanhas como o Huandoy, uma montanha mista com mais de 6000m, bastante perigosa e que mostrava para nós sua imponência com barulhos assustadores de grandes avalanches.

Combinamos que faríamos nosso jantar às 1h para sairmos às 2h rumo ao Pisco.

No acampamento havia algumas barracas de uns franceses e outro grupo que não sabíamos sua nacionalidade, mas também, um pouco mais acima do base, existe um refúgio de uns italianos que abrigava algumas pessoas.

Por fim, às 2h começamos nossa caminhada ao Pisco. Começamos a subir por um caminho pedregoso rumo ao passo chamado Morena, 4900m, em uma trilha que com as botas duplas fica bem fácil de escorregar pelas pedras. Depois de subirmos começamos a descer entre grandes blocos de rocha onde tínhamos que ir pulando e tomando muito cuidado para não levar uma pedrada na cabeça porque acima muitas pedras soltas iam caindo.

Passado umas 3h de caminhada entre muitos blocos para pular e rochas soltas comecei a sentir muito calor devido ao tanto de roupa térmica que havia colocado com medo do frio… Com isso, não deu outra, transpirei tanto que minha pressão baixou e foi a hora que decidi que não ia mais continuar. Após algumas insistências para continuar, foi quando o Orlando iluminou meu rosto e percebeu que eu estava muito pálida que já aos 5000m a melhor decisão era eu voltar, pois poderia piorar acima.

Então, Orlando e o Octávio esconderam suas mochilas e me acompanharam até ao alto da Morena, onde já se podia avistar o acampamento base e assim eu teria condições de voltar sozinha. Insisti que eles continuassem, pois sabia que eu ficaria bem.

Já eram 5h e o dia começava a clarear, fiquei ali sentada sozinha no alto da Morena, muito triste por não ter realizado um sonho que era chegar ao cume de uma alta montanha… Mas ao mesmo tempo muito feliz porque até onde havia chegado já tinha sido impressionante.

O dia cada vez chegando mais e eu admirando gigantes montanhas como o Huandoy, Chopicalqui, Huascarán e o próprio Pisco, que me deu forças para continuar a descer para o base.

Nesta paisagem as energias são tão fortes que renova qualquer montanhista, e, foi aí que realmente entendi que não é sempre que você vence o poder da natureza para alcançar seus objetivos como chegar ao topo de uma montanha. A montanha impõe seu respeito, e é preciso saber entender quando ela te diz para voltar, para desistir. Mas quando você volta e olha pra trás ela também diz pra você não achar que não é capaz!

Chequei ao acampamento e fiquei o dia todo esperando pela volta dos dois, e no final da tarde enquanto tomava um chá com nosso cozinheiro Roman sentimos que eles voltavam, assim saímos correndo da barraca e só foi alegria com muitas lágrimas de felicidade, pois eles haviam voltado… Do cume do Nevado Pisco!!!

No dia seguinte descemos direto para Cebollapampa onde uma Van nos buscou para voltarmos para Huaraz.

Foi a experiência mais impressionante que tive na vida, e com isso voltamos pra casa com a certeza que o meu cume gelado ainda vai chegar

:: Leia a Primeira Parte

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