Travessia na Canastra – Final

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A GUARITA, O TAMANDUÁ E A CANASTRA
Levantei por volta das 5:30 com o som da algazarra de maritacas próximas, revigorado e disposto a sair cedo. Mas aquela terça-feira amanhecera com tempo incerto, nublada e envolta em fina garoa, nos prendendo a nossos casulos por mais tempo. Só começamos a nos mexer de fato uma hora depois, qdo o tempo continuava cinzento, mas a chuva já tinha ido embora. Tomamos um farto café-da-manhã e prontamente arrumamos nossas coisas, sem tempo ate de secar barraca ou roupa molhada, o q deixou nossas cargueiras relativamente pesadas.

Leia a primeira parte

Lançamos-nos então à trilha por volta das 8:45, tomando um caminho pro norte q não demorou a se tornar uma precária estrada de terra, e por ele seguir durante td manhã. Apos cruzar com uma simpática casinha abandonada, à direita, q antigamente servia como refugio de retirantes, nossos horizontes logo se ampliam permitindo gde visual do Vão dos Cândidos ao sopé da tb grandiosa Serra da Canastra, cujo perfil se esparrama por td extensão do horizonte. Mas logo a estrada vira p/direita, desvia de uma enorme grota e passa a percorrer indefinidamente a vasta campina q domina o topo da Guarita, numa sucessão de descampados intermináveis, sempre pra sudeste. Diferentemente do cerrado da Serra Preta, aqui domina a vegetação de savana, isto é, uma vasta extensão de campinas balançando ao sabor do vento! O visual tb merece destaque, pois temos o Vale do Babilônia à direita, ao sopé da Serra de Furnas, e o Vão dos Cândidos, alternando costelas da Serra Quebrada antes da Canastra.

Este trecho é bem tranqüilo, e sem gdes desníveis a pernada rende muito mais! No caminho cruzamos com cupinzeiros pipocando o pasto, uma seriema desengonçada, uma enorme aranha cruzando a estrada e varias nuvens de borrachudos. As 10:30 e com o sol ameaçando surgir, nos permitimos um breve descanso na relva dourada na cota dos 1350m, o pto mais alto da serra ate então. Beliscando e bebendo alguma coisa, apreciamos agora ao sul a “Serra dos Cofrinhos”, extensão da Serra Preta, cortada por uma tal “Estrada do Céu”, pela qual provavelmente retornaríamos pra Delfinópolis.

Retomamos a pernada em seguida, sempre no mesmo compasso anterior, ate q lentamente a vegetação q se resumia a puro pasto, começa a se complementar com pequenos arbustos e arvores solitárias, alem de algumas formações de arenito passam a ornar a beira da estrada. Não tardam a surgir tb vaquinhas pastando, q param de ruminar pra nos observar passar, curiosas, no mesmo momento em q começamos a descer suavemente a Guarita, em definitivo. Daqui temos uma bela noção de como a Guarita converge e se dilui em morros à frente do Chapadão da Babilônia, uma depressão atravessada por elevações sem rumo definido.

A estrada então desce suave e vira abruptamente pra esquerda, indo de encontro pros campos rupestres q compõem a Serra Quebrada, pra direita temos gdes visus dos morros e vales q constituem parte do Chapadão da Babilônia, lugar este q merece uma trip exclusiva pra ele. Contudo, antes de galgar a colina rumo o alto da Serra Quebrada, no selado de ligação esbarramos com um casebre abandonado q ostenta uma decrépita placa “Faz. Sierra Madre”, ao lado de um agradável córrego onde temos mais um pit-stop pra descanso, lanche e tchibum (eu, no caso!), as 12:30. Acompanhando o córrego, o mesmo se perde em pequenos cânions e cachus pro sul, pra depois serpentear os meandros do Babilônia.

As 14hrs damos continuidade a pernada subindo lentamente ao alto da Serra Quebrada, onde tivemos a felicidade de observar um tamanduá vagando despreocupadamente pela encosta de capim do morrote ao lado. Pausa pra fotos e perceber o qto o bichão é enorme, mesmo à distancia. Ainda bem,&nbsp, pois suas garras cortam enormes cupinzeiros feito manteiga. Uma vez no alto da serra, a estrada segue pra noroeste e depois pra nordeste, cruzando com campos rupestres, afloramentos rochosos, algumas quaresmeiras e belos campos de capim estrela. Mas as 14:45, qdo a mesma começa a derivar pra direita (leste) temos nossa primeira panorâmica integral da Serra da Canastra em td sua extensão e do risco branco q corresponde à Casca D´Anta! Dali tb constatamos a possível origem do nome da serra, pois o enorme chapadão realmente se assemelha a uma canastra ou baú, embora outra versão menos poética diga q um rico fazendeiro sonegou impostos e os escondeu numa canastra no dito chapadão. Pois bem, o tempo já ameaçava abrir, mas opta por manter-se apenas naquela nebulosidade clara. Melhor assim, do contrario o sol daquele horário fritaria nossos miolos, conforme atesta o chiado estridente de um gavião.

Caminhando em nível durante um bom tempo pra sudeste, após cruzar com uma simpática muretinha de pedras caímos numa bifurcação relevante: seguindo reto vamos dar no Babilônia, mas como nosso destino é outro tomamos o ramo q sai pra esquerda (norte) devidamente sinalizado de “Casca D´Anta-Vão dos Cândidos”. Agora sim começamos a descer bem pela estrada, q por sua vez bordeja a morraria de pasto e campos rupestres ao redor. Nosso destino é perfeitamente visível e parece inalcançável: uma pequena casinha/capelinha no alto de um morrão q antecede a Serra da Canastra!&nbsp, E tome chão! Após algumas porteiras, mata-burros e breves sobe-desce, cortamos caminho através de uma trilha íngreme no morro sgte, q nos poupa alguns bons quilômetros de estrada, apesar das curicacas presentes não gostarem nada de nossa intromissão em seu habitat.

Uma vez no alto do mesmo e topar com nova sinalização (pro Rolador e Vão dos Cândidos), nosso rumo é obvio ate q finalmente desembocamos na tal casinha avistada, as 16:30! Esta atende por Bar-Restaurante-Pousada Mirante Natureza e nossa esperança era de q estivesse aberta a pto de bebemorármos a travessia, pois ate então já estávamos bem cansados. Ledo engano, estava fechado. Mas logo uns tiozinhos passaram num fusquinha afirmando q os donos logo estariam ali, mas não sem antes nos proporem pernoite na pousada deles, quase do lado da Casca D´Anta, lá embaixo! Apesar da proposta tentadora, esta logo foi descartada diante dos preços absurdos cobrados (R$100 a diária!) e pelo fato q ainda teríamos q andar 6km tediosos ate lá. Dessa forma resolvemos estacionar ali mesmo ate aguardar chegarem os donos. E se estes não chegassem simplesmente acamparíamos nos vários lugares disponíveis, pois ali havia água alem de dois banheiros com chuveiro a disposição. Assim, enqto uns tomavam banho os demais já adiantavam sua janta, principalmente eu e a Vivi, ao mesmo tempo em q não nos cansávamos de apreciar o belo visual q faz jus ao nome da pousada, q se situa no alto de 1260m! O espetáculo dos poucos raios solares filtrados pelas nuvens iluminando em tons alaranjados os paredões da Canastra foi um show a parte naquele fim de tarde.

O tempo passou e os donos só chegaram de fato por volta das 21hrs, mas não sem antes um dos funcionários (q por ali passava) já providenciar um quarto a nossa disposição, assim como alguns petiscos pra beliscar. Edmar e Simone, os donos do lugar, estavam fazendo as compras do mês em São Roque de Minas, relativamente distante dali. Pra isso haviam tido q sair ainda de madrugada pra encarar o sacolejo das poeirentas estradas da Canastra. Alem disso, ambos são ótimas fontes de informação, alem de q não perdem oportunidade pra um dedo de prosa.

Devidamente instalados naquele local acolhedor q guarda um charme e rusticidade tipicamente mineira, nos reservamos a simplesmente curtir o inicio de noite com muita conversa fiada regada a muita cerveja, pinga caseira e generosas porções de queijo canastra! Espiando pela janela podíamos ver o tempo abrindo esplendorosamente, com as nuvens se dispersando no firmamento dando lugar a um negrume salpicado de estrelas e um luar inspirador banhando td extensão serrana, contrastando com as luzes cintilantes de São Jose do Barreiro, à leste. E assim as 21:30, vencidos tanto pelo cansaço como pelo álcool, nos dirigimos a nossos aposentos&nbsp, pro dia sgte visitar o cartão postal da região com tempo favorável. E se a noite anterior foi embalada a dor de garganta, esta aqui foi na base de espirro e tosse q por pouco não expulsaram meu cérebro junto durante as maiores crises!
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A CACHU E O PERRENGUE OFF-ROAD
Contrariando nossas previsões mais otimistas chovera forte a noite inteira, e pela manhã continuava do mesmo jeito. Levantei desanimado ao me deparar com o tempo lá fora encobrindo td, sem permitir visu algum da enorme serra a nossa frente. Diante disso, levantamos sem pressa apenas pra passar o tempo jogando sinuca e aguardar o farto café q nos foi servido. E tds as calorias gastas na travessia foram certamente recuperadas apenas nesse desjejum, nos quais não faltou leite fresco, bróa, bolo, queijos, pão-de-queijo, etc!

A chuva começou a dar trégua depois das 9hrs, no mesmo instante em q a Erica chegou dirigindo a Troller pro nosso resgate. Mas conversa vai e conversa vem, toma mais um “cafezim” aqui e “queijim” ali, só embarcamos no veiculo hora e meia depois rumo a Cachu Casca D´Anta, já dentro dos limites do Pque Nac. Serra da Canastra.

Pé-na-estrada novamente, desta vez motorizados, sacolejamos os 6kms morro abaixo com cautela devido ao péssimo estado da estrada, q com chuva fica pior ainda. Nestas bandas um 4×4 até q vem a calhar! Uma vez no fundo do vale, bastou atravessar uma simpática e rústica ponte de toras, onde uma placa do parque já nos dava boas-vindas, e após subir uma curta e lamacenta piramba em meio a um samambaial, chegamos na entrada do mesmo, as 11hrs.

Na portaria, após pagar uma taxa e assinar um livro de controle do Ibama, fomos informados q agora o acesso à parte alta do parque (mediante trilha) é feito obrigatoriamente com guia! Lembro de ter feito a trilha mto tempo atrás e q ela não demandava mta dificuldade e mto menos de q me “levassem pela mão”. Porem, com recente&nbsp, mudança de administração do pque essa medida (estúpida e desnecessária) havia sido recém instaurada, nos obrigou a abrir mão desse passeio, ate pq não havia nenhum guia disponível no momento e nosso tempo era enxuto pra aguardar vir algum de São Roque! Parabéns à nova gestão por nivelar os turistas por baixo! Meio desapontados com tal medida, procuramos tirar proveito ao máximo do único passeio q tínhamos disponível: a parte de baixo da Casca D´Anta. E lá fomos nós! Pra ajudar, o tempo melhorava cada vez mais e já ameaçava emergir um belo sol através das frestas das nuvens, ainda perambulando acima.

O percurso à cachu não dá menos de 2km e parte descendo a estrada da portaria ate uma área de quiosques reservada aos visitantes. Daqui tb inicia a trilha para a parte alta, a qual ficamos tentados em subir, e q não demora nem 2hrs ate os poços e piscinões q são a atração principal, pelo q vagamente me recordo. Mas o principal é q daqui já se tem um primeiro vislumbre da cachu, imponente e altiva, despencando dos paredões serranos a nossa frente. Pois bem, a trilha mergulha numa florestinha de encosta, por sua vez bordejando um rio q marulha bem a nosso lado.

E não demora a cairmos no 1º mirante da dita cuja, onde a mata parece emoldurar o belo espetáculo q se descortina a nossa frente. No entanto, nos apressamos em chegar o mais próximo possível da mesma, no 2º e ultimo mirante, pois somente assim tem-se uma idéia da grandiosidade e de td q se fala a respeito da cachu. A medida q avançamos o rugido da queda d´água aumenta consideravelmente, e após descer um tanto emergimos da mata bem próximo das margens do rio e do poção, onde somos fustigados constantemente pelos respingos e borrifos constantes da água despejada pela grandiosa queda. E finalmente ali esta ela bem na nossa frente, téte a téte.

A Casca D´Anta não é uma cachu qq. Ela é resultado dos primeiros suspiros do Velho Chico, q nasce perto dali, na parte alta do parque. Já havia estado aqui a mais de uma década atrás, mas ainda assim não pude deixar de me maravilhar com o espetáculo q a cachu reserva a quem a visita. Estava tão pasmado com a imponência da cachu qto o naturalista Auguste Saint Hillaire, q ha dois séculos atrás percorreu estas bandas, q as impressões desta ocasião não deviam em nada àquelas q tivera na primeira vez q aqui estivera. Enfim, um majestoso véu d água escorrendo de um paredão esmeralda a quase 200m de altura, pra finalmente repousar numa generosa piscina natural de quase 30m de diâmetro! A formação rochosa do paredão faz com q a água caia em diversos filetes q vão se abrindo conformem se aproximam do poção. A cachu faz a alegria de trocentas andorinhas que vão e vem, sendo efemeramente siluetadas pelo véu alvo despencando. O borrifo de água é constante e não demora a ficarmos bem ensopados, embora anorakes não resolvessem muita coisa.

Após varias fotos, muita admiração e ainda nada satisfeitos, começamos a desescalaminhar cuidadosamente pedras lisas feito sabão rumo as margens do poção, o q não nos tomou nem 5 minutos. Próximo de uma lacônica placa proibindo o banho, alem de indicar q o poço tem quase 30m de profundidade (!), estar já naquela beirada do poço já valia a pena. No entanto, o André e o Paulo encararam um tchibum no piscinão gelado.

Voltamos a portaria do parque extremamente satisfeitos e tomamos rumo à pousada do Edmar e da Simone, onde chegamos as 13:47, a pto de garfar o delicioso almoço q já havíamos deixado encomendado. Antes, porem, nos vimos degustando uma bem-vinda entrada regada a brejas e porções de queijo e torresmo crocante pra “engraxar as juntas”. Dessa forma, o turismo gastronômico mineiro é totalmente contra-indicado pra quem deseja perder peso, pois aqui isso é bem difícil. Na seqüência arrumamos nossas coisas, acertamos os custos da estadia, nos despedimos do simpático casal e ate do Paulo. Paulo? Sim. Pro retorno o carro apenas comportava 5 pessoas, daí o Paulo se prontificou a retornar por conta, de carona ou pé. Mas ate q ele não reclamou nadicas, tendo em vista q ficou o restante da tarde bebericando da “marvada” com o Edmar.

Zarpamos de fato as 16hrs, tomando a estrada rumo a Babilônia, dando as costas pra Canastra. Atravessamos o chapadão da “Estrada do Carvão”, localizado nos descampados da serra homônima, onde os afloramentos rochosos são predominantemente enegrecidos por algum minério. No caminho muitas porteiras nos forçam a parar diversas vezes, mas q são a deixa pra clicar os detalhes naturebas desse trajeto motorizado q tb guardam seu charme, como os espigões sulcados de lajes claras da Serra Branca ou os fundos e verdejantes vales transversais da Serra da Matinha. Como tb os detalhes sociais e das poucas pessoas q vivem isoladas neste fim de mundo, como uma tal “casa de oração” e uma simpática casa com telhado feito de lajotas!!

O tempo foi passando e o sacolejo constante nos mantêm plenamente acordados, embora o sono nos surpreenda vez ou outra. A estrada alterna areão, terra, pedra e cascalho, tornando a viagem um chacoalho só q deixa moído corpos desacostumados. Em alguns trechos o veiculo sacode violentamente e não raramente meto o chifre na lataria do mesmo. Após uma bifurcação, ignoramos a entrada pra “Serra do Rolador” e seguimos em frente, rumo a “Estrada do Céu”, mais rápida. Entretanto, foi ai q o céu se cobriu de medonhas nuvens negras, q não demos atenção. Mas após mergulhar sinuosamente num vale florestado e cruzar um rio pra em seguida bordejar nova morraria, é q o mundo desabou na forma de muita água! Foi ai q nosso motorista&nbsp, redobrou sua atenção pq daqui em diante a estrada se transformava num lamaçal só!

Dito e feito. Numa aparente e inofensiva subida a estrada estava coberta de um barreiro imenso, q por sua vez fez o veiculo patinar sem sair do lugar! Resolvemos sair pra ver se a redução de peso ajudava em algo. Nada. Acionadas tds as teclas de tração e o carro cismava em não sair do lugar, emburrado! Daí então decidimos retornar um pouco de modo a ganhar velocidade e subir a tal piramba lamacenta. Contudo, pra isto o André precisou dar ré num terreno pra lá de duvidoso, no exato momento em q a chuva redobrou sua força e nos deixou ensopados num piscar de olhos! O carro foi retrocedendo lentamente naquele mar de lama mas resolveu encalhar a quase dois palmos de uma valeta, q aumentava de tamanho conforme a água barrenta escorria por ela em quantidades de dar inveja à Casca Dánta!

“Putaqueopariu! Fudeu!”, pensei. Ai não deu outra, tds nos empenhamos a fazer o possível pra tirar o veiculo dali o qto antes pq se ele caísse na valeta ai sim q não sairíamos mesmo naquela tarde. A Vivi pegou pedras, a Erica arrumou tufos de capim, a Cá descolava gravetos e eu buscava juntar td isso ao redor das rodas q deslizavam, alem de rezar pra td dar certo! O carro gingou e patinou ainda mais um pouco em direção da valeta! Puts! Ate lá já chafurdávamos na lama tal qual suínos e o carro continuava atravessado na estrada com a dianteira virada pra valeta, daí tentamos limpar as rodas com gravetos, lavá-las com água enlameada, empurrar a dianteira, etc. Nada. Foi ai q alguém teve a bendita idéia de “rebocar” o veiculo com as cordinhas do bagageiro “na unha”. Amarramos as ditas cujas na traseira e lá só dava a gente puxando com força, em meio aquele temporal, ao mesmo tempo q o André acelerava de ré na sua derradeira tentativa de remover o veiculo daquele encalhe. E eis q o bicho retrocedeu! Urramos de alegria e repetimos o processo, ate q finalmente a valente Troller livrou-se de seus grilhões de areia lamacenta!

Sem perder tempo, embarcamos no carro emporcalhando td seu interior e zarpamos pra longe daquela estrada infernal. Voltamos então ate a ultima bifurcação e decidimos retornar pelo Rolador. Ensopados e tiritando de frio, observamos pela janela o tempo subitamente melhorar qdo a noite caiu, mas ainda assim a estrada mostrava alguns trechos q demandaram cautela e alguma ginga do nosso intrépido motorista. Assim, ganhamos a Serra da Calçada, o Vão da Babilônia, ignoramos a entrada pra Cachu Quilombo&nbsp, e depois a q nos levaria pro Vale do Céu, ate finalmente dar no vilarejo de Ponte Alta, as 19:30, onde trocamos de roupa. Chegamos em Delfinópolis somente uma hora depois, após passar pelo vilarejo de Olhos D´água.

Em virtude do horário avançado, tivemos q pernoitar mais uma vez na pousada da Regina, mas não sem antes mandar ver um rango no único restaurante aberto na cidade. Banho tomado, o restante da noite foi embalado a muito vinho! Só assim pra relembrar e rir do perrengue de horas antes. Pra variar, choveu durante td madrugada.
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O dia sgte zarpamos de Delfinópolis por volta das 10hrs, após um farto café-da-manhã. O bom tempo e a luminosidade favorável permitiram boas fotos da travessia de balsa da Represa dos Peixoto. Dali despedimo-nos da serra, cuja crista encontrava-se imersa num negrume só, q contrastava com o tom esmeralda das águas da represa. Chegamos em Ribeirão Preto as 13hrs, onde nos despedimos do simpático casal André &amp, Cá, com promessas de próximos perreng.. ops, travessias pela frente! Pegamos o bus pra Terra da Garoa meia hora depois, viagem esta embalada nos braços de Morpheus, não fosse o tradicional transito de final de dia nas Marginais. Saltamos na rodoviária somente as 18:30, já pronto pra encarar mais transito pra chegar em casa. Enfim, tem q ter muito saco e paciência de Jó pra viver na paulicéia desvairada, mas feliz por termos estado mesmo q brevemente num local q atende pelo nome de Canastra.
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Se a dois séculos atrás a Serra da Canastra encantou o naturalista Auguste Saint Hillaire, imagine então os rincões q lhe passaram desapercebidos ou q nem sequer sonhou em percorrer. Pois a enorme e vasta Canastra é um daqueles lugares impossíveis de conhecer plena e integralmente numa, duas ou três visitas prolongadas! Seus campos, vales e rios se estendem por muitos quilômetros em tds as direções e sua geografia favorece longas travessias (de carro ou a pé) de cristas, de fácil orientação e muitas vistas cênicas, embaixo de um céu q a altura torna imenso. E o melhor, longe das restrições e limites do Pq Nacional homônimo. Nesse contexto td, a Delfinópolis-Casca D´Anta é somente uma das inúmeras possibilidades de caminhadas desta região privilegiada de MG. Cabe agora à sua determinação, disponibilidade e criatividade explorar as demais.

Texto e Fotos: Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html

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Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

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