Caratuva: Novo setor de escalada no Anhangava

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O morro do Anhangava, tradicional campo escola de escalada do Paraná recebeu mais um setor de escaladas.


O novo setor, conquistado por Edson Struminski “Du Bois” e Hebert Sato, se chama Caratuva e tem esse nome em homenagem ao Morro do Caratuva, segunda montanha mais alta o Paraná que em 2007 sofreu um dos incêndios mais devastadores da Serra do Mar. De acordo com Du Bois o idealizador da abertura deste novo setor, o Morro do Caratuva e o novo setor de escalada tem muitas coisas em comum.

O local aonde se localiza este novo setor, que é uma continuação do setor interiores, já sofreu ação de um incêndio no passado. Este setor representou, de acordo com Du Bois, a unificação de esforços anteriores e recentes em sua conquista.

A primeira via aberta na parede onde fica o novo setor é a Sunrise, uma linha em artificial aberta por Maximilian Hochsteiner e Du Bois em 1980. A abertura deste novo setor de escalada simboliza também a abertura de vias dentro de uma perspectiva mais moderna, o que inclui a padronização de materiais (chapas e bolts de inox) e o cuidado ambiental, através da implantação de trilhas e bases de vias calçadas, remoção de espécies vegetais invasoras como o Pinus, ou a retirada de lixo encontrada nos novos locais (até nas paredes), daí a materialização do simbolismo dado por Edson “Du Bois”.

O novo setor conta com as seguintes vias:

“Caratuva em Chamas” é a via mais bela e emblemática deste setor. Uma das novas vias, com sete chapas e cerca de 25 metros, possui um início de via difícil que leva até um platô, onde um belo diedro arredondado exige um meticuloso trabalho de regletes com dificuldade técnica constante.

“Dedos Flamejantes” é uma linha melindrosa que inicia no mesmo platô e faz um zig zag transitando pela bela aresta do diedro, no momento, é a mais difícil e desafiante via do setor.

&nbsp,“Fumaça e Cinzas”, 30 metros, primeira e mais acessível via do setor, na face norte da pedra (na proximidade da escadinha que sobe o morro).

&nbsp,“Fogaréu”, no antigo setor de boulders e que hoje vai até o fim da pedra a partir do platô. Possui 2 crux que misturam aderência e regletes. Em algumas vias existe a possibilidade de se guiar pela direita ou esquerda, variando fortemente a dificuldade da via e também é possível explorar linhas de escaladas com corda de cima.

No meio destas vias ainda existe a velha Sunrise, que continua ali, com seus rebites 1020 de 8mm de espessura, quem sabe esperando uma ascensão em livre.

Moratória do Anhangava

Há cerca de 8 anos, alguns montanhistas decretaram que o Anhangava não deveria mais receber novas vias. Os argumentos usados para justificar este ato, chamado de “moratória” do Anhangava, era de que havia um uso desordenado do morro e que novas gerações deveriam ter o direito o abrir novas vias também e, portanto, a abertura de novas vias não deveria ocorrer naquele momento, para reservar possíveis linhas para uma nova geração.

Em oposição à estas regras impostas, Edson Struminski Du Bois, abriu o setor Interiores em 2006 e Estufa em 2007, que apesar de terem sido conquistados com todo o cuidado para não agredir estilo de conquista de vias de escalada e também o meio ambiente, a abertura destes setores foi extremamente criticada por ter ferido a proibição de conquista de vias.

Sobre esta polêmica, Du Bois diz que a moratória foi uma ação conservadora e que não existia um parâmetro do que seria esta uma nova geração e assim, a idéia de manutenção do estoque de vias para o futuro, nunca chegaria, seria sempre empurrado para frente. “O Paraná, neste ponto, é um local estranho. Escaladores inovadores são criticados quando trazem inovações, quando criam novas escaladas, mesmo que tragam melhorias técnicas, democratização ao esporte ou ganhos ambientais.” Comentou Struminski em seu blog pessoal. Ele completa: “Pessoalmente sinto um enorme enriquecimento pessoal quando abro uma via, ou um setor de escaladas nas montanhas, pois é uma forma de manter o interesse no montanhismo vivo em mim, uma das minhas paixões na vida, um sonho realizado. O trabalho é algo muito fascinante e o prazer da descoberta de novas vias não pode ser roubado de um montanhista por críticas pobres ou vazias.”

Passado anos desde que foi decretado a “moratória” do Anhangava, este tema ainda continua polêmico. De acordo com Du Bois, ele não pretende colocar lenha na fogueira e incendiar as discussões: “Acho muito atraente quando podemos agregar uma mescla de referências na abertura de um novo setor: recuperar a história, manter viva a memória do combate a incêndios, demonstrar procedimentos práticos para recuperar ambientes degradados e, principalmente, manter a ideia de que a escalada no Anhangava pode nos trazer boas surpresas e que ainda tem, sim, muito futuro, basta que as pessoas tenham criatividade, sonhem e se esforcem um pouco”. Finaliza Edson Struminski.

Fonte: Blog do Dubois

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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