História dos estudos geológicos do Aconcágua

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A maior montanha dos Andes, o Aconcágua, é uma montanha que foi palco de diversos estudos que ajudaram na evolução da pesquisa e do pensamento geocientífico mundial. Conheça um pouco as histórias das pesquisas levadas à cabo nesta magnífica montanha e os cientistas e exploradores que lá estiveram.

por Guillermo Corona

Traduzido e adaptado por Pedro Hauck

A exploração geológica formal da região do Aconcágua começou no século XIX. Na década de 1830, Joseph Pentland ingressou vindo do Chile à região de Puente del Inca e enquanto fazia medições geodésicas, descobre fósseis que logo foram analisados por Von Buch (em 1836), assinalando-as com características semelhantes aos encontrados na região de Jura na França (local que deu nome ao período Jurássico).

Pentland, apesar de não ser muito conhecido no Brasil, foi um gênio das geociências. Ele foi geógrafo, naturalista, mineralogista e um viajante incansável. Percorreu e mediu grande parte dos Andes bolivianos, país que atuou como cônsul britânico. Ele manteve relação de trocas de correspondências com Darwin durante sua vida. Um mineral, (a pentlandita), uma cratera lunar (Cratera de Pentland), um perdiz (Nothoprocta pentlandii) e a Kiula andina (Tinamotis pentlandii), levam seu nome em homenagem à suas descobertas.

O ultra famoso naturalista Charles Darwin também cruzou a região, vindo de Valparaíso à Argentina. Em sua odisseia que o levou a dar a volta ao mundo a bordo do Beagle (de 1832 a 1836) acaba passando pelo Aconcágua em 1835. Assim como Pentland, ele redescobre os mesmos fósseis, que posteriormente foram estudados por D´Orbigny (outro gênio), que os assegurou uma idade mais recente (neocomiano – Cretáceo inferior), esta idade foi corroborada por Forbes em 1845.

Darwin escreveu três trabalhos geológicos na região e os apresentou em 1838, 1845 e 1846. Estes trabalhos felizmente foram digitalizados e se encontram na Biblioteca digital deste genial naturalista britânico (link 1 e link2).


Perfil geológico da região do Aconcagua realizado por Darwin (clique para ver maior).

Um dos legados de Darwin foi realizar o primeiro perfil geológico da região, observados na imagem acima. Um artigo com as informações mais detalhadas sobre este trabalho, comparando o estudo do naturalista inglês com dados recentes foi publicado em 2009 e este trabalho felizmente encontra-se livre na internet.

O próximo geólogo a pisar na região foi Pierre Aimé Pissis. Este geólogo, nascido na França, trabalhou no Brasil e na Bolívia antes de ir parar no Chile, onde prestou serviços geológicos e topográficos ao governo. Pissis foi o autor do mapa mais detalhado dos Andes Centrais chilenos da época. Ele realizou estudos geológicos na região de “Las Cuevas” até a entrada do Vale de Horcones, distinguindo uma rocha particular que ele denominou de “Formação calcária”. Pissis Ficou muito famoso e em homenagem a ele foi batizada a terceira montanha mais alta dos Andes, o Nevado Pissis, na divisa da província de Catamarca com La Rioja na Argentina.


Mapa confeccionado por Pierre Aimé Pissis dos Andes chilenos no século XIX

Entre 1857 e 1858, Germán Burmeister realiza a travessia dos Andes Centrais desde o Chile e realiza observações geográficas e geológicas gerais desde Punta de Vacas até Las Cuevas.

Estes foram os estudos pioneiros da região, os quais foram feitos por naturalistas que entravam desde o Chile. Na época a única universidade argentina onde se realizavam estudos geológicos era a UBA de Buenos Aires. Foi somente em 1866 que Pellegrino Stroebel parte desde a capital argentina em missão científica geológica nesta região. Ele cruza para o Chile pelo passo de la Cumbre e regressa pelo passo del Planchón. Em sua peripécia, realiza importantes descobertas bioestratigráficas.

Em 1873, outro geólogo argentino de origem alemã, Stelzner, também cruza a fronteira com o Chile pelo passo del Espinacito em San Juan e regressa pelo rio Cuevas. Apesar de seu objeto de estudo ser o passo de Espinacito, ele estudou as vertentes Norte de Puente del Inca e encontrou os mesmos fósseis neocomianos, além de constatar a presença de sedimentos jurássicos marinhos. Os estudos paleontológicos dos fósseis que ele levantou em campo foram mais tarde estudadas por Göttsche em 1878.

Em 1883, Paul Güssfeldt ingressou na região pelo vale Hermoso desde Chile, ele remontou o rio Volcán e realizou a primeira tentativa de ascensão ao Aconcagua feita por um ocidental. Güssefeld extraiu amostras de rochas ao longo da ascensão que hoje em dia é a rota normal da montanha até os 6100 metros de altitude. Ele chegou a fazer uma segunda tentativa, chegando aos 6500 metros. Em suas observações de campo, ele descreve a parte superior da montanha como capas de arenito, calcário e gesso intercaladas com outras de aspecto pórfiro (rocha ígnea com minerais de tamanhos diferentes envolto numa massa de minerais não identificados a olho nu). Quando voltou ao Chile, realizou os estudos que logo foram repetidos por Roth em 1890 e que certificaram ser de origem vulcânica as rochas de textura pórfira. Neste episódio aconteceu algo insólito. Primeiro foi o reconhecimento através da Sociedade Geográfica de Berlin que devido à natureza estratigráfica do Aconcágua, ele não poderia ser um vulcão (Güssfeldt, 1883a), mas poucos meses depois desta comunicação, se realiza outra afirmando o Aconcágua como um antigo vulcão e que os seus três cumes principais (Norte, Sul e Cerro Mirador) serem restos de uma antiga cratera (Güssfeldt, 1883b). Isto foi tomado como certo pela comunidade científica que gerou polêmicas sobre as origens da montanha.

O mesmo Güssfeldt realizou medições e descreveu o cordão de la Ramada, (onde fica o Mercedário mais ao norte em San Juan) também interpretando-o como um vulcão. O erro fundamental de Güssfeldt foi ter interpretado as rochas vulcânicas que ele encontrou como componentes de um vulcão desfigurado.

Na temporada de verão de 1896/97 se leva a cabo a expedição liderada e financiada pelo americano Edward FitzGerald. Com apenas 25 anos de idade, ele liderou um grupo de 6 guias de alto nível com o objetivo principal de ascender à montanha. A expedição foi um sucesso, sendo o guia suíço Mathias Zurbriggen o primeiro a chegar ao topo. FitzGerald Levou naturalistas experientes, geólogos, geógrafos e agrimensores para coletar informações da área.

A segunda ascensão absoluta à montanha (realizada apenas um mês depois da primeira), foi levada a cabo pelo geólogo Stuart Vines. Ele recolheu amostras de rochas do cume e foram mais tarde analisadas pela Universidade de Londres e que resultaram ser andesitas hornblêndicas. Esta expedição também localizou três locais fossilíferos, dois no vale de horcones e um no do Tolosa, que foram as primeiras Amonites achadas na região e foram datadas do Jurássico tardio.

Em 1898, outro naturalista realiza uma tentativa no Aconcágua, Martin Conway, conquistador de diversos 6 mil bolivianos, como o Illimani, Ancohuma, Illampu e Huayna Potosi. Por conta dele, as rochas aflorantes próximas a Plaza de Mulas se chamam “Pedras Conway”. Além da tentativa de ascenso, Conway realiza uma descrição de avanços e retrocessos das línguas glaciares e seus depósitos correlativos no vale de Horcones.

Em 1905, o doutor em química Federico Reichert, que trabalhava na Secretaria de Minas, Geologia e Hidrologia, realiza sua primeira tentativa de escalada no Aconcágua. Ele retorna à montanha em 1911, onde realiza múltiplas ascensões e explorações na região e no Cerro Plomo. Neste mesmo ano, ele descreve geograficamente os glaciares do Plomo e as nascentes do rio Blanco. Todas as investidas que ele realizou viraram um livro que foi publicado anos mais tarde, em 1929: A exploração da Alta Cordilheira de Mendoza (veja mais sobres este assunto).

A partir de 1906 começa o estudo sistemático da região. A construção da ferrovia até o Chile permitiu o acesso mais fácil e aí entra em cena o geólogo Walter Schiller, uma daquelas pessoas que se encontram adiantadas 50 ou 100 anos à frente da média da mentalidade de sua época. Ele realizou uma tentativa até os 6 mil metros e realizou um levantamento geológico da região de Puente del Inca. Foi o primeiro a descrever a complexidade estrutural do Aconcágua.

Geologia estrutural do Aconcagua na visão de Schiller (1907)

No ano seguinte, Schiller subiu o rio San Juan até suas nascentes e continuou pelo valle Hermoso através do rio Volcán. Neste ponto ele perde suas mulas e continua em solitário cruzando o selado do cuerno, ingressando ao vale de Horcones. Ali, ele realiza sua segunda tentativa ao Aconcágua, mas cai numa greta e passa vários dias para ser resgatado por uma expedição italiana que também tentava subir a montanha. Ele foi trasladado até Puente del Inca e durante sua recuperação escreve seus resultados geológicos cheio de novidades para a época.

Em 1909 e 10 Schiller volta ao Aconcágua para levantar novos dados e fazer uma compilação de todas as informações de suas pesquisas, que são publicadas numa síntese geológica da alta cordilheira de San Juan e Mendoza, formando o compendio mais sólido dos conhecimentos geocientífico da região no período.

Nos anos que se passaram, estudos geológicos se desenvolveram na região do cordón del Espinacito e de la Ramada, com contribuições de Kühn (1914, 1922), Rigal (1930) e Lambert (1943). Em 1946, começam a ser levados a cabo estudos geotectônicos para a construção do túnel internacional da região de Las Cuevas. Estes estudos levaram 4 anos, detalhando as informações petrográficas de ambos os lados da fronteira. Lamentavelmente, os pesquisadores não lograram em ver as mesmas estruturas que Schiller descreveu, o que os leva a formular uma conclusão oposta à do pesquisador pioneiro.

Schiller falece no próprio Aconcágua em 1944, durante sua quarta tentativa de ascensão. Lamentavelmente, pouco tempo depois de sua morte, outros pesquisadores passam a desmerecer seu trabalho. Para piorar, ainda se apropriaram de suas observações, publicando conclusões sem sequer haverem pisado no Aconcágua e ainda desmerecendo a fonte, sem citação.

Em 1951, o geólogo Pablo Groeber confecciona o primeiro mapa geológico da região em escala 1:500.000. Em 53, o mesmo pesquisador ainda realiza vários estudos, dentre eles perfis dos afloramentos cretácicos no vale do rio de las Cuevas.

Nos anos 70, a cordilheira principal foi estudada em detalhe. Em seu setor sanjuanino (Cordón del Espinacito), o geólogo Vicente retoma as idéias de Schiller com respeito às estruturas de cavalagamento nos Andes.  Em 1983 começou um levantamento regular da região levado a cabo pelo Serviço Geológico Nacional. Estes trabalhos foram levados à cargo pelo maior geólogo argentino do final do século XX, Victor Ramos. Ele, nos anos posteriores e até a atualidade comanda o laboratório de Tectônica Andina na Universidade de Buenos Aires. Desta forma o conhecimento sobre os Andes foi se completando nos últimos anos.

Quando se inicia a polêmica de que o Aconcágua é um vulcão?

Por mais incrível que parece, precisamente no dia 20 de janeiro de 1835, um comerciante britânico chamado Byerbache observa desde o porto de Valparaíso no Chile um vulcão em erupção. O comerciante achou que este vulcão era o Aconcágua. O interessante é que exatamente nesta época, andava por ali um conterrâneo seu, Charles Darwin, que acreditou que tal no “achismo” do comerciante. Darwin então registrou em seu diário que o Aconcágua era um vulcão em atividade e repetiu o erro em palestras na Sociedade de Geografia de Londres, em livros da viagem e também em um artigo de 1846. A fama e o prestigio de Darwin deram como certo a afirmativa da origem vulcânica do teto das Américas.

Aconcagua sendo referenciado como um vulcão em um mapa antigo

Este engano fez que outros pesquisadores afirmassem o mesmo, como em 1904, quando Hauthal publicou seu catálogo de vulcões Argentinos. Paul Güssfeldt, aquele que afirmou em 1883 que o Aconcágua não era um vulcão, mas que voltou atrás, ajudou a espalhar a confusão. Stuart Vines, por sua vez, afirmou que a existência de rochas vulcânicas na montanha seria uma prova de sua origem magmática. No entanto ele nem afirma e nem desmente esta ideia, e ainda apresenta a hipótese que o Aconcágua poderia ter sido um grande vulcão que explodiu no passado, dando origem à sua forma atípica.  Perguntado por que Güssfeldt mudou sua opinião, ele disse anos depois que as rochas que ele coletou, com minerais de hornblenda, augita e anfibólios (minerais máficos – básicos de vulcões) e outra rocha branca, que ele achou ser produto de fumarolas, o fez rever seu pensamento e daí afirmar a montanha ser um vulcão.

No entanto Conway, um ano depois, achou a discordância (o contato) entre a série vulcânica do cume e as rochas sedimentares da base. Com estes dados começa a haver duas correntes de pensamento, uma que defende a origem vulcânica e outra que não.

Com Schiller, baseado em sua sabedoria e poder de interpretação, além de sua aguçadíssima intuição, aos moldes de grandes geocientistas brasileiros “a la” Ab’Sáber e Almeida, foi realizada a mais importante revelação da origem não vulcânica da montanha com base em sua morfologia não adequada, por estar afetado por dobras e cavalgamentos e pela falta de material de erupção e atividade de fumarolas. Ele redescreve as amostras de rochas brancas de Güssefeldt como simples massas de neve pulverizadas levantadas pelos ventos, um verdadeiro avanço em sua época, já que não necessitou de laboratórios petrológicos para tal, se baseando somente em suas observações. As idéias de Schiller foram amplamente aceitas por cientistas europeus, mas rechaçadas por argentinos.

A hipótese de que o Aconcágua é uma montanha com uma cobertura de rochas vulcânicas desraizada se afirmou com os estudos da década de 1970, onde foi demonstrado que tanto a leste quanto a oeste da montanha há dobras e cavalgamentos, que foram amplamente confirmadas nos anos 80. E se há cavalgamentos, não há edifício vulcânico. Assim se dá terminada a polêmica de pois de 150 anos de pesquisas.

Hoje, pesquisas históricas apontam que o vulcão que Darwin viu em erupção em 1835 era o Tupungatito, um vulcão que até hoje apresenta atividade e que fica há cerca de 60 km há Sudoeste do Aconcágua, que não pode ser avistado de Valparaíso.

Considerações finais

É importante entender o seguinte ponto: O Aconcágua não é um vulcão, mas tem sem sua composição rochas vulcânicas. Complicado? Nem tanto. Sem entrar em detalhes geológicos que poderiam complicar o assunto, vamos fazer uma sequência de como se deu a evolução do colosso dos Andes.

Há uma grande discussão em torno de quando foi que os Andes começaram a se soerguer. Sabe-se que no Mioceno (20 M.a) parte das rochas sedimentares do Jurássico e Cretáceo já estava deformada pelo tectonismo que gerou a cordilheira. Sobre esta capa grossa de rochas continentais, começou a evoluir um “arco magmático” que deu origem à todo o complexo de vulcões existentes nos Andes, do qual a maioria das montanhas fazem parte (Ojos del Salado, Pissis, Tupungato, Três Cruces, Llullaillaco, Sajama, apenas para citar alguns mais famosos). Na região onde hoje está o Aconcágua, existiu no passado alguns vulcões que davam aporte ao material que foi depositado em discordância acima das rochas sedimentares anteriores. Estes vulcões não existem mais, pois já foram totalmente erodidos. As únicas pistas que existem deles são estas séries de rochas que se conveniou chamar de “Complexo vulcânico Aconcágua”.

Por último, há aproximadamente 8 milhões de anos, se produziu o evento final de evolução da cordilheira principal, soerguendo e elevação das rochas da região. Foi neste evento tectônico que se produziu o Aconcágua como conhecemos hoje em dia. A própria morfologia da montanha, muito bem conhecida por nós montanhistas, é uma demonstração de sua evolução.

No lado Sul da montanha, desenvolve-se uma gigante parede de 3 quilômetros de altura, a ponto que em sua face oposta há uma vertente mais suave, onde fica a rota normal. Isso é na verdade o resultado do cavalgamento afirmado por Schiller, onde uma placa ascendeu sobre outra. É conta deste cavalgamento, que ocorreu há 8 milhões de anos, que a datação das rochas do Aconcagua estão intercaladas, com uma camada antiga, outra mais jovem e outra mais antiga novamente. O que aparentemente é uma confusão estratigráfica é na verdade o resultado do dobramento e cavalgamento das camadas.

Modelo simplificado de como evolui um cavalgamento: Note a alternancia das camadas. Este tipo de formação de relevo é comum em ambientes de convergência de placas

Comparação do perfil geológico de Darwin com o perfil geo estrutural de Victor Ramos na região do Aconcágua. Observe o dobramento e cavalgamento das Camadas.

Datação das camadas de rochas do Aconcagua. Note a diferença de idades, entre uma mais nova e outra mais antiga se intercalando. Tal fato é resultado do cavalgamento que deu origem ao Aconcágua há 8 milhões de anos atrás. O Aconcagua não é um vulcão!

 

Todas as informações contidas neste artigo foram compiladas de trabalhos científicos, produtos de teses e dissertações da região do Aconcágua. Muitas reunidas no livro “Geología de la región del Aconcagua: Província de San Juan y Mendoza”. Cada pesquisador se ocupou de um terreno em particular ou de uma porção estratigráfica. Mas foi graças a Victor Ramos, que graças a seu laboratório de tectônica andina, impulsionou o conhecimento geológico dos Andes Centrais.

Referências:

Darwin, C. R. 1860. Journal of researches into the natural history and geology of the countries visited during the voyage of H.M.S. Beagle round the world, under the command of Capt. Fitz Roy R.N. London: John Murray. Tenth thousand. Final text.

Laura Giambiagi, Maisa Tunik, Victor A. Ramos, and Estanislao Godoy. The High Andean Cordillera of central Argentina and Chile along the Piuquenes Pass-Cordon del Portillo transect: Darwin’s pioneering observations compared with modern geology. Rev. Asoc. Geol. Argent. v.64 n.1 Buenos Aires abr. 2009

Victor A. Ramos. Darwin at Puente del Inca: observations on the formation of the Inca’s bridge and mountain building.Rev. Asoc. Geol. Argent. v.64 n.1 Buenos Aires abr. 2009

Victor Ramos et. al. Geología de la región del Aconcagua, províncias de San Juan y Mendoza. Subsecretaria de Minería de la Nación. Direccín Nacional del Servicio Geológico. Anaes 24(10). Buenos Aires 1996

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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