Por que no Brasil não se discute as causas dos acidentes?

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Assim  como o resto do mundo da comunidade de Montanhistas e Escaladores, fiquei abalado com a noticia da Morte do extraordinário Escalador Italiano Tito Traversa de apenas 12 anos sobre a qual acabo de receber um link com mais uma das versões técnicas da causa do Acidente.

A informação, aparentemente “Oficial”, dá conta de que ele estava com equipamento adequado mas costuras utilizadas de forma errada, que alguém havia preparado para ele, segundo revelado por várias fontes a fita foi invertida deixando toda carga apenas nas borrachas que servem para aperta-la junto aos mosquetões da costura, ele sentou na cadeirinha e caiu aproximadamente 20 metros fazendo um “zipper”, arrancando as proteções.

Em menos de um ano tivemos três acidentes fatais envolvendo escaladores no Brasil, o que deve ser considerado um numero alto na média dos últimos 100 anos da pratica do Esporte, muito se comentou sobre as tragédias e a Morte de três jovens companheiros mas pouco ou quase nada foi divulgado sobre os fatores que levaram a ocorrência dos fatos.

Comparo então com um Esporte do qual sou adepto e apaixonado, o Parapente, um esporte de Alto risco, mas se considerarmos a relação entre o numero de praticantes, que já passa dos 5.000 no Brasil e o numero de acidentes fatais ocorridos, será notório que este índice está abaixo da média dos casos de morte dos praticantes da Escalada em Rocha no Brasil.

Interessante é saber que quase 100 % das “inconformidades” ocorridas tem origem na falha humana das pessoas envolvidas.

O Vôo Livre é encarado de forma técnica pelos seus praticantes, ninguém voa se não estiver habilitado e frequentado um Curso Básico, os Acidentes e Incidentes são analisados tecnicamente para avaliar suas causas e divulgado para a comunidade de Pilotos, com intuito de se evitar novas tragédias.

Está na hora das Associações, Clubes, Academias e Federações assumirem a análise técnica dos Acidentes e Incidentes que estão ocorrendo nas Academias e Montanhas e Sítios de Escaladas no Brasil, afim de proporcionar melhores condições de segurança aos Montanhistas e Escaladores Esportivos.

Sabemos que normalmente um incidente ou acidente nunca é gerado somente por um motivo, ele é fruto de uma sucessão de erros geralmente imperceptíveis ao praticante que o comete e em alguns casos são notados por culminarem em lesões pequenas ou graves.

A responsabilidade sobre a segurança está na mão do Escalador que vai na ponta e é ele quem deve decidir, analisar e verificar se os equipamentos e procedimentos técnicos de segurança estão corretos, simplesmente porque sobre ele recairá toda a consequência se algo der errado.

O Fato é triste e lamentável e deixa todo mundo abalado, família, amigos e companheiros perdem o chão quando recebem uma noticia ruim destas, mas isto não impede que se façam estudos e análises para que tenhamos laudos técnicos adequados sobre os casos contribuindo com a segurança dos praticantes de Montanhismo e da Escalada Esportiva.

Ficamos aborrecidos quando isto acontece e espero não ter que ler ou divulgar artigos e noticias tão tristes!  

 

Abraços,  

 

Julio Nogueira

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Sobre o autor

Julio Nogueira, Geógrafo, Montanhista, prática suas aventuras na Serra do Mar Paranaense desde 1975. Proprietário do Estacionamento Baitacão do Anhangava, tem se dedicado ao apoio dos Esportes de Aventura em Montanhas e Conservação da Natureza. Atualmente exerce a função de coordenador técnico de Escaladas no Clube Paranaense de Montanhismo na Levitar Escola de Montanha e Guia da Agencia Levitar Turismo que atua em parceria com outras agencias de aventuras locais, nacionais e sul-americanas.

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