por Rodrigo Granzotto Peron
Todas estão empatadas, com 11×8000 cada, e a disputa vem pegando fogo, montanha a montanha. Até bem pouco tempo as declarações eram de que não havia disputa, que estavam lá não para competir, mas sim para superar desafios pessoais. Mas à medida em que a reta final se aproxima, as máscaras começaram a cair, como acontece no Big Brother após algumas
semanas. Gerlinde recentemente disse que seu sonho era ser a primeira a fazer todas as 14. E em entrevista para o website Desnivel, essa semana, Edurne mencionou que “todas gostariam de ser a primeira”. Em outras palavras, é sim uma disputa. E o motivo é óbvio.
Alguém se lembra quem foi o 2º a fazer todos os 7 Cumes? Quem foi a segunda expedição a fazer cume no Annapurna? Quem foi o segundo alpinista a culminar o Cerro Torre? Quem foi a 2ª mulher a fazer o Everest?
O fato é que ninguém se recorda do 2º, 3º, 7º, 9º, apenas o primeiro em cada categoria entra para a história. A primeira a conquistar será lembrada daqui há vinte anos, as demais esquecidas. Além disso, aquela que tiver o selo de campeã estampado no peito vai ganhar fama, prestígio, palestras, patrocínios, convites e bastante retorno financeiro.
Por outro lado, diga-se também que as três mantêm relações cordiais e que a disputa está bem limpa, sem baixarias ou declarações bombásticas. Outras disputas masculinas anteriores geraram bem mais faíscas que essa “até o momento serena” jornada feminina.
E o 12º capítulo dessa saga é o imponente Kangchenjunga, uma montanha tecnicamente difícil, muito poucas vezes culminada (222 vezes apenas, perdendo somente para o Annapurna, que é menos culminado). Até janeiro/2009 apenas duas mulheres obtiveram sucesso por lá, a britânica Ginette Harrison em 1998 e a austríaca Gerlinde Kaltenbrunner, em 2006.
Gerlinde, que também está no páreo com Nives e Edurne, deve ir tentar o Lhotse ou o Shishapangma, mas estará de olho também no resultado do Kangchenjunga…