7 Princípios para usufruir a natureza sem deixar rastros

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Praticar esportes Outdoor é saudável para o corpo e para a mente. Não é segredo que quem tem acesso à natureza tem maior qualidade de vida e é mais feliz. No entanto, o acesso às regiões selvagens exige bastante responsabilidade. Veja abaixo 7 recomendações feitas pelo montanhista e geógrafo Pedro Hauck para que você possa curtir a natureza gerando poucos impactos e preservando a sensação de local intocado para que as próxima pessoas usufruam do local como você.

Poder caminhar livremente por locais de natureza primitiva é quase uma terapia e muita gente tem procurado o convívio com a natureza para ganhar qualidade de vida, melhorar sua saúde e por que não ser mais feliz.
Mas e se todo mundo decidir ir para o mesmo local? Será que a natureza primitiva não irá perder seus encantos? Sou um grande incentivador da vida Outdoor, mas para poder aproveitar é necessário ser responsável.
Abaixo listei 7 princípios que se seguidos permitirão a preservação da natureza original de qualquer local que você frequente, fazendo que o próximo tenha a mesma sensação de liberdade e a mesma experiência de contato com o meio ambiente.
Principio número 1: Planeja e prepare sua viagem com antecipação
Planejar e preparar nossa viagem permitirá que não encontremos grandes surpresas desagradáveis em nossa viagem ou saída, temos que ter em conta os seguintes pontos para evitar efeitos não desejados ao visitar uma região natural e evitar resgates desnecessários:
a) Informar sobre o local que você irá e levar o equipamento adequado.
b) Reduzir o lixo, levando alimentos embalados corretamente.
c) Assegurar que você domina as técnicas necessárias (ter condições físicas, saber interpretar uma trilha, saber como usar uma bússola, GPS, etc).
Principio número 2: Caminhe e acampe sobre superfícies resistentes
O principal impacto nas atividades ao ar livre é o pisoteio e abertura de trilhas. Podemos classificar estas áreas como duas:
a) Áreas de sacrifício. O maior impacto que promovemos no meio natural é aquele um metrinho de trilha que usamos para ter acesso à natureza. Trata-se de um impacto pequeno, porém irremediável, por isso chamamos de área de sacrifício. Para tanto, devemos sempre seguir as trilhas pré-estabelecidas, evitar atalhos e deixar limpa as áreas de acampamento.
b) Áreas prístinas: São as áreas pouco frequentadas e sem trilhas pré-definidas. Nestes locais devemos caminhar em superfícies mais resistentes, como rochas. Devemos também evitar de pisotear as plantas e selecionar muito bem os locais de acampamento e deixa-lo limpo ao retirarmos as barracas. Se possível dê preferência à bivaques.
Principio número 3: Descarte adequadamente os seus resíduos
Tudo o que sobe contigo desce contigo. Nunca deixe lixo para trás. Neste quesito há a polêmica do papel higiênico. Em locais muito frequentados e frios, como altas montanhas, é recomendado levar de volta o papel higiênico usado. Como exemplo usamos um banheiro ecológico nestes ambientes. Em locais tropicais e com solo evoluído, ele pode ser enterrado com uma pá retrátil, afinal papel higiênico é orgânico e cocô é adubo nestes ambientes.
Principio número 4: Não perturbe a vida selvagem
Os locais de natureza primitiva são os habitat de animais selvagens. É preciso tomar cuidado para não afugentá-los, como por exemplo não gritar, não fazer demasiado barulho. Também é importante não alimentá-los e tomar cuidados com seus alimentos. Toda a comida que sobrar deve ser enterrada, de forma a evitar a visita não agradável de outros bichos e também a não proliferação de ratos e claro, cobras que vão gostar deles.
Principio número 5: Minimize o uso de fogueiras
Fogueiras são sempre associadas à acampamentos, mas também à tragédias. É preciso saber fazer fogo de maneira responsável. Primeiramente apenas usando lenha natural e não derrubando árvores, até porque lenha verde é ruim. Depois é preciso fazer fogo longe de locais onde ele possa se espalhar e queimar a vegetação. Após o uso da fogueira, jogue água em cima das brasas e as enterre para que o local não fique sujo.
Fazer fogueira de maneira consciente dá trabalho, por isso é até mais fácil recomendar que não o faça. Prefira sempre usar fogareiros. Com eles vocês irão poupar seus jogos de panelas de camping e ainda evitar dor de cabeça. Uma fogueira mal feita pode levar a destruição total do local que você tanto gosta e isso implica além do impacto, a restrição da sua liberdade em visitar aquele local no futuro. Vide episódios dramáticos que aconteceram na Serra da Mantiqueira.
Principio número 6: Pense também nos outros visitantes
Não se esqueça de que você é apenas um de todos os visitantes. Seja cordial com os outros frequentadores dos locais e também com os donos e a comunidade de entorno, aliás, a falta de educação tem sido um problema recorrente em trilhas e montanhas, por ocasionarem conflitos com os proprietários de terras por onde somos obrigados a passar. Se houver cobrança de acesso, pague e se houver conflitos de acesso não tente resolver individualmente, procure a intermediação de associações de montanhismo da região, para que as soluções sejam para todos. Novamente a boa educação é fundamental neste quesito. Não grite nas trilhas, não faça barulho excessivo, não ouça música alta, não deixe resíduos.
Principio número 7: Deixe tudo igual ao que encontrou
Se você gostou da sua experiência, por que não proporcionar a mesma para o próximo? Este é o sentido deste principio. Não altere o ambiente, deixe como o encontrou ou como gostaria de encontrar. Não altere o estado das plantas, da vida silvestre, das rochas, dos artefatos arqueológicos. Na natureza deixe apenas pegadas e leve apenas fotos.
Conclusão:
Seguir estes 7 princípios tão simples e básicos é fundamental para a manutenção da natureza primitiva. Muitos destes deles devem ser levados para a nossa vida pessoal na cidade, pois são regras também de civilidade. Não é necessário ser um ecoxiita para respeitar a natureza, aliás, a experiência mostra que a repreensão pode levar ao efeito contrário e ao invés de aumentarmos a consciência, aumentamos apenas o repúdio. O acesso ao meio natural é um direito, no entanto isso requer muita responsabilidade. Afinal, é nossa liberdade que está em jogo.
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Sobre o autor

Pedro Hauck natural de Itatiba-SP, desde 2007 vive em Curitiba-PR onde se tornou um ilustre conhecido. É formado em Geografia pela Unesp Rio Claro, possui mestrado em Geografia Física pela UFPR. Atualmente é sócio da Loja AltaMontanha, uma das mais conhecidas lojas especializadas em montanhismo no Brasil. É sócio da Soul Outdoor, agência especializada em ascensão em montanhas, trekking e cursos na área de montanhismo. Ele também é guia de montanha profissional e instrutor de escalada pela AGUIPERJ, única associação de guias de escalada profissional do Brasil. Ao longo de mais de 25 anos dedicados ao montanhismo, já escalou mais 140 montanhas com mais de 4 mil metros, destas, mais da metade com 6 mil metros e um 8 mil do Himalaia. Siga ele no Instagram @pehauck

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