Como funciona? A pessoa procura pelo tal “guia”, e acerta com antecedência a viagem do carregador ao cume ou um abrigo intermediário do PP, deixando suas barracas para que este carregue e as deixem montadas, aguardando a chegada de seus donos no outro dia.
Questionei o “guia”. Pelo raciocínio dele já imagina a resposta. Como ele não é montanhista, não consegue entender e nem muito menos formalizar uma opinião decente sobre a montanha. Ele imagina que o ambiente de montanha é para ser desfrutado por todos, montanhistas ou não, e que, da mesma forma que um comércio qualquer, deve levar a melhor quem pagar mais.
É a mediocrização definitiva deste impreciso esporte. Um “não montanhista” vendendo o seu parco conhecimento do esporte para “não montanhistas”, guiando-os às montanhas.
E a justificativa empregada, é que nas mais altas montanhas da terra isso ocorre. Que no Aconcágua se aluga a barraca montada, com cama, mesa e banho, e a pessoa ainda pode cruzar boa parte do trajeto sentado sobre os lombos das confortáveis mulas de carga. Que no Everest…
Pois é bem este o ponto a chegar. O montanhismo está deixando seu caráter esportivo e tornando-se totalmente turístico. Hotéis e estradas surgem nas bases e cada vez mais o ser humano exerce seu poder sobre a natureza ríspida e fadigosa das montanhas.
Facilidades são implantadas dia após dia. Cordas fixas são colocadas do início ao fim das mais altas montanhas do mundo. No Brasil correntes e escadas retiram o pouco da aventura que um trekking pelas montanhas poderia proporcionar.
E logo, quando as montanhas estiverem sujas e poluídas, com suas encostas rodeadas por casas, hotéis e estradas, quando tudo de bom estiver enfim acabado, estas pessoas simplesmente deixarão de freqüentar estes ambientes “perigosos”.
Diálogo, parte 2.
Por mais que se tente instruir o ser humano a poupar o máximo possível a degradação dos ambientes montanhosos, mais parece que aquilo pouco importa para ele.
No último sábado, próximo ao cume do Anhangava, me deparo com um ser humano portando um Pit Bull na coleira. Ao cumprimentar o rapaz, apenas informei que a presença dos animais domésticos nestes ambientes pode trazer riscos à fauna do local, pois pode transmitir doenças.
Besteira minha.
Fui verbalmente agredido e por pouco o cidadão não soltou o cão para me atacar.
Fica aí o registro fotográfico…