Além de um belíssimo lugar que atrai turistas, a Pedra do Cruzeiro é um local sagrado para os fiéis que sobem a montanha para pagar promessas, fazer pedidos (principalmente chuva em tempos de seca), agradecer graças alcançadas ou somente a passeio.
Em 1983 foi começada a construção da escadaria até o topo da pedra, que levaria 4 anos para ficar pronta. A escadaria foi construída pela comunidade local com grande ajuda das comunidades vizinhas. Do começo da pedra até uma gruta que fica mais ou menos na metade do caminho foram feitos degraus de pedra colados com cimento, assim foram feitos 1500 degraus. Este trajeto fica no meio da mata.
A partir da gruta a construção se tornou mais difícil pois a subida se tornou mais íngreme, agora já fora da mata foi preciso usar varões de taipa e até andaimes em determinados lugares, assim foram construídos 666 degraus totalizando 2166 degraus que formam a grandiosa escadaria que foi inaugurada em 1987.
Como em toda véspera de feriado nossa mente começa a fritar voltando as atenções para qual escalada vai rolar… Nós (Baldin, Alex Zaché e Fred) optamos em iniciar o feriado de Corpus Christi escalando uma via tradicional no interior do ES, e rumamos para o município de Marilândia, à 130 km de Vitória.
Ao amanhecer da quinta-feira, depois de uma noite gélida em um terreiro de café, subimos pela escadaria que leva até a base da via Dilúvio 5º VI A1 D2 E3, que segue bem pela parte central da parede. Foi conquistada em 2003 e só havia recebido duas repetições até então.
Das oito enfiadas, a primeira é a que seria a mais técnica (difícil). Já a segunda segue toda em artificial em parafusos de inox, todos em perfeito estado. Depois a via vai mesclando trechos de escalada em livre em uma rocha de ótima aderência, com algumas passadas em artificial sempre em parafusos – alguns destes trechos é possível passar em livre (MEPA – Máxima Eliminação de Pontos de Apoio).
Nas enfiadas finais as proteções estão mais espaçadas, exigindo mais cautela. Depois que se finaliza a 8ª e ultima enfiada, é só sair caminhando reto pela vegetação e com 200 metros de subida íngreme chega-se ao topo da Pedra do Cruzeiro. Outra opção é caminhar para direita cerca de 300 metros até a escadaria e terminar a subida por ela.
O livro de cume esta em uma marmita debaixo de uma proteção de pedra, 3 metros acima da parada. Leve sacola plástica para protegê-la.
A tarde a parede fica toda na sombra, o que possibilita uma cordada (rápida) fazer a via somente neste período.
A via Dilúvio tem cerca de 400 metros e compreende em uma escalada bem legal e que merece ter muito mais repetições – fomos a terceira repetição nestes 5 anos.
O material necessário são dez costuras (algumas longas), estribos e dois nuts de cabo laçar os parafusos.
Leve o tênis na mochila parede acima… não faça como nós, que descemos mais de 1500 degraus descalços…
Baldin é escalador no Espirito Santo e mantém o Blog do Baldin.