Fatalidade?

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Amigos e familiares da vítima afirmam que o acidente ocorrido sexta-feira no Rio foi uma fatalidade. Será mesmo?

Apesar das vítimas relatarem que o acidente possa ter sido uma fatalidade, particularmente entendo que fatalidades ocorrem quando eventos externos à escalada possam influir no resultado acidente, como a chuva ou o rompimento de algum dos equipamentos de segurança como a corda ou um grampo.

Contudo, não foi isto que ocorreu.

Por todas as evidências apresentadas, tenho a convicção de que ocorreu um erro humano gerador da tragédia. Porém, este acidente fatal na escalada, segundo em menos de três meses, demonstra que muitos escaladores e guias não estão atentos as técnicas mínimas, tanto em nível de segurança, como as fundamentais deste esporte.

Tais técnicas devem ser ensinadas em um bom curso de escalada e de preferência, sob a supervisão de um clube, para que a ganância não se sobreponha jamais a excelência.

O iniciante neste esporte é leigo em muitos destes aspectos e não raro demorava diversos meses e escaladas para aplicá-las corretamente.

Para se ter idéia, numa conversa com um amigo, este me contava das barbáries que seu parceiro fez durante uma tarde de escaladas no Anhangava. Os erros eram muitos, desde a passada das costuras pelas chapeletas, e até no momento dele prestar a segurança ao parceiro, no final da via.

Erros acontecem, principalmente junto aos iniciantes no esporte. Porém desta feita, os escaladores estavam acompanhado dos próprios guias (ou seriam os instrutores?). Estes têm o dever de diagnosticar e corrigir os erros, não só pela experiência, mas também pelo motivo a que estavam escalando naquela tarde: Garantir a segurança de seus “guiados”.

Falar em fatalidade, sob tais fatos, é no mínimo obscurecer as causas do acidente e tentativa em reduzir a culpa dos responsáveis.

Guias de Montanha

A figura do guia de escalada (ou de montanhismo) merece um parágrafo à parte.

Regularmente, vejo pessoas não capacitadas sugerindo-se como guia de montanhismo e cobrando valores para “levar” o cliente a uma caminhada ou escalada. Tais guias não possuem a mínima qualificação, e muitos não sabem nem ao menos o que fazer no caso de um acidente.

Vejo pessoas procurando guias pelo Orkut!

Pergunto-me: Será que estes indivíduos acreditam que encontrarão algo que preste lá?

Antes de contratar um guia ou um instrutor de escalada, prefira conhecer um clube de montanhismo. Eleja por conhecer o que estes “guias” já fizeram neste esporte e qual a sua qualificação perante os próprios montanhistas.

E não se assuste se a reputação do seu provável “guia” seja a pior possível junto aos montanhistas.

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Sobre o autor

Hilton Benke é um dos idealizadores do AltaMontanha.com. Dono de uma personalidade muito forte, é hoje praticante assíduo do voo livre, principalmente da modalidade "hike and fly", que une o voo com o montanhismo. Como montanhista e escalador, gastou seu tempo galgando montanhas brasileiras e andinas, além de ter prestado alguns serviços como instrutor de escalada junto ao CPM. Deixá-lo feliz é fácil: só marcar um bom pernoite em um cume da Serra do Mar Paranaense, com um bom menu para o jantar e uma condição de tempo boa para que possa decolar com seu parapente dia seguinte e realizar uma das muitas travessias sobre a Serra do Mar.

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