Caminho do Itupava

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Tudo começou em meados de junho de 2007, quando ficamos sabendo da existência do Pico Paraná e da fazenda. Começou assim o plano para fazer uma visita a região.


Por Danilo Dassi

Em setembro houve aquele incidente terrível na fazenda… O fogo tomou conta do Morro Getúlio e parte do Caratuva. Felizmente, com ajuda de muitos voluntários, o fogo foi contido. Assim pudemos continuar nossos planos. Como somos do Norte do Paraná, queríamos aproveitar tudo, ou quase, que a serrinha paranaense poderia nos dar.

Montado o cronograma:
Fase 1: Fazenda Pico Paraná (Caratuva, Itapiroca e Pico Paraná),
Fase 2: Caminho do Itupava,
Fase 3: Conjunto Marumbi,
Fase 4: Um merecido descanso na Ilha do Mel,

E assim fomos, partimos dia 04 de janeiro de 2008. Nesse espaço, vou contar apenas sobre o ITUPAVA, futuramente relato o restante da “presepada”.

Para chegar ao início do caminho (partindo de Curitiba) é simples: Ônibus de Curitiba até Quatro Barras – PR, no terminal de Quatro Barras, aguarde por uma “circular” até o bairro de Borda do Campo. Você pode aguardar tomando um ótimo “pingado” e comendo excelentes salgados na lanchonete do terminal. Não sei se são realmente bons ou a fome causada pelos dias a base de miojo no Pico mudaram o gosto dos lanches…

Dentro do “busão”, vá se preparando… Filtro solar, bermuda, camiseta, repelente, calça comprida, blusa, capa de chuva e mochila nas costas. O clima ali muda a cada 5 segundos! Aguarde até o ponto final. Normalmente o ônibus fica estacionado lá no final. Nós ficamos aporrinhando o motorista a cada ponto: “Esse é o final?” – “Agora é esse?” – Não sei como ele não jogou a gente pra fora…

Descendo no último ponto, inicie uma cansativa caminhada de 100 m até o início da trilha, que é marcada por amistosos trabalhadores do IAP e seu “trailer”. Não confie muito no papo dos estagiários dentro do trailer, prefira obter informações do “anciões” que por ali ficam, com seus chapéus de palha, óculos tipo Ray-Ban e facão de 1 metro.

Pegamos um maldito mapa ali com o pessoal do IAP e fizemos nossos cadastros . Vocês vão saber o motivo do “maldito” em breve. Ali você tem informações de quase tudo, principais pontos, distâncias (em número, ignore os desenhos no mapa e eventuais distâncias escalares (MALDITO MAPA!!!!)).

== INFORMAÇÕES DO MAPA ==
Caminho completo: 16.4km
Nível de dificuldade: Fácil
Obs: Evite dias chuvosos. (O sol tava de rachar mamona)

O início da trilha é bem tranqüilo. Quase sempre descida ou plano, caminho bem largo, quase sempre sem vegetação resvalando nos pés. Com um pouco de caminhada, começa a subida com o Pão de Loth a frente. Chão de terra, poeiras nos olhos e sol nas costas… Vamo que vamo!

Depois de passar o Pão de Loth, começa a descida da serra, aonde tem a Pedra do Descanso e uma pequena gruta com água gelada e fresca. Pegue água caso não tenha levado. Até então, sol fortíssimo e calor terrível. Um pouco mais a frente começa realmente o ITUPAVA (caminho de pedra). Muito cuidado nesse calçamento, se o dia estiver úmido e/ou chuvoso, tombos serão constantes (eu que o diga).

Logo estávamos na CASA DO IPIRANGA, com sua arquitetura colonial e pichações neo-coloniais. Um terrível descaso… Muito triste ver o estado que a mesma se encontra. Os trilhos estavam em reforma, então tinha um pessoal lá “acampado”. Conversamos com um senhor muito gente boa, que até passou um cafezinho e estava preparando um pão. Deixamos nossas “pequenas” mochilas com ele e fomos até a pequena hidroelétrica desativada, com sua roda d´água (ou o que sobrou dela) e cachoeiras. Para chegar lá, pegue à direita nos trilhos na Casa do Ipiranga e siga por 300 metros.

“Entre a Casa do Ipiranga e a descida do Cadeado o caminho é bem tranqüilo e reserva poucas surpresas.” É isso que dizia em uma folha que levamos impressa. Caminho TRANQÜILO???

A chuva nos deu uma sensação diferenciada… Cargueira de 15 kg nas costas e pedregulhos molhados abaixo dos pés. Combinação maravilhosa, que gerou gargalhadas constantes. Até que… “Galera, era pra gente já ter chegado na NS. do Cadeado, segundo a “escala” do mapa!”. Anda, anda, anda e naaaada de encontra essa NS. Já tinha gente fazendo promessa!!!

O tempo estava feio, quase não se via raios solares, então já começa a escurecer. Geral com fome, muita fome. As barrinhas de cereais já tinham se acabado e o que restara? Um saco de uvas passas! Nunca me deliciei TANTO com uvas passas!!!!
Nessa hora que paramos para o “jantar”, meu joelho me matava. Dor terrível que vinha aumentando a cada passo.

Mas vamos voltar à caminhada. Lindos caminhos forrados de flores, árvores incrivelmente altas e quando a chuva dava brechas, borboletas e pássaros ensaiavam alguns vôos.

“Do alto do morro o caminho se precipita em inclinados e escorregadios zig-zags, onde é quase impossível não escorregar, até a famosa passagem do Cadeado aberta à pólvora pela expedição do Tenente Coronel Sampayo, quando se mudou em definitivo a trajetória do caminho. A seguir aparece uma escadaria de ferro, os trilhos da ferrovia e o Santuário de N. S. do Cadeado.”

Poucos minutos de caminhada e lá estava a NS do Cadeado! O que antecede a mesma é uma “escada” que deve ter sido projetada para anões. Do corrimão ao degrau deve ter uns 30 cm.

Chegada na NS. do Cadeado. Uns pagando promessa, outros devorando meio quilo de paçoquinha. Nunca vi meio quilo de paçoca sumir em menos de 2 minutos. A vista dali é incrível. O santuário fica num “platô”, no meio da serra. Abaixo todo o resto do caminho, conjunto Marumbi e ao fundo já da pra ver o mar. Não ficamos mais de 10 minutos por ali. A chuva voltou a cair e quase não havia mais sol. Era 19hs e tinha muito chão até o “Marumba”.

O resto da trilha foi rápido. Passando por pontes que lembram a Golden Gate em menor escala, muito divertidas por sinal.
Até a última escada, onde derruba o peão cansado com seus degraus desnivelados.

Agora outra dúvida:
Esquerda = Centro de visitação
Direita = Marumbi

“Pela escala do MAPA, o Centro tá mais próximo. Estamos com frio, cansados, vamos pra lá e depois vemos o que fazer”

Perto é uma pinóia!!!!! Caminhamos uns 30 minutos embaixo de uma chuva gelaaaada! O chão de cascalho continua a derrubar o pessoal. Até que, mais uma vez o IAP aparece. KIKO era o nome do anjo que veio nos resgatar. Ele era o “gerente” do Marumbi e estava indo para PORTO DE CIMA levar uma carga de extintores. Pegamos carona com ele. Chegamos à CENTRAL DE VISITAÇÃO, demos baixa nos nossos nomes e seguimos pra cidade.

Depois voltamos ao MARUMBI, mas ai já é outra história. Infelizmente não tenho uma boa memória para contar detalhes sobre a trilha. Estava com uma dor terrível no joelho o que me fez não prestar muita atenção.

No geral a trilha é muito boa, tranqüila e segura. Em dias de sol né, porque na chuva muda tudo!

Vale a pena conferir!

Leia mais sobre o Caminho do Itupava.

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