Huayna Potosí é uma montanha de 6088 metros que se localiza na Cordilheira Real, próxima à capital, La Paz, e apesar de ser bastante frequentada pela rota normal da face leste, apresenta muitos desafios tecnicamente em outras rotas.
A face oeste desta montanha é uma das faces mais impressionantes na Bolívia com os seus 1000 metros verticais. As rotas nesta face normalmente não costumam ser muito frequentadas. É uma escalada em gelo e neve, que normalmente é realizada pela chamada American Route ou Via de Lyon, com inclinação de 65 graus, e que tem um nível de dificuldade D- (que significa escalada difícil pela graduação francesa), sendo a rota mais fácil desta face da montanha.
A Via del Lyon ou American Route, foi realizada pela primeira vez em 1970 por 4 americanos que precisaram de 2 dias na parede.
Neste lado da montanha, dependendo das condições de neve e gelo, bem como da cordada, a escalada pode levar algo em torno de 4 a 24 horas (quando a aclimatação da equipe é ótima e as condições de neve e gelo são excelentes), ou em até mesmo 40 horas, quando as condições não são tão propícias.
O percurso inicia-se num campo de bivaque sobre o glaciar, logo abaixo dos impressionantes 1000m da face oeste. No início da escalada pela rota americana, o ângulo é fácil, conforme relatos dos montanhistas suecos Michael Wahlin e Olof Dallner, que a escalaram em 2001, mas vai se tornando então mais acentuado. Existem passagens por pequenas crevasses e um enorme bergschrund. No final ainda existe uma imensa cornija que precisa ser contornada.
Um dos problemas enfrentados pelos escaladores nesta rota, além do glaciar suspenso, são as condições de neve que podem piorar mais acima e pode se tornar impossível colocar qualquer proteção razoável, fazendo-se necessário escalar por trechos sem proteção, com profunda neve solta, e talvez tendo que sair da rota eventualmente. A descida se faz pela rota normal da face leste.
Davi Marski, de Campinas-SP, embarca neste sábado, 5 de julho para a Bolívia onde irá se aclimatar e depois pretende escalar uma das paredes mais difíceis dos Andes, a face Oeste do Huayna Potosi. É a quarta tentativa dele nesta difícil rota, e estaremos torcendo por aqui para que tudo corra bem e que seja concluída esta bela escalada.
Desde 1992 que Davi vem realizando importantes tentativas e ascenções na cordilheira dos andes, abaixo um breve histórico:
1992 – Alpamayo, Tupungato – tentativa pela rota normal , / , Peru , (Davi marski)
1992 – Illimani – via normal / Bolívia e Chacaltaya Face Sul / Bolívia , (Davi marski)
1992 – Deserto do Atacama – Trekking no norte do Chile e Travessia do Antofagasta (Davi Marski e Odilon Skoniesky)
1992 – Aconcágua – Trekking ao Base Camp / Argentina , (invernal, teve congelamento das extremidades de ambos os pés. Sofreu internação em hospital.)
1995/1996 – Aconcágua – rota normal (noroeste) / Argentina e face Sul pela Rota Francesa / Argentina (variante Messner) , (Davi Marski, Karl e Kurt Hans)
1996 – Mont Blanc – via Tête-Route, a partir de Saint Gervais , / França , (Davi Marski)
1996 – Matterhörn – variação da via normal (Rota do Hornli), finalização (ultimos 150 ou 200 metros) pela face norte e ainda as montanhas Naddelhörn e Obbelhörn
1996 – Monte Rosa – tentativa pela rota normal , / Itália , (Davi Marski)
1998 – Pequeño Alpamayo – tentativa pela rota normal , /Bolívia (durante o 1º Curso de Escalada Alpina) , (Davi Marski e Luis Henrique dos Santos)
1998 – Illimani – tentativa pela rota normal , / Bolívia , (Davi Marski e Luis Henrique dos Santos)
2000 – Aconcágua – tentativa pela rota normal , / Face Noroeste (normal) / Argentina. Chegaram até Nido de Condores. , (Cintia Marski, Davi Marski e Anderson Florêncio)
2002 – Pequeño Alpamayo e Tarija, Pequeña Illusion, Austria (durante o 2º Curso de Escalada Alpina) , , (Cíntia Marski, Thiago Fernandes, Jamil Said, Davi Marski)
2003 – Bariloche/ (Patagônia Norte) Vallecitos, Tronador, Ventisqueiro Negro, “el” Frey, Cerro Lopez, e outros (Cíntia Marski, Davi Marski, Luis Antonio Benedito e Sílvia Íscaro)
2004 – Bolívia – Tarija, Austria (durante o 3º Curso de Escalada Alpina), tentativa do Pequeño Alpamayo. (Thiago Fernandes, Armando Machado Gonçalves, Davi Marski)
2004 – Huyana Potosi – (tentativa pela Rota Normal) (Thiago Fernandes, Armando Machado Gonçalves, Davi Marski)
2006 – Tronador e escaladas no Frey (Patagônia Norte) Tentativa de escalada do cume Argentino no Cerro Tronador, diversas escaladas em rocha no vale do Frey. (Thiago Fernandes, Flávio Bannwart e Davi Marski).
2007 – Bolívia – Tarija, Pequeno Alpamayo (durante o 4º Curso de Escalada Alpina), tentativa do Huyana Potosi (Thiago Fernandes, Rafael Ribeiro do Silva, Aldemar Araújo e Davi Marski)
Site pessoal de Davi Marski: www.marski.org
Por Beto Joly