Em tempos
de olimpíadas, com muitas quebras de recordes, e vendo alguns medalhões serem
eliminados inexplicavelmente, e outros e consagrarem, fica sempre o gostinho de como é bom ver uma
olimpíada. Quem for mais atento vai aprender muito observando tudo que roda à
sua volta. A melhor parte talvez seja a diversidade de esportes transmitidos, e
que não são necessariamente o futebol.
Não tenho
nada contra futebol. Não tenho vergonha de admitir que acompanho as notícias,
jogos e fofocas a respeito do meu time do coração. Aprendi isso com meu pai, e
muito provavelmente ensinarei ao meu filho a mesma paixão. Porém com o meu pai
aprendi também a importância de se ter disciplina e dedicação no esporte. Seja no futebol, seja acompanhando as olimpíadas
é fácil aprender esta lição.
Infelizmente
alguns atletas tão falados, e alardeados pela mídia (leia-se rede globo)
comumente decepcionam a expectativa da emissora. Dentro do esporte (e da
escalada esportiva) uma pequena fração de segundo de distração pode custar
muito caro para o desempenho. O preparo psicológico, a determinação, e a
confiança têm de estar todos alinhados para que tudo dê certo. Este alinhamento
só se consegue com muito treinamento e dedicação. Neste ponto, a escalada é muito
ingrata para quem está impossibilitado de se dedicar á ela. Já escrevi na
minha primeira coluna que escalar é difícil, e expliquei os porquês desta
constatação. A distância entre um praticante esporádico e um iniciante é
assombrosa. Somente com a devida dedicação e determinação consegue visualizar
os seus resultados. Sair da zona de conforto na escalada também é difícil, já
que o fator medo sempre atrapalha.
No mês
passado saiu uma reportagem em uma revista de atividades Outdoor, e poucos a
leram com atenção. Cerca de 30 minutos hoje no trabalho me perguntaram se tinha
dopping no nadador, já que ele está sobrando nas piscinas. No caso aqui
sobrando é quase um eufemismo. Acredito piamente que o nadador está colhendo os
resultados por sua dedicação ao esporte. Na mesma reportagem fala de que quando
perdeu para um outro nadador no passado, colocou uma foto do nadador no seu
criado mudo para que sempre visse o rosto do adversário e já acordado motivado.
Obviamente fiz o mesmo, colocando fotos de uma via a qual queria muito
encadenar, e deu certo também.
Obviamente houve um planejamento de toda a sua preparação, metas, objetivos, controles e conversas para saber se o treinamento estava real ou absurdo. Na escalada o planejamento com o seu técnico de escalada também é importante, para se saber focar em técnica e etc. Treinar para fazer social(ou politicagem) em academia é sintoma ruim.
Na minha
opinião não há dopping(posso me enganar com certeza), mas ninguém ganha 11
medalhas em 2 olimpíadas à toa. Tanto para o atleta como para a equipe e quanto
para a federação. O mesmo ocorre com o escalador brasileiro Felipe Camargo, o
pikuira, que se tornou o primeiro escalador brasileiro a encadenar não um, mas
sim DOIS 11ª. Feito que já o deixa como o melhor escalador do Brasil na
atualidade. Conversando com qualquer escalador que convive com ele, ninguém
esconde o assombro do quão disciplinado e determinado o garoto é. Mesmo não
tendo muitos patrocínos, mesmo morando em um local longe de grandes
paparicações esportivas, mesmo sendo mais novo e menos experiente que outros
escaladores já consagrados. Idem para o ecalador César Grosso, o Cesinha, que
tem disciplina e treinos todos programados. Treinos estes que inclui nutrição (feita
por ele mesmo, que é nutricionista), corrida (Cesinha chegou até a participar na
maratona de São Paulo, e terminou com relativo destaque).
Quando dou
segurança, ou troco idéias com alguém que está começando a escalar vejo o
quanto a pessoa irá longe no esporte. Se mesmo no início a demonstração de
preguiça, de falta de coragem em entrentar pequenos sacrifícios ( como usar uma
sapatilha apartada) já penso que a pessoa não voltará. Afirmo que ao escalar,
você não será jogado para uma arena de gladiadores, e que perderá a vida se não
vencer uma competição ou não encadenar a via, mas ficar com má vontade com você
mesmo, melhor pensar em outro esporte.
Não é
necessário estar encadenando tudo(filosofia de quem vive a escalada de competição),
mas é necessário que tenha preparo para sair do chão e não ficar pendurado à
toa à espera de bombeiros. Olhe os atletas olímpicos, e medite se eles chegaram
até lá desperdiçando o seu tempo ficando reclamando de desconfortos. A sensação
e tolerância à dor são comuns em qualquer esporte. Mas se não treinar, não
haverá maneira de poder curtir o mínimo do esporte de escalada.