A tentativa de resgate em Alta Montanha

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Todos nós assistimos e ficamos chocados com o vídeo da tentativa de resgate que ocorreu no Aconcagua em janeiro. Mas nós compreendemos as cenas que assistimos?

Vejo grande parte dos montanhistas massacrando os voluntários (sim, são seis voluntários naquele vídeo) que participaram da tentativa de resgate ao guia argentino Federico Campanini e me assusto um pouco com isso.

Primeiramente porque nós montanhistas deveríamos saber (ou pelo menos suspeitar) das dificuldades encontradas por aqueles homens naquela altitude. Além disso, sabemos que nem no Brasil como na Argentina, nosso esporte não é e nunca foi levado a sério e tudo o que o governo e as pessoas que cruzam com os montanhistas e as montanhas fazem é arrecadar sobre nós.

Não há investimento algum em nosso esporte, e por isso não havia uma maca para o pessoal do resgate. Aliás, não havia nada! Se existia uma corda, uma barraca ou um fogareiro, era porque alguém se sujeitou a levar seu próprio equipamento, além, obviamente, de arriscar sua própria vida para ao menos tentar salvar a de outra pessoa.

Vejo muitos companheiros montanhistas criticando uma tentativa de resgate que já durava quatro dias em um vídeo de 2 minutos!

Esquecem-se meus amigos, que aquelas pessoas são seres humanos também. Sentem frio, sede e cansaço como qualquer um de nós, e permanecer acima dos 6 mil metros de altitude por tão longo tempo, sem aclimatação prévia e numa condição como vimos nas imagens, debilita a saúde de qualquer um, inclusive daqueles voluntários!

Vejo criticarem até a forma como tentaram trazer o alpinista, quando sujeitaram amarrar uma corda em sua cintura para puxá-lo acima, alguns, inclusive sugestionando que deveria ser feito uma maca com as cordas e blábláblá..

Amigos, para que aqueles bravos homens conseguissem fazer uma maca, eles teriam que tirar suas luvas para realizarem trabalhos minuciosos a 6700 metros de altitude, sob forte tempestade, white out, ventos fortes e temperaturas abaixo dos 30 graus negativos! Se algum deles tivesse tentado isso, seria apenas mais um a ser resgatado, além de perder alguns dedos…

Alguns falam, sentados em suas confortáveis cadeiras e sob o vento refrescante do ar condicionado, que jamais abandonariam o montanhista necessitado lá em cima… Ora… Que falácia. Será que acreditam realmente nisso?

E o pior de tudo são os depoimentos daqueles que nem montanhistas são. Mas estes nem merecem comentários…

Nunca se esqueçam, caros leitores, dos riscos que o montanhismo possui. E toda a vez que dirigirem-se a uma montanha, lembrem a todos seus familiares que vai por decisão própria e se possível, peça a seus parentes que não tentem responsabilizar aqueles que se arriscaram para tentar salvar sua vida.

Contudo, se realmente é preciso encontrar um culpado para a tragédia que ocorreu, que seja o governo argentino, que cobra caro para possibilitar acesso àquela montanha, mas não reinveste praticamente nada para a segurança dos que vão escalá-la. Os abrigos de altitude estão abandonados há anos e não há nem ao menos um corpo oficial de resgate por lá!

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A los padres de Federico Campanini

Lo siento por la pierda de su estimado hijo, pero culpar a los que corrían el riesgo de su propia piel para tratar de salvarlo no es correcto. Espero que revisen sus declaraciones …
 

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Sobre o autor

Hilton Benke é um dos idealizadores do AltaMontanha.com. Dono de uma personalidade muito forte, é hoje praticante assíduo do voo livre, principalmente da modalidade "hike and fly", que une o voo com o montanhismo. Como montanhista e escalador, gastou seu tempo galgando montanhas brasileiras e andinas, além de ter prestado alguns serviços como instrutor de escalada junto ao CPM. Deixá-lo feliz é fácil: só marcar um bom pernoite em um cume da Serra do Mar Paranaense, com um bom menu para o jantar e uma condição de tempo boa para que possa decolar com seu parapente dia seguinte e realizar uma das muitas travessias sobre a Serra do Mar.

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