Um dos fundadores da Associação Argentina de Guias de Montanha (AAGM), Mario González, disse que o parque Aconcagua não tem um plano de manejo integral. Isto, entre outras coisas, não permite realizar resgates adequados. Ainda, recriminou a falta de equipamento, o mal gasto do dinheiro que ingressa no Parque e a falta de assessoramento do secretário do Meio Ambiente.
González, que fundou há 25 anos a AAGM e atualmente lidera o processo de formação da Associação Argentina de Guias Profissionais de Montanha, disse que apesar de que a lei o mencione, não existe no parque do Sentinela de Pedra um plano de manejo integral, assim como muito menos uma comissão de assessoramento.
A lei provincial 1034/89, que entrou em vigência em 1986 manifesta que devia se formar uma comissão assessora permanente e um plano de manejo integral. Esta norma, sancionada há quase 23 anos, ainda não é cumprida nesse aspecto.
Essa falha desencadeia em uma série de outras falhas, como é o caso da falta de organização para salvar alguém que teve algum problema na ascensão da montanha, disse González.
O Parque depende da Diretoria de Recursos Renováveis, que está sob a jurisdição da Secretaria de Ambiente, a cargo de Guillermo Carmona. Creio que Carmona está mal assessorado quanto às reais necessidades do Parque, advertiu González, porque ao meu entender lhe mentem e não informam o que necessariamente faz falta.
São muitas as coisas que fazem falta no Aconcagua, a critério de González. Podem ser enumeradas, por exemplo: um telefone via satélite em Plaza de Mulas (já que atualmente se comunicam por rádio, os quais se congelam com as baixas temperaturas), macas de alumínio autodeslizáveis e gente preparada para que se forme a patrulha de resgate. Isto se deve porque não há nenhuma escola de resgate de alta tecnologia, criticou o fundador da AAGM. Além disso, Berlin se encontra em más condições e Independência está destruído, completou.
González se reuniu com outras associações de guias, a pedido dos prestadores de serviço do Parque. Nos solicitam que façamos uma avaliação do rascunho de um plano de manejo que elaboraram a 4 anos, porém em 15 dias não é possível, afirmou González.
Além disso, o guia disse que o plano que devem avaliar não detalha o modo de atuar no caso de um resgate, questão que é de extrema urgência, completou o andinista.
Apesar de que desde abril de 2008 a AAGM venha reclamando sobre estas falhas (a princípio com uma carta para a Diretoria de Recursos Renováveis e depois com uma série de denúncias na Fiscalização do Estado), a reunião aconteceu recentemente, neste fim de semana.
Finalmente, outra crítica de González foi o uso dos helicópteros: Gastam $1.500.000 por temporada neles, mas não dizem que os usam para descer os guarda parques dos refúgios e para voltar a subir depois.
O vídeo de Campanini
Por não existir um plano de manejo integral no Parque, a forma de atuar em casos de resgates é fortuita. Neste caso, houve um mal manejo da informação, disse González.
Para o fundador da AAGM, isto significou que não havia uma pessoa encarregada da operação e que se tomaram decisões irresponsáveis, sem a adequada assessoria.
Foi uma somatória de erros. Um exemplo disto foi a atuação do ex-chefe da patrulha de resgate, Armando Párraga, que deu ordens na operação, apesar de estar de licença, disse González.
Segundo González, a filmagem que mostra os últimos minutos de vida do guia mendocino Federico Campanini, que faleceu no Aconcagua em 8 de janeiro, foi o que levou a acelerar a implementação de um plano integral.
Segundo o andinista consultado, se não fosse pela divulgação desse vídeo, a morte de Campanini tivesse passado despercebida, como uma morte a mais no Aconcagua. Em troca, assim deixou em evidência a necessidade de aplicar um plano de manejo, uma comissão de assessoramento e de incorporar novos equipamentos ao Parque.
da Reportagem de Ana María Saldaña para o Diario Ciudadano – Mendoza