Conhecido como Pedra Vermelha, o novo setor tem uma bela parede negativa, o que possibilita vias secas até mesmo debaixo de chuva forte. Foi pensando nisso que nós resolvemos ir explorar o lugar.
A equipe de conquista foi formada por 4 pessoas: eu, Daniel, Rodrigo e Pepê. , Desses, somento o Pepê tem experiência (e grande experiência) em conquistar vias, e o único que tem todo o equipo. Resumindo, fomos lá pra aprender como fazer o negócio.
Como sempre o bonde saiu da casa do Daniel e foi pegando a galera no caminho. Parada estratégica na padaria de Redenção e rumo à pedra. Entramos pela mesma trilha que leva ao setor 1 do Assombrado e mais na frente, quando a trilha chega em várias mangueiras, pegamos pra esquerda, e seguimos contornando as plantações. A pedra já é bem visível.
Em 15 minutos estamos na base da pedra, debaixo daquele negativo enorme. Lá vimos algumas chapas de um projeto antigo, do tempo que chegar nessa pedra era bem mais difícil.
Avaliamos o lugar um pouco, vendo as possibilidades de vias. A pedra, granito assim como o Assombrado, se estende por uns 60 metros, com o trecho em negativo chegando a uns 12 metros de altura pra depois entrar em uma parte que varia do vertical ao um leve negativo.
O lugar tem muito potencial, e com certeza vai abrigar as vias mais forte do estado muito em breve (vale dizer que a via mais forte com grau confirmado do Ceará é um 8b).
Depois de algum tempo analisando, escolhemos a linha a ser aberta, à direita do projeto existente, e começamos os trabalhos. Rodrigo foi o primeiro a se equipar pra enfrentar a pedra. Subiu num pequeno platô, levou certo tempo pra achar uma posição confortável, e mandou o primeiro furo. Primeira chapa da nova via.
Ele prosseguiu pra tentar fazer o segundo furo, mas estava difícil avançar em livre com tanta tralha. Ele acabou desistindo e passou a bola pro Daniel. Era a primeira vez dele numa conquista. Tanto eu quanto o Rodrigo já tinhamos ajudado a abrir vias.
Daniel foi lá e também tentou avançar um pouco em livre, mas sem muito sucesso. Pepê achou melhor ele tentar em artificial e passou os estribos pra ele. Mas não adiantou muito. Nas várias tentativas do Daniel de progredir, ele deu uma bela de uma limpada na rocha. Muita laca podre e muita, mas muita poeira. Já passava do meio dia, e nós só tinhamos conseguido bater uma chapa.
Ai foi minha vez de tentar bater a segunda chapa. Me equipei, com estribos e tudo, pra entrar em artificial mesmo. Cheguei na primeira chapa, estribos nela, e me ergui. Procurei um local para um cliff, e fui pra ele. Nesse ponto comecei a ter dificuldade pra achar um novo ponto pra colocar o outro cliff. O Pepê sugeriu que eu laçasse uma ponta de pedra com uma fita, e foi o que eu fiz. A fita parecia firme e eu passei pra ela e me ergui de novo.
Mas ainda estava muito à direita de onde deveria ser o segundo furo. Procurei um local para o o cliff mais pra esquerda, achei, uma posição, e entrei nele.
Agora estava mais perto, mas tinha que me erguer mais. Mas não deu muito pra fazer isso, por que a pedra onde tava o cliff quebrou e eu cai.
Lá vamos de novo progredir a passos lentos. Ao invês do cliff, lacei outra ponta de pedra com fita, e entrei nela. Mais na frente tinha um buraco que dava pra colocar um friend e dar uma proteção extra em caso de queda. Coloquei e me prendi nele também. Estava em posição de furar.
Puxei a Selma, a furadeira de estimação do Pepê, e mandei ver. Furei um pouco e o braço cansou. Descansei um instante e voltei pra completar o furo. Quando estava achando que ia terminar, o laçada na pedra se soltou e eu cai com furadeira e tudo, ficando preso só pelo friend que tinha colocado antes.
Depois dessa, já morto, resolvi descer e passar a bola pro Pepê, que chegou rápido até o móvel que tinha me segurado. Mas a peça não aguentou por muito tempo e soltou. Resolvemos parar por ali.
Saldo final, 3 a 1 pra pedra. Próximo final de semana vamos voltar lá e colocar mais algumas chapas, quem sabe terminar a via, que já tem algumas sugestões de nomes, mas vamos esperar mais um pouco pra nomear de vez.
Fica ai o apelo pra o resto da galera que também conquista a visitar o lugar e abrir mais vias lá. A pedra realmente promete, e muito! Sem contar que é à prova dágua!!!
Neudson Aquino, é natural do Ceará, arquiteto e escalador. Ele é o autor do blog de escalada Desce daí doido!