Você conhece a Serra dos Órgãos?

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Identifique as principais montanhas da cadeia e descubra como chegar ao cume delas


Dedo de Deus… Pedra do Sino… e… Qual o nome de outra montanha da Serra dos Órgãos? Com certeza, poucos teresopolitanos vão saber responder essa pergunta apesar de morarem em uma terra abençoada por tanta beleza natural e olhando para essa cadeia todos os dias.

Mesmo podendo ser vista de praticamente toda a cidade, pelo menos parcialmente, as formações rochosas que atraem turistas de todo o mundo são desconhecidas da grande maioria da nossa população. Em mais uma edição especial da coluna Mochileiro, vamos catalogar as principais montanhas da serra, vistas de um local de fácil acesso, o mirante do Vale do Paraíso.

Da parte mais alta daquele bairro, avista-se desde o Santo Antônio Mirim até a Pedra do Papudo, sem citar outros cumes que estão na área urbana de Teresópolis e vizinhos ao PARNASO. Dessas, a mais alta tem 2.245 metros de altitude e pode ser acessada através de caminhada semi-pesada. Do Vale do Paraíso também temos uma das poucas vistas da Agulha do Diabo, que, apesar de imponente, de lá parece uma pequena e fina montanha.

Visualize a foto ao final do texto e veja a referência abaixo:

01 – Santo Antônio Mirim
Nos anos 30, essa montanha também era conhecida Pico da Bandeira. Nela ficam duas trilhas curtas, acessadas pela parte baixo do Parque Nacional. De um lado a Mozart Catão, que leva até o mirante Alexandre Oliveira e de onde se avista boa parte da cidade, e do outro a Cartão Postal – onde o mirante deixa o caminhante de frente, literalmente, para o Dedo de Deus. Na parte rochosa do Santo Antonio Mirim há diversas vias de escalada, a maioria em setor conhecido como “Fritz”. A altitude é de 1.319 metros.

02 – Dedo de Nossa Senhora
A entrada da trilha para o “dedinho” fica próximo ao quilômetro 92 da Rio-Teresópolis. São aproximadamente duas horas de subida íngreme até os lances de escalada artificial e cabos de aço que levam até os 1.405 metros de altitude.

03 – Dedo de Deus
É a montanha mais famosa da cadeia e cuja conquista foi considerada o marco inicial da escalada no Brasil. O dia 8 de abril de 1912 marcou definitivamente o início do montanhismo no Brasil. Neste dia, um grupo de teresopolitanos chegou aos 1.675 metros de altitude. Antes, alemães já haviam tentado escalar a montanha, mas foram vencidos pelo difícil acesso e pelas diferenças em relação ao tipo de rocha que estavam acostumados na Europa. Diante do fracasso e a presunçosa afirmação dos gringos de que, se eles não conseguiram escalar o Dedo de Deus ninguém mais conseguiria, o ferreiro José Teixeira Guimarães foi motivado a escalar a montanha, acompanhado de Raul Carneiro, um caçador que serviu de guia aos alemães pelas matas da serra e os irmãos Alexandre, Américo e Acácio de Oliveira.

04 – Cabeça de Peixe
Bem próximo ao Dedo de Deus, permite, do seu cume, acompanhar a escalada na Via Teixeira. A trilha do Peixe tem início próximo a “santinha”, na Rio-Teresópolis, e é bastante íngreme em toda sua extensão. O cume tem 1.680 metros de altitude.

05 – Três Marias e Santo Antônio
Do Vale do Paraíso, fica em destaque o Santo Antônio. Porém, percebe-se a crista que leva até as pequenas formações conhecidas como “Três Marias”. Em ambos os casos, a caminhada semi-pesada é restrita. Localizadas em área intangível, essas montanhas só podem ser visitadas com autorização da direção do parque.

06 – Capucho Frade

Primeira das três que compõem o “frade” da Serra dos Órgãos, não é perfeitamente vista do vale. Somente seu cume é percebido. O acesso é feito através da Travessia da Neblina, antes do paredão “Roy-roy”. Caminhada semi-pesada e um lance de cabo de aço.

07 – Nariz e Verruga do Frade

Outra montanha cuja conquista tem ligação direta com Teresópolis. Entre os desbravadores, que chegaram aos 1.920 metros de altitude em 24 de julho de 1933, está Miguel Inácio Jorge. “Seu Miguel” ficou conhecido por ser o responsável pela manutenção do relógio da igreja de Santa Tereza, função que cumpriu até os 90 anos de idade. Para vencer o Nariz, hoje é utilizada a técnica de escalada em chaminé. Depois, escala-se a “verruguinha”.

08 – Queixo do Frade
Caminhada semi-pesada de cerca de 3h30 até os 1.960 metros de altitude. Pode ser acessada pela Travessia da Neblina, passando pela base do Nariz do Frade, ou por cima. No segundo caso, usa-se a trilha da Pedra do Sino até local conhecido como “cota 2000”, de onde se desce em direção a Pedra da Cruz.

09 – Agulha do Diabo
Do Vale, avista-se apenas a pontinha da Agulha. De tão longe, nem percebe-se a imponência dessa montanha cuja escalada foi escolhida por um site americano, especializado no assunto, como uma das 15 mais espetaculares do mundo. Nesse cume, a  2.050 metros de altitude, o espaço é de aproximadamente quatro metros quadrados.

10 – Pedra das Cruzes

Vinte metros mais alta que o Queixo, é acessada através de caminhada semi-pesada. Da cota 2000 até seu cume, são aproximadamente 10 minutos. E, lá de cima, se avista a Agulha do Diabo bem próxima.

11 – Pedra São Pedro
É necessário caminhar até o abrigo quatro a Pedra do Sino para depois pegar outra trilha até o cume da São Pedro, 110 metros mais alta que a Agulha do Diabo. Devido a proximidade, pode-se conversar com escaladores que estejam abaixo. Também é possível chegar ao cume dessa montanha escalando. Nesse caso, através do Caminho das Orquídeas. A caminhada normal tem acesso na Pedra da Baleia, atrás do abrigo quatro.

12 – Pedra do Papudo
Muita gente a confunde com a Pedra do Sino, por ser a mais alta vista do Vale do Paraíso ou da Várzea. Mas, estando a frente da principal, nem parece ter 2.245 contra os 2.263 metros de altitude do Sino. Grande parte da trilha também é comum para ambas as montanhas. O acesso do Papudo fica antes do local conhecido como vale das antas.

13 – Agulha Bonatti
É o menor cume da Serra dos Órgãos e dificilmente pode ser visto por quem nunca esteve lá e sabe do que realmente se trata. Fica abaixo do Papudo, escondida em meio a floresta de Mata Atlântica. É uma “agulhinha” mesmo, cujo cume só cabem três pessoas sentadas como estivessem em um cavalo.

Os acessos
Para ingressar nas trilhas de montanhas cujo acesso é feito pela Rio-Teresópolis, não é necessário pagar ingresso. Porém, é preciso passar na portaria do Parque e preencher termo de responsabilidade. Para as outras, o ingresso custa R$ 12 por dia. Desde 16 de março, só tem desconto de 50% nesse valor os associados de clubes filiados à Femerj, como o CET. No caso de montanhas onde é necessário escalar, não o faça sem a utilização do material correto e conhecimento técnico. Mesmo nas caminhadas, busque mais informações para evitar surpresas desagradáveis e/ou acidentes.

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Serra dos Órgãos

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Sobre o autor

Marcello Medeiros é Biólogo e Jornalista, escrevendo sobre montanhismo e escalada desde 2003. Praticante de montanhismo desde 1998, foi Presidente do Centro Excursionista Teresopolitano (CET) entre 2007 e 2013.

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