Pacotão de dicas sobre Huaraz (Peru) e arredores

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Um resumo com as principais dicas para o pessoal que vai para Cordilheira Branca ou fazer alguns dos famosos trekkings (Huayuashi e outros).


Pois bem, como todos sabem, Huaraz é o ponto de partida para quem pensa em escalar as montanhas da cordilheira branca (Pisco, Chopicalqui, Urus, Ishinca, Huascaran, entre tantas outras, apenas citando as mais populares…).

Além disso, é o ponto de partida também para trekkings (caminhadas) espetaculares, desde as “tranquilas”, como a da Laguna 69, Laguna Churup, Quebrada Ishinca, Quebrada Llanganuco, Santa Cruz e a famosa Huayhuash.

É quase consenso mundial que o circuito de Huayhuash é o segundo ou terceiro melhor trekking do mundo, perdendo apenas para um trekking na Nova Zelândia e talvez, para o circuito “W” na Patagônia. Enfim… com certeza está entre os ´top five´ do mundo, ao lado do trekking ao acampamento base do Everest e do Annapurna.

Vamos às dicas !

**Como Chegar**
Para chegar em Lima, há diversas companhias (TAM, TACA e outras) que fazem este trajeto. A passagem custa em torno de US$ 400,00. Pela TAM você pode levar como franquia de bagagem 45kg. Veja as possibilidades em www.decolar.com ou direto nos sites das empresas aéreas.
Huaraz fica a cerca de 400Km de Lima, capital do Peru, através de estrada asfaltada. Vale dizer que Huaraz está a cerca de 3000m de altitude, e devido à baixa latitude (próximo do equador), o frio durante a noite nem é intenso como seria em outras latitudes. Para chegar em Huaraz, pode-se ir de avião (cerca de US$ 130,00) sendo que o fator limitante é a sua bagagem… os aviões que fazem este percurso são pequenos, coisa de 40 passageiros, e não conseguem levar quase nada de bagagem… Quase todo mundo vai de ônibus mesmo.
Existem diversas companhias que fazem este percurso, as duas mais sérias e famosas são a Cruz del Sur e a MovilTours. Ambas possuem várias categorias de passagens, indo desde a econômica (a 30 ou 35 soles), até a super cama (90 a 100 soles). Dependendo da sua passagem, até refeição é servida.
Com respeito a Moviltours, eles possuem dois escritórios em Lima, um principal, que fica na Rua República (Terminal República) e outro muito mais próximo do Aeroporto, que é o Terminal Olivos. Se o seu vôo até Lima estiver atrasado, compensa pegar um táxi (cerca de 25 a 30 soles) até o Terminal Olivos e pegar o ônibus que sai as 13:30/14:00h dali.  A viagem costuma demorar em torno de 8 horas.
O site das empresas é :  https://www.moviltours.com.pe/   e   também http://www.cruzdelsur.com.pe
Veja em uma das fotos algum dos horários da MovilTours.

**Onde Ficar**
Opções é o que não falta sobre onde ficar em Huaraz…  Um dos hotéis mais chiques de Huaraz é o “El Tumi”  (http://www.hoteleltumi.com) , com diárias a partir de 75 Soles em baixa temporada… se você não está tão abonado assim, e quer usufruir um ambiente mais rústico, eu gostaria de recomendar o hostel “Benkawasi” (http://huarazbenkawasi.com) Esse hotel é de uma família de alpinistas/glaciologistas, eles estão na região a mais de 45 anos e o pai do “Benkelo”, foi fundador do Instituto de Cultura Peruano, ainda é um glaciologista de renome, conquistou várias novas rotas, sobreviveu ao terremoto de 1970, etc… enfim… é um lugar legal, limpo e barato ! Fica a cerca de 10 minutos do centrão de Huaraz e a diária pode sair tão barata quanto 25 a 30 soles por um quarto individual (com roupa de cama limpa, toalhas, água quente, etc…). Eles tem WiFI, uso de cozinha, guarda-equipage e internet grátis também
Se a grana estiver mesmo curta, você consegue hospedagem por até 8 soles.
Dois locais merecem um destaque , um é o Lazy Dog Inn e o outro é o Ozalas. Ficam longe do centro, mas dependendo da motivação da trip, são locais espetaculares para simplesmente descansar ou não fazer nada…

**Agências**

Elas não são obrigatórias, mas podem facilitar em muito o conforto e o tempo do viajante. Há diversas agências na cidade. Nem todas são sérias… Vou citar algumas das sérias :

http://www.jmexpedition.com  , fica praticamente do lado do parque genebra.
http://www.quechuandes.com  , fica em frente a praça de armas (são dois irmãos que cuidam dessa agência !)
http://www.galaxia-expeditions.com   , também praticamente do lado da parque genebra.
http://www.andeankingdom.com  , os donos são argentinos (Andres e Luciana), gente boa e honesta.
http://www.andenoviaggio.com , fale direto com o Wladimiro. Eu pessoalmente usei os serviços de transporte deles na temporada de 2009.

**Onde Comer**
Bom… eu sou vegetariano, então, as minhas dicas possuem esta ressalva, ok ?
Para pizzas em huaraz, o melhor lugar sem dúvida é a “La Rotonda”, o dono (Gustavo) é uma figura ímpar ! Passando a praça de armas (na Luzuriaga mesmo) e indo em direção ao Hospital, fica na 2a. quadra, do lado direito (na esquina). Não tem como errar. Inclusive neste lugar, tem uma excelente lasanha vegetariana….
Se você tem fome, muita fome, mas muita fome mesmo… a cerca de 20 ou 30 metros *antes* da “la rotonda” tem uma “Chifa”, que é uma espécie de restaurante chinês… entre sem medo e peça um “Arroz Chaufa”… você irá ficar impressionado com a quantidade de comida que vem por apenas 5 soles…
Na praça genebra tem um restaurante vegetariano que serve granola, hamburgue de soja, etc… tem outro restaurante vegetariano do lado direito da igreja.
E sem dúvida alguma, a grande estrela é o http://www.cafeandino.com/  , um lugar ímpar com biblioteca (free), troca de livros, trocentas mil revistas da Rock & Ice, Climbing Magazine, etc… uma espécie de ponto de encontro para escaladores e trekkings em Huaraz. Ele fica situado a umas duas ou três quadras para baixo da Plaza de Armas, na Rua Jiron Lucar y Torre, 530 (3o. andar), estou escrevendo o endereço pois quase todo mundo acha que o café andino fica em frente à Plaza de Armas… O Café Bistrô, que fica na frente da Plaza de Armas *não é* o café andino… vale dizer que no Café Andino tem WiFi.

**O que fazer – trekking**
Há trekkings curtos de apenas um dia, como por exemplo a caminhada até Wilkawain, até Pitec ou mesmo a laguna Churup. Uma excelente dica é alugar uma bike, ir caminhando (com a bike) até estes locais (ou então ir de carro mesmo !) e descer pedalando…
Cebollapampa, Churup, laguna 69, Llaca, LLanganuco… são trekkings que se você for escalar o Pisco, Vallunaraju, Chopicalqui, etc… obrigatoriamente você passa por estes locais…
As mais famosas certamente são o trekking de Santa Cruz, cerca de 4 dias, que é super bem sinalizado e tranquilo, sendo que dá para fazer sem mulas ou guias, e se estiver em seus planos ir até o Alpamayo, você irá fazer metade do trekking de Santa Cruz na aproximação até o acampamento base do Alpamayo. Quase todos os trekkings possuem “passos” em altitudes acima de 4500m…
Outra imperdível é o circuito de Huayuash, que pode demorar de 7 a 14 dias, dependendo do que você pretende fazer. Também daria para fazer sem mulas ou guias, mas como o tempo é maior, a quantidade de comida que você teria que levar iria aumentar em muito o peso de sua mochila, então o ideal é mesmo contratar os serviços de alguma agência… Neste trekking você irá dormir sempre acima dos 4000m e a noite pode fazer muito frio (15 negativos), entre os atrativos dá para ver o Siula Grande, a montanha na qua o Joe Simpson quase morreu (vai dizer que você não leu/não viu o filme “touching the void” ?!). Sabendo “pechinchar” você fecha um trekking de 7 ou 9 dias em uma agência por cerca de US$ 200,00, com tudo incluso…

**O que fazer – escaladas**
Lá é o paraíso das escaladas. O ideal é você comprar o livro “Classic Climbs of the Cordillera Blanca Peru” (pesquisa na http://www.amazon.com) ou compre lá no “Café Andino” por cerca de 125 Soles.
Se você não tem muito tempo, eu recomendaria a escalada do Pisco, que é relativamente fácil e irá te proporcionar uma visão espetacular das montanhas ao redor. Outras montanhas mais ou menos tranquilas são o Urus e o Ishinca (que ficam na mesma “quebrada Ishinca”). Todas com mais de 5300m…
Provavelmente o Vallunaraju está entre as mais fáceis da região, com um acesso rápido e fácil a partir de Huaraz.
O Chopicalqui, Huascaran, Alpamayo, Toclaraju já são bem mais desafiantes, e certamente eu não recomendaria para iniciantes.
O Chacraraju, Huandoy, Ranranpalca, Siula e outras já estão em uma categoria “avançada”…
Vale dizer que se você contratar um guia, muito provavelmente eles te colocam no cume de quase qualquer montanha por lá. Falando sobre guias, na praça genebra tem a “Casa de Guias”, onde você pode contratar diretamente um guia ou apenas obter informações sobre as condiçoes das montanhas…

**O que fazer – escalada em rocha**
Em Huaraz mesmo tem alguns bouldes e escaladas bobinhas na região de “Los Olivos”.
Outro lugar é “Monterrey”, junto das aguas termais.
O melhor lugar mesmo é “Hatun Machay”, com mais de 80 vias… pena que é um pouco longe de Huaraz…

**Compras de Equipamentos**
Bom, no parque genebra tem a loja da tatoo, com poucas opções (se comparada com a loja da Tattoo em La Paz, Bolívia). Veja o site deles : http://www.tatoo.ws/
A boa notícia é que do lado direito da loja da tattoo, tem uma loja que vende equipamento (em geral roupas) usadas… excelentes pechinchas.

**Baladas e Putz-Putz**
Bom, gostei muito do “Extreme Bar”, o dono é o “Benkelo” (o mesmo dono do hostal Benkawasi que falei acima) e eles tocam muito rock & roll, tem uma mesa de pebolim, dardos, etc… No início da noite está rolando agora uma sessão de cinema dentro do bar… Para chegar nele, vá em direção ao Hospital, ele fica do lado direito da Luzuriaga, uns 200 metros antes de chegar no Hospital.
E de balada mesmo, tem o “Makondos” e em cima dele, o “El Tambo”. Ambos ficam próximos ao “Café Andino”.

**Preços**

Vou abrir um parenteses e falar sobre preços.
Neste momento (julho de 2009), a cotação é mais ou menos a seguinte : US$ 1,00 = 3 soles. Nem pense em levar reais, você não irá conseguir trocar.
Um táxi dentro da cidade de Huaraz sai por 3 soles. Um “tuc-tuc”  (moto-táxi) sai por 1,5 soles.
O Kg de roupa lavada sai em torno de 5 soles. Se você entregar a roupa da manhã, no final do dia ela está pronta. Tem uma lavanderia na esquina do Café Andino.
Um litro de benzina custa cerca de 10 soles, e você compra em qualquer “ferreteria”. Um bujão de gás (para fogareiros) custa entre 16 a 20 soles.
Se você for entrar apenas um dia no Parque Nacional Huascaran, a entrada é de 5 soles. Ou então, você deve comprar um ingresso (com validade para 30 dias) que custa 65 soles.
Um burro leva cerca de 40kg de carga e custa US$ 5,00 por dia.
Um arriero cuida de 3 a 5 burros e custa US$ 10,00 por dia.
Um carregador ganha US$ 25,00 por dia.
Um guia de montanha ganha entre US$ 60,00 a US$ 120,00 por dia, este valor depende da montanha e do tempo que ele será contratado. Não é prudente dividir este custo (do guia) com mais do que 3 ou 4 pessoas.
Aluguel de equipamentos (veja uma das fotos com preços).
Transporte para as montanhas. Você pode resolver isso direto com uma agência ou mesmo combinando com alguma “van” (combi, como eles chamam) local. Alguns preços estão nas fotos anexas.
O aluguel de uma bike custa entre US$ 10,00 a US$ 15,00 por dia, depende da qualidade da bike.

**Burocracia**
O Peru possui um acordo com o Brasil e você não precisa de mais nada além da sua identidade. Basta que as pessoas consigam reconhecer você na foto da sua identidade. Também não precisa da vacina contra a febre amarela (por outro lado é um ótimo momento para aproveitar e verificar se a sua vacina contra tétano e a tríplice estão em dia…).
Para escalar algumas das montanhas, pode ser que peçam algum guia de montanha “certificado” como responsável pelo grupo. A sua carteirinha de clube, com o logotipo da Femesp, Femerj, etc… deve dar conta do recado. Eles fazem isso principalmente para evitar os acidentes nas montanhas e também que turistas curiosos se embrenhem nas montanhas mais difíceis (e perigosas).
Não tem como pagar antecipadamente a taxa de embarque do aeroporto de Lima. Isso é pago diretamente no aeroporto quando você for embora. O valor é de US$ 30,25. Eles aceitam apenas dinheiro (Dólares, Soles, Euros). Não aceitam pagamento com cartão de crédito.

No mais, eu coloquei diversas outras infos em meu blog, o link a seguir já está filtrando pela “tag” (palavra) “Peru”, inclusive esta “pacoteira de dicas” está lá também (as tais das fotos com preços, etc e tal também). :

http://www.blog.marski.org/?tag=peru

para quem quiser apenas ver algumas fotos, o Frederico Campos (RJ) tirou fotos espetaculares e colocou em :

http://picasaweb.google.com.br/Fredcam302/ExpedicaoAndesPeruanos2009MelhoresFotosDePaisagens#

Abs a todos e ótimas escaladas,

Davi Marski – julho de 2009
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Davi Marski mantém um site com diversas infos relacionadas à escalada e montanhismo : http://www.marski.org   , com ele você pode fazer cursos de escalada em rocha e também escalada alpina (neve e gelo) na Argentina, Bolívia ou Peru.

Em seu blog http://www.blog.marski.org/  também tem outras considerações sobre escalada, relatos de viagens e também outros assuntos.

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Em setembro de 2009 recebi um relato de um colega que foi para
Huaraz com as minhas dicas e com as dicas do Gustavo Granado, reproduzo
o relato a seguir, com um comentário meu ao final :

Davi,

Acabamos de voltar de Huaraz, e como vc tinha indicado a Andean
Kingdon (do Argentino) como sendo uma agência honesta, acho importante
te dizer o que aconteceu com a gente.

Chegamos num sábado à noite… e no domingo pela manhã fomos à Plaza
Genebra para ver as agências… Quase todas estavam fechadas, mas a
Andean Kingdon estava aberta. Bom sinal… são trabalhadores… Falamos com
Mila, a secretária, e contratamos um taxi para ir até a Laguna Churup.
Deu tudo certo, e foi bem legal.

No dia seguinte, voltamos à praça para falar com as agências e ver o
que fazer… Pensávamos em ir ao Pisco, e algumas pessoas comentaram
também sobre o Yanapacha… Pensamos então em fazer as duas montanhas e
ver como nos sentiríamos… Quando falamos com Andres, ele comentou que
se era pra sentir como estávamos, seria melhor fazer apenas uma
montanha ao invés de duas, e retornar a Huaraz pra descansar. Achamos
que realmente seria melhor, e até pareceu honesto da parte dele, pois
ao invés de empurrar duas montanhas, e ganhar mais, ele acabou
oferecendo apenas uma.

No final, comentamos que gostaríamos de uma experiência de escalada
em gelo (vimos algo em outras agências), e ele então sugeriu mudar
totalmente o plano, pois como a escalada em gele seria no glaciar
próximo ao Vallunaraju, seria melhor faer o Vallunaraju como primeira
montanha e aproveitar para escalar em gelo por lá. Achamos uma boa e
aceitamos. Pra ficar mais barato, ele ainda comentou de fazer a
montanha desde o acampamento base, sem fazer o Campo Moraina, pois
segundo ele teríamos que carregar peso e dormir desconfortavelmente. E
da forma que ele explicou, realmente parecia fazer sentido. Ele cobrou
USD 145 por pessoa (eu e minha namorada), com Guia de Montanha, Transporte,
comida, equipamento, etc. Na hora, achamos um bom preço…

No dia seguinte falei com ele e pedi para prorrogar por um dia, pois
uns amigos da Alemanha iam querer ir também. Ele foi super legal,
dizendo que iria tentar fazer um ótimo preço pros garotos, que eram
estudantes e estavam viajando com pouco dinheiro. Mais uma vez ele
pareceu uma ótima pessoa… No final, os Alemães acertaram de fazer a
montanha em um só dia. Eles sairiam de Huaraz à noite, umas 22h, e
chegariam no acampamento base de carro às 12h. Se encontrariam conosco
e subiríamos juntos.

No dia seguinte, dia de ir pra montanha, o tempo estava péssimo (na
verdade já estava ruim no dia anterior, e perguntei se isso seria
problema e Andres disse que não… que tudo bem…). Fomos assim mesmo. Na
subida, de carro, já começou a chover… Chegamos no acampamento umas
11h, debaixo de chuva. Um casal que iria escalar em rocha foi junto
consco… Quando chegaram lá, desceram, tomaram um chá, e voltaram com a
‘kombi’. Na hora que chegamos lá, começaram os problemas…

Quando chegamos, o tempo estava tão ruim, que a minha namorada queria abortar
a missão e descer naquela hora mesmo… Mas o motorista da van, e o guia,
forçaram um pouco e disseram que valeria a pena aguardar mais… ver se o
tempo melhoraria… Acabamos cedendo. O guia disse que tinha um celular
que pegava por lá, e se não melhorasse, poderiamos ligar e o carro
viria nos buscar… Então… já que tinha essa opção… ficamos pra ver o
tempo. Que só foi piorando… mais frio, mais chuva, mais granizo… Umas
16h dissemos ao guia pra ligar e chamar o carro, pois não adiantaria
nada ficar por lá… Meia hora depois, ele ‘disse’ que tentou ligar mas
que por causa do tempo estava sem sinal… e teríamos que ficar por lá.
Disse que quando o carro com os alemães chegasse, nós poderíamos
descer. Nessa hora minha namorada já tinha certeza que os caras estavam nos
enrolando pra ficar na montanha os dois dias e ganhar suas diárias
mesmo sem fazer nada.

Nesse meio tempo, chegaram dois escaladores do cume do Vallunaraju…
Fui conversar com eles. Os caras estavam exaustos. Eles fizeram o
acampamento no Campo Moraina, e foram pro cume de lá, e depois desceram
tudo. Quando comentei que faríamos a tentativa do Base, ele ficou muito
surpreso… Disse que normalmente niguém vai de baixo, pois a moraina era
insuportavelmente dura… que era estafante… mas… Isso me deixou um pouco
confuso, pois a forma como Andres falou, parecia que era muito mais
fácil fazer do C-Base que do C-Moraina…

Também havia um outro grupo, de 4 pessoas, com um guia e um
ajudante. Eles também iriam fazer a tentativa do C-Base, mas não
conversei muito com eles. Só tive o desprazer de conversar um pouco com
o guia deles, um otário… Que depois descobri que estava bêbado na
montanha… E o ajudante, tentou beijar umas das garotas a força na
entrada do glaciar, de madrugada… A agência que vendeu a expedição foi
a Monttrek, de Mr. Pocho.

Bom… à noite, quando o carro com os Alemães chegou, foi o fim da
picada. Estávamos prontos pra descer, como o guia tinha falado. Mas
quando o carro chegou, simplesmente o motorista (aparentemente depois
de falar com o guia) disse que não iria descer pois estava cansado e
precisava dormir. O tempo continuava péssimo, e os alemães decidiram
não atacar o cume também. Brigamos um pouco com o motorista e com o
guia, mas não teve jeito… o cara ficou lá e só descemos pela manhã.

Quando chegamos em baixo, fomos direto para a Andean Kingdon.
Explicamos tudo que aconteceu, mas como tempo havia melhorado pela
manhã (só parou de chover às 4h da madruga, e nós deveríamos sair às
12h), e Andres ficou dizendo que nós não tentamos escalar, e por isso
não tinha o que fazer, nem o que devolver de dinheiro. Ele nõa aceitou
nossas explicações sobre a enrolação dos guias para nos segurar por lá,
para ‘garantir’ o pagamento… E no fim ficamos meio com medo de alguma
realiação… e preferimos perder a grana e deixar pra lá… Tanto nós
quanto os alemães.

Depois, conhecemos mais algumas pessoas que conhecem Andres, e
também outras agências… e falaram que realmente o cara não é honesto.
Descobrimos também que apesar de ter cobrado por um guia (certificado),
o ‘guia’ que ele nos enviou era um ‘pirata’, ou seja, não era da
Associação de Guias, e não era nem aspirante… Cobrou USD 100 por dia do
guia, mas na verdade era um pirata… Soubemos também, de um francês, que
no dia anterior Andres estava escalando com este Francês e comentou que
talvez não devesse ter nos enviado para a montanha, pois o tempo estava
ruim… Mas pelo jeito, preferiu nos deixar ir e pegar a grana mesmo…

Também conhecemos outras pessoas e guias (certificados) que disseram
que não se faz os Vallunaraju desde o campo base… que é muito longe e
muito duro. Todo mundo faz o Campo Moraina. E no dia que fomos, ninguém
fez cume. Ou seja, o cara sabia que estava nos mandando para uma fria,
que só iria pegar nossa grana…

Enfim… o cara é um picareta. De honesto não tem nada… Mandou a gente
com um guia fajuto, sob tempo péssimo, e dizendo que era moleza quando
na verdade era foda…

Como você colocou no seu blog a indicação desse cara, achei melhor
te alertar. Imagino que vc só tenha contratado os serviços de
carregador, burro, etc… e talvez pra isso eles sirvam, pois não tem
muito o que errar, mas confiar nos caras como agência, isso não dá
mesmo!

Depois, passamos na Andes Trek (acho que é isso) do Vlademiro… cara…
esse é outro picareta… Queria nos mandar pro Tocllaraju… e depois,
quando conversamos com vários guias certificados, eles disseram que com
o tempo do jeito que estava, não rolava ir pro Tocllaraju…
Bom, no fim, depois disso tudo, fomos atrás de um guia, Daniel Milla, indicado pelo Gustavo Granado (na Lista do HangOn)
Cara… foi a melhor coisa que fizemos. O cara é SUPER profissional. E se
há uma dica pra quem vai a Huaraz, é que procure diretamente a Casa de
Guias. Qualquer guia certificado será muito bom, e tem a vantagem de se
der merda, vc pode fazer uma reclamação na Associação. Os guias
certificados tem outro nível, e conhecem tudo que se precisa para
organizar uma trip pra montanha.

É isso.. fica o meu desabafo.
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Comentários por Davi Marski :
Bom o Tocllaraju é a montanha mais técnica que tem no grupo Ishinca,
com certeza quem vai para lá *não* precisa de guia… e se ele (o
Vladimiro) tentou empurrar a montanha para vocês, foi para ganhar uma
grana, pois com certeza, vocês não iriam conseguir subir…
Mas o texto acima realmente parece reproduzir uma experiência muito desagradável e ruim, que é a de ser “passado para trás”.
As indicações que dei, de guias, agências, etc… então não devem ser
levadas tão a sério. Como eu apenas usei os serviços de logística
(transporte e mais nada) de algumas das empresas citadas, não havia
como me “enrolarem”…
Inclusive há um outro relato de uma colega, que utilizou os serviços da
QuechuaAndes (que fica em frente a Plaza de Armas) para fazer uma
investida ao Alpamayo e teve relatos parecidíssimos com o descrito
anteriormente : incursões ao Vallunaraju (com tempo ruim), problemas
com o guia “fornecido pela agência”, etc…
A dica de ir direto na “Casa de Guias” então deve ser seriamente
considerada por aqueles que pretendem utilizar-se desses serviços.
Há um ditado que diz “No Peru ninguém te assalta, mas todos te roubam”.
Em tempo: Sobre a contratação ou não de guias… Esse é um assunto que
não deveria ser polêmico… Eu nunca contratei ou utilizei guias, por
outro lado, se eu fosse para algum lugar desconhecido para mim, ou se
eu tivesse um grupo grande para gerenciar, ou se simplesmente não
tivesse a “fim” de descobrir caminhos, se não estivesse bem de saúde,
se houvesse alguém inexperiente junto, se não houvesse muito tempos…
são tantos “senões” que fica aqui a “pergunta” : Qual o problema de
contratar-se um guia ?
“O melhor escalador é aquele que mais se diverte”.
Abraços,

Davi Marski
Setembro/2009

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Sobre o autor

Davi Marski (In Memorian) Era guia de montanha e escalador em rocha e alta montanha (principalmente nos Andes) desde 1990. Além de guia de expedições comerciais, ele ministrava cursos de escalada em rocha. Segundo ele mesmo "sou apenas mais um cara que ama sentir o vento frio que desce das montanhas". Davi levava uma vida simples no interior de São Paulo e esforçava-se por poder estar e viver nas montanhas. Davi nos deixou no dia 19 de Novembro de 2014.

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