Nesta mesma semana recebi um e-mail do Tacio www.tacio.com.br me dizendo que iria ao Itatiaia. O convite incluía duas vagas no carro e assim, fomos eu e o Edson com Tacio, Paulinha e Victor http://victorcarv.blogspot.com para a minha segunda casa, o PNI!
Chegamos no Alsene bastante tarde, já na madrugada. Rapidamente todos montaram suas barracas e nelas ficaram. É claro, eu e Edson já fomos dormir com a intenção de amanhecer no Morro do Camelo para tentar algumas fotos do nascer do sol. Foi isso que fizemos por volta das 05:30h.
As cores que pegamos nas fotos lembraram muito, mas muito mesmo as que vimos há dois meses atrás em Monte Verde/MG. Sensacionais…mesmo sem ter ângulo para pegar o nascer propriamente dito (visto do Camelo o sol nasce logo atrás do Massena Noroeste), ainda conseguimos dezenas de fotos com um verdadeiro espetáculo de cores. Olhando para trás, víamos a Serra Fina com um céu simplesmente cor de rosa! Mais um bocado de fotos…
Depois de uma bela seqüência de fotos descemos do Camelo de volta ao camping. Todos ainda estavam em suas barracas então eu e Edson, ainda pirando nas fotos que havíamos acabado de fazer, fomos desmontando a barraca e arrumando tudo pra depois esperar os outros. Pouco tempo depois Victor acordou, Tacio e Paulinha também. Todos rumamos para a portaria do parque, nos registramos e, de carro fomos até o Abrigo Rebouças onde partiríamos para nosso primeiro destino da viagem após o café da manhã: Asa de Hermes, uma formação rochosa esculpida a 2.642 metros de altitude, bem ao lado do início do maciço Agulhas Negras.
O tempo estava relativamente bom. A previsão finalmente acertou e as nuvens eram poucas, nem um sinal de proximidade de chuva. Fomos aproveitando ao máximo e fotografando qualquer oportunidade que pintava de um bom click. Em menos de duas horas chegamos na Asa. Sensacional aquela rocha! Foi muito gratificante pra mim em particular chegar lá, pois já havia tentado por duas vezes mas não encontrava o caminho correto. Edson também ficou bem feliz e ficou alucinado nas fotos que conseguíamos tirar por lá!
Tácio, Paulinha e Victor também ficaram felizes por chegarmos lá com incrível facilidade, levando em consideração que poucas pessoas visitam a rocha. Tivemos uma surpresa agradável quando lá chegamos. Um livro de cume foi estabelecido pelo Grupo Excursionista Agulhas Negras www.grupogean.com em visita a montanha no dia 31MAI2009. O relato da visita pode ser lido no site do GEAN. Desde então, ninguém visitou a Asa de Hermes ou, se o fez, não assinou o livro. Fomos os primeiros!
Bem na base da rocha há uma fenda onde dá uma boa pegada. Mas para subir lá é preciso dar um pulo, ou escalar a pequena via. Só a Paulinha não subiu. Eu, Edson, Tácio e Victor não resistimos e subimos a rocha e lá foram mais fotos! O vento era animal, acredito que cerca de 60 ou 70 km/h e, enquanto na via normal de subida da montanha fazia cerca de 10°C, a sensação térmica ali na base da rocha já era bastante baixa, mas no topo dela sem dúvida era de pelo menos -1°C ou -2°C!
Felizes pelo sucesso na primeira investida em curto espaço de tempo, começamos nossa descida. Logo no vale que separa a Asa do Agulhas encontrei no chão uma flauta que parece ser antiga, e nela há uma Lhama entalhada! Coloquei na mochila do Edson e continuamos direto com pouquíssimas paradas até o Abrigo Rebouças. Chegamos lá exatamente 13:45h e decidimos recomeçar a caminhada as 14:00h em direção a Pedra Assentada. Um rápido lanche, Tácio pegou os equipos para a escalada do cume da Pedra e as 14:05h partimos todos.
Quem conhece sabe, as trilhas do Itatiaia são verdadeiramente lindas, agradáveis de caminhar…Como o Edson diz: “A caminhada rende!” e eu tenho que concordar. É inevitável pararmos para fotos o tempo todo, mesmo já conhecendo o Parque de tantas visitas anteriores…
Sem muita demora chegamos na base da Pedra Assentada. Ao passar pelo Prateleiras vimos pelo menos umas 15 pessoas em seu cume, um a um rapelavam de lá. Continuamos nosso caminho e começamos o trepa-pedra da Pedra Assentada, o mais curto do parque. Chegamos Edson, eu e em seguida o Victor na frente da Pedra. Enquanto esperávamos o Tácio e a Paulinha Victor escutou o Tácio chamando e disse que desceria, não sabíamos o que tinha acontecido. Ele foi e logo em seguida o Edson desceu. Algumas andorinhas voavam sobre nossas cabeças e eu fiquei meio que hipnotizado com a brincadeira delas indo e voltando, me lembrando da visita que eu e Edson fizemos a monte Verde pouco tempo atrás. Na ocasião, centenas de andorinhas se exibiam em nossa frente no cume do Pico do Selado!
Acordei pra realidade e me dei conta de que já estava ali sozinho há pelo menos uns 15 minutos e ninguém subia para escalarmos a rocha de cume. Desci e fiquei sabendo que, por acidente (defeito do zíper da bolsa), a Paulinha deixou cair uma das máquinas do Tácio no meio das pedras da montanha! Quando o Tacio chamou o Victor, era pra que ele levasse os equipos e assim o Tácio tentaria um resgate da câmera, ou o que sobrara dela…risos.
Incrível, ao todo o Tácio desceu 17 metros dentro das cavernas formadas pelo acúmulo das enormes rochas da montanha, se espremeu feito cobra pelos buracos e encontrou a máquina, um pouco arranhada, protetor do lcd rachado mas só isso! Funcionando perfeitamente. Dá pra acreditar? 17 metros e ela estava 99% inteira!
A volta do Tácio foi um verdadeiro parto, a saída foi bem complicada mas ele conseguiu, e com um atraso de meia hora retomamos a atividade inicial, seguindo apressados para a escalada. Não queríamos descer o trepa-pedra a noite, seria imprudente.
Desescalamos a primeira parede (que leva a base da via) com pressa, nos equipamos todos e o Victor guiou a via. Facilmente chegou ao cume e fez a segurança pro Edson subir. E lá foi o Edson, também conseguindo vencer o lance de 5°sup pro cume facilmente! Logo em seguida fui eu e levei praticamente o mesmo tempo que na primeira vez, por último o Tácio subiu e, os quatro no cume, fizemos algumas fotos, assinamos o livro, babamos com o visual de lá, e começamos o rapel pra voltar e encerrar as atividades do dia. A Paulinha ainda estava um pouco traumatizada pelo acidente com a máquina e preferiu não escalar…rs, tornou-se a fotógrafa oficial da escalada!
Rapelamos, nem desequipamos, escalamos a pequena parede, e descemos apressados a montanha pois já começava a escurecer. O retorno foi acelerado, quando chegamos na trilha apressamos mais ainda o passo e senti pela primeira vez o joelho. Mas que inferno! Uma pontada bem forte, quase sentei no chão, mas segurei bem a dor e continuei andando.
Começamos a descida exatamente 17:05h e chegamos no Rebouças as 18:24h. Praticamente corremos na trilha, nem precisamos de lanterna porque quando escureceu (por volta de 18:00h) a lua começou a iluminar um pouco, e isso já foi suficiente pra caminharmos.
Voltamos até a portaria, o Tácio entregou a faixa e voltamos pro Alsene (argh!). Lá começou novamente a rotina de camping, montar barraca, tirar bota, arrumar o cafofo, cozinhar (eu e Edson comemos risoto com salada seleta e suco de limão, nossa…Precisávamos de uma refeição boa pra comemorar o sucesso duplo do dia!). Não sei ao certo, mas acredito que todos perderam a batalha com o sono lá pelas 20:00h ou 20:30h. Eu literalmente saí da tomada. Dormi pouquíssimo na noite anterior porque chegamos na madrugada no camping e eu e Edson subimos no Camelo pra pegar o nascer do sol, então, estava bem cansado e com dor no joelho…de novo.
Acordei uma da manhã louco pra urinar…Saí da barraca, resolvi o problema e voltei. Edson dormia bem e eu confesso que dormi muito bem também essa noite! Havíamos combinado de acordar as 05:00h pra subir a Pedra Furada e tentar um ângulo pra fotos do nascer do sol, mas quando o relógio despertou e o Edson me chamou, o sono continuava dominando a batalha risos…Raramente eu digo não, mas dessa vez não tinha como! O sono era tão forte que não resisti em dormir mais. Meio sonolento dei as dicas pro Edson de como chegar e ele foi sozinho pra lá deixando o camping as 05:25h.
Levantei pouco depois das sete. Bebi água, fui ao banheiro, comecei a arrumar as coisas pois o primeiro objetivo do dia era certo, Pedra Furada, porém depois dela nada estava definido. Arrumei a barraca, minha mochila e a do Edson. Tácio, Paulinha e Victor acordaram e logo depois do café arrumaram suas coisas também.
A hora avançou e quando era 08:30h decidimos seguir caminho até a montanha, assim encontraríamos o Edson descendo e continuaríamos todos com ele. Nos preparamos e era quase nove quando começaríamos a andar, então vimos o Edson chegando no Alsene. Batemos um rápido papo e Edson me contou que por causa do escuro (saiu na madrugada ainda) foi meio chatinho encontrar o caminho correto quando termina a estrada. Mas eu tenho grande parcela de culpa porque devido ao sono, não passei todas as informações a ele. Mas saiu tudo bem e ele se encontrou por lá, fazendo dezenas de fotos absurdas do nascer do sol…Pelo menos uma dúzia saiu de tirar o fôlego!
Começamos a subida as 09:05h, com calma, sem pressa, tínhamos o dia inteiro pela frente. Em somente uma hora chegamos ao cume da Pedra e pudemos comprovar o que me foi dito semanas antes: A vista da Pedra Furada é, sensacionalmente, a melhor vista do Parque Nacional do Itatiaia. Pelo menos essa é a minha opinião. Podíamos ver praticamente todas as principais montanhas do parque, dentre elas só não era visível o Prateleiras, porque tem altitude bem inferior ao Couto, ficando em linha reta exatamente atrás dele, estava bem escondido.
Não demoramos muito por lá, só uns quinze minutos, que foram suficientes para mais uma pancada de fotos. Eu e Edson descemos correndo pra que ele ficasse sobre a pedra do furo e eu fizesse algumas fotos pra ele. Rápido chegamos lá e nos separamos, eu fiquei na trilha bem afastado dele (uns 50 metros) e ele subiu a pedra. Fiz dez fotos em poses e enquadramentos diferentes, então todos nos alcançaram. Continuamos a descida e exatamente as 11:00h chegamos no Alsene.
Durante a descida tomamos a sábia e bem elaborada decisão de subir a montanha vizinha ao Alsene, já que do camping é possível ver 2 totens em seu cume, e acreditávamos ser o Morro do Massena. Por que não? Procuramos a trilha ao lado do camping e encontramos. Começamos a subir pouco antes de meio dia.
Incrível, montanha bonita, fácil, de altitude bem elevada para os padrões brasileiros (2.572 metros) e fácil. Só levamos 40 minutos para chegar ao cume e tirar fotos ao lado dos 2 totens enormes que lá estão. Tácio checou com o GPS e não era o Massena, mas mesmo assim foi uma subida agradável, fácil e muito gratificante!
Notamos que a montanha vizinha, que fica de frente pra portaria do parque, também tinha um totem. Tácio sugeriu “O que vocês acham da gente emburacar e atravessar esse vale até lá?”, todos topamos na mesma hora e começamos a descida pelas costas da montanha, perdendo a visão da estrada, do Alsene e do Camelo. A trilha é pouco batida o que demonstra que praticamente ninguém passa por ali, mas isso não é problema porque a vegetação é baixíssima, a orientação visual é possível a todo tempo.
Atravessamos o vale, demos a volta na montanha e quando começamos a subir, o GPS do Tácio confirmou que a montanha que estávamos subindo era o Morro do Massena! Que legal, outro cume visitado, já o terceiro do mesmo dia!
Chegamos no cume após 40 minutos, tempo da montanha vizinha até lá, e no meu suunto a altitude era de 2.600 metros cravados, no GPS do Tácio se não me engano marcou 2.607 metros. Confirmado, estávamos no cume do Morro do Massena! Mais algumas fotos ao lado do totem, finalmente fizemos uma todos juntos lá com a Serra Fina ao fundo, e a alegria foi geral (que final mais clichê he he he)!
Paulinha e Victor começaram a descida pela frente da montanha, sentido portaria do parque. Tacio, Edson e eu seguimos para o final do enorme campo de altitude poucos metros abaixo do cume do Massena, a intenção era fotografar o Agulhas de um ângulo que normalmente, poucas pessoas observam. Andamos cerca de 500 metros adiante e escolhemos o local para fotos. Que vista! Era possível ver o Maromba, a Pedra do Sino, a montanha sem nome que eu e Edson subimos ano passado, a Pedra do Altar, O Agulhas Negras e o Morro do Couto! Fizemos as fotos e rapidamente começamos a voltar.
Quando chegamos de volta ao cume do Massena não vimos mais a Paulinha e o Victor, já haviam descido a encosta da montanha. Procuramos por eles pelo mato e nada, até que o Tácio os viu na frente da portaria do parque. Então, descemos e em apenas dez minutos nos juntamos a eles.
Todos reunidos, começamos a descer para o Alsene, cortamos caminho pela trilha e já saímos na reta final da estrada. Ali, entramos no descampado na base esquerda do Camelo e subimos a montanha observando as vias de escalada, trocando idéias e fazendo mais fotos.
No cume do Camelo, sexta montanha do final de semana a 2.410 metros, mais algumas fotos foram tiradas e então descemos pela outra ponta da rocha, indo direto pro carro.
Era exatamente 15:00h quando entramos todos no carro e começamos a vir embora. É sempre triste pra mim deixar a montanha, em especial o Itatiaia. Em um curto espaço de tempo estive lá várias vezes, e me identifiquei muito com o lugar. Ir ao PNI me traz paz interior, realizações, memórias “inapagáveis” certamente mais palpáveis do que muitas que vivenciei durante minha vida pessoal.
Logo depois que saímos o Tácio entrou em um charco com o carro só pra dar uma emoção no retorno he he he. Engraçado, foi fazer isso, entrar em uma trilha, e vimos a farofada. Um grupo inteiro com carro estacionado no meio do mato, fazendo churrasco e fumando maconha. Que absurdo…Eu gostaria de ver como reagiriam drogados se o fogo saísse do controle e começasse uma desgraça ambiental ali…tsc tsc tsc…
O problema de muitas pessoas é achar que montanha e maconha estão intimamente ligadas, mas na verdade não passam de palavras com algumas vogais e consoantes em lugares parecidos. Enfim, não vou me alongar muito neste assunto…
De volta a estrada, paramos na garganta do registro para apreciação de um milho cozido, e compra de quitutes diversos. Comprei um novo pote da minha apreciadíssima pimenta de bico, e um pote de doce de leite com chocolate pra lili. Todo mundo comeu alguma coisa, comprou alguma coisa, e seguimos viagem.
Antes mesmo de irmos eu havia comentado com o Edson sobre alguns paredões alucinantes que podem ser vistos desta estrada que desce sentido Engenheiro Passos. Desta vez, com o tempo limpo, todos puderam ver do que eu falava. Mais ainda, um pouco mais abaixo na estrada nos deparamos com uma visão ainda melhor que eu não pude observar na ocasião anterior por conta de condições climáticas: O Morro do Couto e o Prateleiras vistos da estrada! Visão completamente inversa a que se tem andando pela estrada do parque rumo ao Abrigo Rebouças, e andando pela trilha do Prateleiras.
Nossa, muito lindos vistos da estrada! Encontramos alguns lugares estratégicos para bater mais fotos e lá se vão mais cliques em todas as máquinas. Fizemos isso várias vezes e enquanto durou a luz do sol no retorno a São Paulo.
Paramos em um caído de estrada para comer, que churrasco safado ahahahahahah, o cara só trazia borracha! Mas, como todo mundo estava esfomeado, era melhor aquilo a R$ 13,90 do que um miojão no fogareiro. Devoramos a comida e caímos novamente na estrada.
Por fim, Tácio deixou o Victor em casa primeiro, depois me deixou lá em casa com o Edson, e seguiu caminho pra sua casa. Eu e Edson tratamos de fazer backup das fotos um para o outro de nossas máquinas, nos despedimos e cada um seguiu seu rumo.
Mais uma vez, tudo correu extremamente bem e, melhor do que o esperado visto que os objetivos eram a Asa de Hermes, A Pedra Assentada e a Pedra Furada somente. Conseguimos mais dois cumes, Massena e a outra montanha, que descobri ser o Massena Noroeste, e ainda demos uma passeada pelo Camelo.
Parabéns a todos nós, e que da próxima vez sejam sete montanhas! Kkkkk