Por Julio Nogueira
Quero aproveitar a oportunidade deste espaço para divulgação de idéias e relatos com objetivo de lamentar por tudo que tenho visto e ouvido no montanhismo paranaense atual.
Não bastassem as picuínhas e lamúrias das discussões infundadas para enaltecer alguns egos mal resolvidos, agora temos que conviver com vandalismos e atos de terroristas moleques que estão freqüentando o morro do Anhangava.
Moro lá faz 20 anos e freqüento a serra desde 1974, já presenciei muita coisa boa e também ruim neste ambiente serrano. Aprendi a escalar com a escola tradicional paranaense e tive excelentes mestres que cultuavam não só o arrojo e desprendimento pelas aventuras mas, também, mantinham um conceito de Ser Montanhista, com valores éticos bem definidos.
Antes de ser um Montanhista somos pessoas e precisamos viver (conviver) em sociedade com respeito e dignidade (educação e urbanidade), mantendo a cabeça erguida vestimos nossas mochilas e partimos para a serra para desfrutarmos uma boa aventura nas montanhas.
O que tenho visto no morro do Anhangava tem sido condenável pela ignorância dos atos de pessoas desqualificadas e despreparadas para freqüentarem as unidades de conservação do nosso Estado. No passado eu já tinha tido noticias do roubo do cabo de aço na trilha que leva ao cume, grampos de escalada sabotados, depredação da capela no cume, incêndios florestais criminosos e gente passando o trator morro acima sem respeitar qualquer autoridade municipal, estadual e/ou federal, que deveria ter sido consultada.
Parece que o ego fala mais alto e qualquer um que se sente ofendido ou contrariado, vai lá e faz o que bem quer. De preferência algum ato que choque os demais freqüentadores, é como no transito onde algumas pessoas se acham donos da ruae saem atropelando as pessoas sem o mínimo de respeito.
Nos últimos 30 dias o Trailer do Instituto Ambiental do Paraná foi tombado duas vezes, a corrente que delimitava o espaço mínimo para eles poderem trabalharem, foi roubada. Como se não bastasse isto, o portão do meu estacionamento foi quebrado e grandes pedras foram atiradas para dentro da minha chácara, em atitude clara de uma tentativa de coação e ofensa.
Um dos meus mestres e amigo chamava-se Ervin Groeger, o Professor, para quem não sabe, ele é o patriarca do montanhismo paranaense e foi um dos introdutores da escalada técnica Brasileira no sul do estado na década de 40. Sempre rígido com seus conceitos, ele tinha uma opinião que fundamentava o perfil do verdadeiro montanhista: Austeridade, Hombridade e respeito pela Natureza.
Hoje em dia temos uma tecnologia avançada em materiais e equipamentos de escalada, contamos com academias e muros artificiais por todos os cantos além de catálogos, revistas e Internet, porém faltam HOMENS da Montanha, aqueles que sabem desfrutar o seu espaço e respeitam a Natureza e os demais freqüentadores da serra, sejam eles montanhistas ou não.
Sobre o meu portão, sem problemas, além do boletim de ocorrência na polícia, arrumo de novo como fiz muitas vezes que algum vândalo havia danificado alguma coisa em minha propriedade ou nos arredores do Parque da Baitaca, porém o mínimo de respeito deve ser dado ao IAP, Instituto ambiental Estadual que está lá para PROTEGER A NATUREZA, sentimento este que está acima de qualquer interesse pessoal. Portando, peço a colaboração de todos os MONTANHISTAS de verdade para não deixarmos a pragados pseudos praticarem seus atos de vandalismo na serra.
Morro do Anhangava, 18 de Setembro de 2009
Julio Nogueira Montanhista e Geógrafo