A Serra do Mar do Paraná sofre constantemente com a ação de extrativistas criminosos. São eles Palmiteiros, caçadores e lenhadores. Ontem foi desmantelada uma grande e influente quadrilha que comandava estes crimes ambientais, neste que é o último reduto de florestas do Leste do Estado. Muita gente importante foi presa.
Eles atuavam principalmente no Parque Estadual de Saint Hilaire, onde fica a “Torre da Prata” uma das mais altas e imponentes montanhas da Serra do Mar. Este parque há anos sofre da falta de infra-estrutura, sendo que o próprio AltaMontanha denunciou extração de madeira nobre no local no começo do ano, publicando uma matéria que desencadeou diversas outras denúncias nos meio de comunicação tradicionais.
Quadrilha influente
De acordo com o jornal Gazeta do Povo, ao todo, 19 mandados de prisão preventiva foram expedidos pela Justiça Federal, dos quais falta cumprir apenas um. Esse mandado era contra o vice-prefeito da cidade, José Ananias Santos Júnior. Entre os detidos estão o ex-prefeito José Ananias dos Santos, pai do vice-prefeito, o procurador-geral do município, Jean Colbert Dias, e o chefe da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), Mordecai Magalhães de Oliveira, além de Francisco Antônio de Oliveira, fiscal do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), e o sargento da Polícia Militar (PM) Valmir Santana Filho, que atua no Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde.
Foram presos ainda cinco proprietários de sítios da região e quatro funcionários da empresa de Santos, entre eles a filha do ex-prefeito. As prisões ocorreram nas cidades de Antonina, Morretes, Paranaguá e Guaratuba, municípios do litoral do Paraná, e em Guaramirim, em Santa Catarina. Um dos mandados de prisão ainda seria cumprido no estado de São Paulo, mas o alvo foi encontrado e detido em Antonina.
De acordo com o delegado-chefe da PF em Paranaguá, Jorge Luís Fayad Nazário, o mentor do esquema era o ex-prefeito José Ananias dos Santos. Segundo Nazário, Santos é proprietário de uma empresa produtora de palmitos e, por meio da quadrilha, dava caráter legal para as extrações da espécie vegetal ameaçada de extinção. “Se parasse (em uma fiscalização) os fiscais iriam achar que era legal, ele andava com nota fiscal e autorização de corte”, diz o delegado.
Ainda segundo a PF, o procurador-geral do município entrava no esquema orientando os demais integrantes sobre como agir e o que dizer à polícia durante uma abordagem. “Ele estava dando assessoria jurídica para o grupo”, define Nazário. Já o chefe da Ciretran, sob solicitação de Santos, teria a função de conferir a propriedade de qualquer carro da cidade para descobrir se o veículo pertencia à PF, de modo a despistar uma possível fiscalização. Conforme apontam as investigações, o produto era vendido nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
As investigações começaram no início do ano, após uma prisão em flagrante de pessoas envolvidas na quadrilha que atuavam no Parque Nacional Sait Hilaire. Ao todo, 100 policiais federais participam da Operação Juçara, como foi batizada a ação desta terça, que conta ainda com a policiais militares e servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Além das prisões, foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão, que resultaram no recolhimento de notas fiscais, documentos e uma pequena quantidade de palmito.
Segundo a PF, os presos serão autuados por crime ambiental e formação de quadrilha. Seis deles, que têm formação superior ou são funcionários públicos, serão transferidos para Curitiba, enquanto os demais devem ficar detidos em delegacias de Morretes, Antonina e Paranaguá. Os ocupantes de cargo público responderão ainda por crime contra a administração.
Sete das 18 pessoas que foram presas foram levadas para Curitiba. Os demais foram transferidos para Paranaguá, Antonina e Morretes.
A Serra do Mar está a salvo?
Tombada como patrimônio paisagístico, a Serra do Mar ainda não está a salvo de crimes ambientais. Além dos extrativistas que agem clandestinamente escondidos nas florestas, há ainda projetos governamentais que podem ocasionar a total ruptura do equilíbrio ecológico da região, dentre eles, não podemos deixar de citar o projeto da construção da rodovia BR 101 no Paraná.
O projeto desta rodovia consiste em ligar a cidade de Garuva (SC) até a rodovia Régis Bittencourt (BR 116), na altura do Bairro Jaguatirica em Campina Grande do Sul, nas proximidades da represa do Capivari. O traçado planejado da rodovia irá descer pelas encostas orientais da Serra do Capivari, alcançando a baixada nas proximidades do Bairro Alto de Antonina, aos pés do Pico Paraná, para de lá passar por Morretes e atravessando a Serra das Canasvieiras, transpor a montante da Baía de Guaratuba para enfim chegar à Santa Catarina.
Este é um projeto caro que apenas acarretará na construção de uma estrada que é paralela à outra existente, já que o mesmo acesso pode ser feito pelo planalto via Anel Viário de Curitiba e BR 376. Entretanto o mais caro é o custo ambiental, pois tal estrada estaria cortando os remanescentes da Floresta Atlântica ao meio e permitindo o acesso à região que pode ficar vulnerável à especulação imobiliária.
As fotos que ilustram esta matéria evidenciam que o círculo econômico ilegal e predatório que existe na Serra do mar é muito mais diversificado do que só extração de Palmito.Outras atividades econômicas como o turismo, poderiam gerar emprego e renda às pessoas mais pobres e crimes que colocam em risco as características genéticas de nossas paisagens não estaríam ocorrendo se em nossas matas e montanhas houvessem mais frequentadores com outras intenções.
Fonte: Gazeta do Povo
Veja mais:
:: A Amazônia é aqui!
:: Força Verde Mira nos estrativistas da Serra do Mar