Na mata fechada, o grupo fez uma clareira e construiu três casas, com lona e madeira. Quem fala pela tribo é Felix Karaí, uma espécie de líder. Sobre a chegada ao Caparaó, o índio conta que o grupo buscava uma terra melhor para plantar. Já conhecíamos o lugar, melhor do que onde estávamos. Aqui, a terra é boa, tem muita água e, o melhor, fica longe da cidade. Fomos enganados, porque achamos que essa terra tinha um dono, e esse dono nos ofereceu o lugar.
Félix e os outros 27 indígenas saíram da Aldeia Boa Esperança. Chegamos de ônibus. Gastamos R$ 1.700,00 para o transporte, afirma ele. O pajé Tupã Guaraí, que em português é chamado de Jonas, conta que o Caparaó foi indicado a eles por Deus, daí a decisão de sair da antiga aldeia. Deus mostrou que a gente precisava ficar perto da Montanha Sagrada e da mata.
No início da semana passada, a tribo recebeu a visita do administrador do Parque Nacional do Caparaó, Waldomiro de Paula Lopes. Ele informou que os índios não poderiam ficar nas terras federais, já que a área é considerada uma das mais importantes áreas de preservação da Mata Atlântica do país. Junto de representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio), ficou decidido que a tribo retornaria para Aracruz.
Estamos tristes de ter que ir embora, porque queríamos formar aqui a nossa aldeia. Lá, onde vivemos sempre falta água e a terra não é tão boa. Precisamos da terra para viver e continuar a tradição dos nossos antepassados, frisa Felix.
Alimentos não eram suficientes
Para se instalarem na mata, os índios abriram uma grande clareira na floresta, algumas vegetações foram queimadas. No local, foram plantados milho e feijão, cujos brotos ainda estão bem pequenos. A alimentação era pouca para todos da comunidade, há dias que eles nem almoçavam.
Começamos a plantar, mas nem sabíamos se podíamos ficar aqui. É difícil continuar, mas olhe só, (mostrando a pequena plantação) pelo pouco tempo, já existem brotos. Isso é um sinal de que a terra aqui é muito boa, relata a índia Maria Helena Brisuela.
Era do artesanato feito de taquara e madeira que os índios estavam vivendo. Com o material, eles fazem cestas, objetos da cultura indígena e réplicas de animais selvagens. Tudo o que produzem levam para a cidade para fazer o comércio.
Venda
Chegamos aqui, mas a venda ainda está muito fraca e está mesmo difícil para comprar alimentos. Estamos tentando manter a aldeia unida, mas, mesmo com todas essas dificuldades, estamos felizes aqui, afirma Cristina de Oliveira, de 66 anos, a mais velha da tribo. Os indígenas garantiram que não estavam se alimentando de animais silvestres.
Fonte: A Gazeta